quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aniversário de baptismo

Hoje é o dia em que fui baptizado em criança. Ao contrário do dia de aniversário civil, dou mais importância a este. E assinalo-o aqui.

Para um cristão o dia do seu baptizado tem um significado muito importante. É momento em que o pecado original desaparece da sua existência e entra definitivamente na filiação divina. Entra numa família muito alargada. Passa a fazer parte de pleno direito do Reino de Deus, do Corpo Místico. Fica marcado espiritualmente com o sangue do Cordeiro.

Desde esse dia que está na caminho iniciado por Jesus, segue-O. Foi iniciado nele. Pelo caminho fará escolhas, mas a semente está lá. Se vejo no baptismo motivos para felicidade e festejo (eu que não gosto de festas), compreende-se a minha tristeza quando vejo este pequeno passo rejeitado ou empurrado para um futuro incerto indelevelmente marcado pela opção presente.

Quando alguém delega no filho a decisão de passar por essa porta o que está a fazer é a fechar-lhe essa porta. No futuro pensará se os meus pais não me iniciaram é porque não acharam que era assim tão importante. Os pais ao não baptizarem os filhos estão a negar-se, mesmo sem querer e por boa intenções, a Deus. Estão a dizer que Deus não tem lugar na sua vida. Mesmo se não frequentassem a igreja, Deus estava presente naquela família também através daquela(s) criança(s).

Se eu acho que o matrimónio devia ser bem mais trabalhado, o baptismo devia ser facilitado. No Algarve, na zona por onde costumo andar, é regra que só os casais casados pela Igreja ou os que não possam por serem recasados é que podem baptizar os filhos. Aqueles que optam por não casar têm dificuldades e acabam por não o fazer.

Por isso hoje festejo discretamente, como é meu estilo, o meu aniversário de baptismo. E até tive muita sorte por calhar neste dia, festa do nascimento de Nossa Senhora. Belo dia e cheio de significado. O início da História da Encarnação. Deus e a humanidade percorreram um longo caminho de aproximação e com um acto de abandono ao Amor de Deus a humanidade começou a fundir-se com Deus. O Baptismo representa a nível individual isso mesmo a fusão do ser humano com Deus.

3 comentários:

Cristina Torrão disse...

Eu não sou casada pela igreja, pelo simples facto de ser católica e o meu marido (alemão) protestante. Como era complicado, desistimos do casamento religioso e limitámo-nos ao civil.

Há quatro anos, vi-me impedida de ser madrinha de um sobrinho por não ser casada pela igreja!!!

"Aqueles que optam por não casar têm dificuldades e acabam por não o fazer". Com esta falta de flexibilidade, a Igreja Católica não estará a afugentar as pessoas? Eu sei que é uma questão muito polémica, mas este tipo de problemas deveriam ser repensados.

jota disse...

No Algarve, na zona de Lagos, é dessa maneira. Já aqui em Lisboa é diferente. Conheço um casal que não casaram e têm os filhos baptizados. Não é o ideal, mas ao menos as crianças estão baptizadas.

O dilema da Igreja parece ser o seguinte: mantêm-se fiel de forma férrea aos seus princípios ou procurar aumentar o nº de membros.

Eu gostaria que a Igreja tivesse a imagem de porto seguro e não de pregadora de regras e leis rígidas.

Este é um assunto que me tem acompanhado muito e ainda não cheguei a uma conclusão definitiva.

Cristina Torrão disse...

Sim, é realmente um dilema.

Admito que não é fácil nos dias de hoje manter uma "imagem de porto seguro" e, ao mesmo tempo, não abdicar de princípios milenares, que pouca gente entende (ou se esforça por entender).