quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Para fugir à depressão ouço música de um gajo bem mais deprimido do que eu e que transformou em arte a depressão

Com este enorme título apresento uma música que tenho ouvido muito nestes dias.




O meu apreço pelos Eels vem desde a minha década, a de noventa. Olhando para o vocalista dá para perceber que ele vive uma realidade diferente. Pelo que sei por altura do início da carreira a vida dele passou por várias tragédias e ele elevou a depressão a uma forma de arte. Cada um lida com a tristeza da sua forma.

Gosto bastante do tema que o lançou: novocaine for the soul. Aqui fica a versão original




Comparando com a versão ao vivo é bem mais limpinha e bem-comportada. Aqui fica uma versão ao vivo.



É curioso notar que ao longo dos anos ele tem aumentado o tamanho da barba. Agora mete impressão.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

David Bowie - Little Wonder

Quando não tenho nada para dizer, dou música. Há dias falei da electrónica drogada dos anos noventa. Este vídeo é uma boa introdução.
Mistura muito bem a electrónica com o rock, traz para o formato canção os ritmos do drum 'n base.

Este é outra música do mesmo disco. É a minha preferida. Tenho pena de não haver um vídeo oficial, aqui fica uma actuação ao vivo.


domingo, 26 de setembro de 2010

Vigésimo Sexto Domingo do Tempo Comum – Ano C

Neste domingo as leituras continuam a tratar da nossa relação com os bens e com os outros. É por mais evidente a mensagem que devemos ser mais justos no uso dos bens. Devemos viver sob o signo do amor, da caridade (que são sinónimos), da justiça, da busca pela paz e do Espírito de Deus.

A parábola do Evangelho de hoje fala disso, mas fala de mais coisas. Um pormenor interessante é que o pobre tem nome, Lázaro, já o rico é anónimo. Não deve ter sido por acaso que Jesus omitiu esse pormenor. É ao contrário do que acontece no nosso mundo de hoje e pelos visto de sempre. Os Filhos de Deus são conhecidos pelo seu próprio nome. São pessoas completas, inteiras, sem recantos escuros. Por isso o que verdadeiramente interessa é sermos conhecidos por Deus e não pelo mundo.

Outro pormenor interessante é a frase final de Abraão. Ele diz que mesmo se alguém ressuscitasse dos mortos, quem não segue Moisés e os profetas não mudaria de vida. Numa primeira leitura isto era dirigido especificamente para os dirigentes judeus que rejeitaram Jesus, mesmo depois da Sua ressurreição. Porque? Porque estavam tão cheios de si que não tinham espaço na sua vida para a novidade que Jesus representava. Novidade essa que para quem conhecia as escrituras não era mais que a confirmação do que fora anunciado.

Numa outra leitura esta afirmação na boca de Abraão significa que o Antigo Testamento confirma-se no Novo e que este completa aquele. Há uma unidade em toda a Bíblia difícil de não reconhecer. Quem ler com atenção os vários livros do Antigo Testamento vai encontrar grande parte da mensagem de Jesus. E Jesus dá uma dimensão mais profunda ao que foi dito antes. Não veio anular os mandamentos, mas dar-lhes mais profundidade e condições para os cumprimos.

sábado, 25 de setembro de 2010

Os meus gostos musicais

Hoje ouvi pela primeira vez esta música, na Rádio Radar. E percebi uma coisa: porquê que não sou apreciador de certos músicos ou bandas, gente de valor, apreciada por uma grande quantidade de... já se vê... gente.

Tenho dito, não sei se aqui, que gosto de música que me emocione e só depois é que ligo à letra, quando chego sequer chego a ela. Ao ouvir esta música e a explicação dada por quem a escolheu, sei que os Divine Comedy são do género que não me cativa, percebi porque não me cativa. Esta é uma música que conta uma história, tal como a maioria desta banda, e se a ouvirem vão notar que não dá para cantar ao mesmo tempo que a ouvimos. Não dá para fazer parte dela, trauteá-la, ou no meu caso imaginar que estou a tocá-la num palco (já que não encontro talento musical em mim, imagino-me autor das músicas que gosto).

Sou da geração grunge, geração X, do rock sujo, da electrónica drogada, do hip hop, que desagua no post-rock. Escritores de canções e trovadores não são a minha onda. Uma boa letra tem que deixar espaço para o ouvinte participar, aprender o refrão, tem que o ter. Por isso Jeff Buckley, Tindersticks, dEUS, Divine Comedy, Pedro Abrunhosa mais recente, Tiago Bettencourt, Fernando Tordo, Leonard Cohen e muitos, muitos mais, não me cativam, talvez uma música ou outra, mas...

Black Angels - Telephone

Apesar no nome da banda, Black Angels, esta música até que está fresquinha, para uma sonoridade muito anos sessenta, não é?

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

E agora algo diferente...

... do que costumo apresentar. Descobri este vídeo por acaso. Estava neste blog.

Não sei nada deste jogo, mas ao que parece isto equivale a uma goleada ou a um record do mundo de atletismo. Acho eu...


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Escrevo só para lembrar que já saiu mais um capítulo da grandiosa Silveira.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Comando

Neste início de semana apresento-vos o mais recente filme da produtora algarvia New Light Pictures, chama-se Comando. É admirável como com quase nada conseguem fazer um filme destes. Vale a pena ver.


COMANDO from FaiscaFilms on Vimeo.

Aqui fica o making of


domingo, 19 de setembro de 2010

Vigésimo Quinto Domingo do Tempo Comum – Ano C

As leituras de hoje não são fáceis, sobretudo o Evangelho. Felizmente o meu pároco iluminou-nos o suficiente para não ficarmos muito confusos.

Na primeira leitura o profeta Amós ataca os poderosos e ricos que exploram o próximo para seu próprio proveito. Enganam, roubam, exploram, escravizam, usam os outros para seu próprio proveito. Mas por mais que ocultem os seus actos, a Deus nada podem esconder.

São Paulo, na segunda leitura, estimula Timóteo a cultivar uma atitude de oração e abertura de coração para com todos, incluindo as autoridades. Devemos pedir a Deus por todos, sobretudo por aqueles que têm o poder de nos dificultar a vida. Quem tem uma vida difícil tem mais dificuldade em estar totalmente aberto a Deus. O Senhor quer que sejamos felizes já nesta vida e para sê-lo é necessário o mínimo de condições, de disposição e bem-estar. Com esse mínimo é mais fácil compreender que o que nos salva é Deus, o Seu amor por nós e a Sua misericórdia.

No Evangelho, Jesus apresenta uma parábola paradoxal. Um administrador infiel acaba por ser apreciado pelo seu senhor por ter usado de astúcia nos negócios. O administrador poupou parte da dívida que os devedores aos seu senhor tinham, caindo assim nas boas graças deles tendo em vista o previsível despedimento. O que Jesus quis dizer com isto?

No final do texto Jesus diz que não podemos servir a dois senhores. No caso do administrador existiam dois senhores? Sim. Um era o dono dos bens que ele administrava e o outro a ganância do administrador. A ganância fazia com que ele acrescentasse uma taxa ou comissão às dívidas ao seu senhor. Assim os descontos que ele fez foram na realidade a retirada desse acrescento. Na defraudou o senhor e ganhou a gratidão dos devedores.

Não nos esqueçamos que Jesus falava em primeiro lugar para os fariseus e poderosos da época. Eles lucravam imenso com o culto no Templo. Jesus apela para se lembrarem que virão dias em que o lucro que conta é o que amealham junto de Deus. O administrador tinha o seu coração fechado no seu próprio interesse, ao retirar das dívidas a sua comissão abriu-se à relação.

Esta parábola pode assim dirigir-se a nós também. Devemos abrir o nosso coração à relação com os outros. Devemos desistir de cobrar comissões nas nossas relações, devemos ser gratuitos tal como Deus é connosco. Vivendo relações com simplicidade e gratuitidade estamos a administrar bem os bens do Senhor.
P.S. - Uma nota só para comemorar a quingentésima mensagem deste blog. Em menos de dois anos é obra. Obrigado a todos os que têm visitado e comentado.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Inauguração do novo blog

Atenção! Atenção!
Já podem visitar a minha nova colónia, Silveira de seu nome. Todas as terças e sextas serão publicados novos capítulos.
Vão lá! Ide! Ide!
Silveira é o nome de uma cidade clandestina e secreta à beira do rio Sado. A história passa-se nesta cidade sonhada por um aventureiro alentejando, Teotónio da Silva, que viveu no século passado entre os Estados Unidos e Portugal. Trouxe para cá o estilo de vida americano e criou Silveira.
Durante a história vamos acompanhar um grupo de jovens e as suas aventuras. Haverá mistério, aventura e, espero eu, alguma boa disposição.
Ide! Ide!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Novidade fresquinha

Tenho o prazer de vos anunciar o alargamento deste Reino. Estou a preparar anexação de uma nova colónia.

Na publicação de ontem deixei propositadamente de fora um blog que descobri no final de Julho. O meu novo blog recebeu dele o incentivo necessário de coragem para o concretizar.

Tinha a ideia que fazer algo do género há um ano. Nessa altura descobri o blog Última Transmissão Humana. Fiquei com vontade de pegar no conceito, mas faltou-me a coragem.

Em Julho descobri este: Cloning Adolf, através de um programa de rádio do Pedro Rolo Duarte. A história do Cloning está gira e vale a pena seguir.

E decidi abrir um blog onde apresento uma história em episódios. Só entro nesta aventura porque a história já estava começada há uns anos. É um projecto que comecei durante uma crise de criatividade de outro, mas assim que passou, ficou na gaveta. É ideal para um blog porque é composta, a história claro, por pequeno capítulos comparando com o que normalmente escrevo.

Assim sendo, amanhã publico o primeiro capítulo. Espero que gostem.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Arrumar a casa

Nesta fronteira entre o Verão e o Outono há que fazer arrumações e limpezas. O Reino vai fazer algumas. Vou acrescentar alguns blogs que descobri e sigo.

A nível da religião descobri os seguintes:

Retalhos da vida de um padre – Blog de um frade dominicano muito interessante nos temas e no estilo que os aborda. Actualmente está em Itália no Capítulo Geral da Ordem e vai fazendo o relato. Muito interessante.

O sofrologista católico – Neste blog o ser humano é olhado como um todo. Um corpo são, ajuda a manter a mente sã e ambos são imprescindíveis para um fé saudável. Pequenos textos que dão dicas para uma melhor saúde física, mental e espiritual.

Por uma cultura de comunhão – Um cientista que aborda a fé e a ciência como matérias que não se opõem.


A nível geral descobri estes:

Terra dos Espantos, O biologo amador, O botânico aprendiz na terra dos espantos e Terra das aves são blogs do mesmo autor. No primeiro trata da actualidade, nos outros como os próprios nomes indicam tratam da biologia no geral e em partes de interesse particular.

Dias com árvores - Ainda na linha da botânica, este blog está muito bem escrito. Explica de uma forma literária as espécies de plantas que apresenta. Foi através dele que descobri a Terra dos Espantos e associados.

Psst... ó menina - Blog alimentado por uma empregada de mesa de um restaurante com histórias ineressantes e bem-humoradas.

Oh... pirussas - Blog de um empregado de loja groumet, acho eu inspirado pelo blog anterior, com graça e interesse.

New Light Pictures - Já falei deste blog aqui, é daquele grupo de cineastas algravios. No blog estão alguns dos filmes feitos por eles. Vale a pena acompanhar por causa da paixão com que se entregam aos projectos.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ainda nesta época de regresso à escola

Outra memória que esta época me invoca é a importância dada por mim à mudança na grelha da programação da televisão. Era normalmente quando começavam as aulas, e no meu tempo era sensivelmente mais tarde, lá perto de Outubro. A RTP mudava sempre de grelha nesse altura. Mudava o grafismo, alguns horários de programas, começavam programas novos, por vezes telenovelas. Havia sempre uma festa de apresentação. Os dias anoiteciam mais cedo e a televisão convidava a ficar em casa.

Agora é diferente. Há as privadas. Já não há uma mudança tão marcante na grelha. Vamos ter o que já tivemos antes. Poucas novidades.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Época de regresso à escola

Esta época de regresso de férias escolares faz-me lembrar uma realidade que vivi e que julgo já não existir. No meu tempo de estudante era tradição lá em casa irmos comprar os livros escolares a uma livraria na rua Barros Queirós, que fica entre o Martin Moniz e o Rossio. Depois dessa livraria acabar, íamos a uma na rua da Madalena. A norma era haver bichas para comprar os livros. E não é que recordo com saudade esses momentos de espera? Havia uma expectativa, uma curiosidade que me motivava. Como seriam os novos livros? O que é que eu iria aprender? Não descansava enquanto não folheava-os. O mais engraçado, agora que olha para trás, é que chegadas as aulas os livros perdiam todo o interesse. Nos últimos anos de escola a magia acabou, o meu pai encomendava os livros no sindicato. Tal como agora acontece, a maioria das pessoas encomendam os livros em algumas lojas e acabaram-se as bichas.

domingo, 12 de setembro de 2010

Vigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum – Ano C

As leituras de hoje falam-nos da Misericórdia de Deus, de como Ele nos vê e nos quer. Logo na primeira leitura vê-se Deus magoado com o povo que acabara de tirar do Egipto. Rapidamente este esquecera aquele prodígio e procurava deuses mais imediatos. Moisés intercede pelo povo e admiravelmente abdica de ser o fundador de uma nação. Deus sempre perdoará a humanidade por causa do Amor que sente por ela.

Qual deverá ser a nossa atitude perante semelhante Amor? Como São Paulo diz na segunda leitura, deverá ser com humildade. Devemos tomar consciência que Deus ama-nos por nós próprios e não por qualquer qualidade especial ou mérito. Nada merecemos, pois continuamos como o povo da primeira leitura, procuramos sempre um deus mais fácil, mais rápido, mais à nossa semelhança.

No Evangelho Jesus atrai a si a escória da sociedade. É criticado pelos cidadãos honrados do tempo. Pela classe média e classe alta da época. Eles os cumpridores da Lei não compreendiam como é que Jesus, reconhecidamente um Homem de Deus, podia macular-se com os impuros. Como resposta a isso Jesus narra as três parábolas da Misericordia.

Não há justos e pecadores. Só há pecadores e quem se achar mais justo, mais santo, então é o mais pecador. Ilude-se. Jesus conta que Deus está sempre pronto para perdoar, que está sempre à nossa procura, numa busca sem fim por uma maior e mais profunda comunhão, união. A alegria do encontro faz esquecer a ofensa, a mágoa, o pecado.

Na parte final da parábola dos dois irmãos, é indicada a forma de nos comportarmos com os nossos irmãos que mais recentemente se juntaram a nós. Quem se esforça por aumentar a comunhão com Deus deve partilhar o sentimento de alegria pela conversão de uma irmão perdido. Mais. Deverá estar como Deus à procura da ovelha e da dracma perdidas. Porque ser o filho fiel é ser parte de Deus, é ser o Pai para todos os outros seres humanos.

É isso que fazemos?
Como reagimos perante os irmãos afastados de nós, de Deus?
Procuramos por ovelhas perdidas?
Varremos a nossas casas para descobrir a dracma perdida na nossa família, circulo de amigos, conhecidos?
E como reagimos perante os excluidos da sociedade?
Criminosos, mendigos, dependentes de vícios, todos os que nos incomodam?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Viagens de comboio III

Viajar de comboio permite uma maior liberdade de movimentação. Podemos ir à casa de banho. Podemos esticar as pernas levantando-nos. Podemos ir à carruagem onde está o bar. Podemos ir deitados se houver espaço. Podemos levar um computador portátil e usá-lo nas mesas ou nas prateleiras amovíveis.

Existe um mundo de possibilidades de se conhecerem pessoas. Já apanhei famílias de regresso ou a ir de férias como nós. Pessoas sozinhas. Casais. Pessoas que iam para o funeral de algum familiar. Pessoas que iam visitar filhos, pais, amigos. Pessoas que passam uma parte da semana numa terra e a restante na outra.

Fui uma vez a conversar com uma brasileira (sim, muito de vez em quando lá consigo socializar, mas desta vez foi porque a minha mãe começou a falar com ela primeiro) que trabalhava uma parte da semana na região de Lisboa e ia regressa para o Algarve onde estava o marido e o filho.

Regressámos uma vez a Lisboa na companhia de um senhor aficionado pela filatelia e numismática. A conversa não pôde ser continua porque o meu pai estava num dia mau e começava a implicar com o homem.

Apanhámos uma mãe e filho dos Açores que vieram às olimpiadas da matemática no Algarve.

Apanhámos muitos estrangeiros de diversas nacionalidades e alimentações diferentes.

Fosse eu mais sociável e teria muitas mais histórias para contar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Viagens de comboio II

Uma das viagens mais assustadoras que tive foi há muitos anos, quando ainda o comboio separava-se em Tunes. Havia muita gente nas carruagens para Lagos e por isso fomos para as outras carruagens. Lá conseguimos lugares. Do outro lado do corredor ia uma grupo de rapazes, tropas, talvez, já não me lembro bem. O que me ficou na memória foi o terror que esse rapazes me causaram. Durante a viagem fumaram algo que os meus pais sussurravam ser droga (charro ou erva). Tive medo que a droga lhes dessa para nos fazerem mal. Vi passarem o cigarro de mão e mão. Em criança tive uma educação muito anti-drogas e tabaco. As coisas que eu lia nos livros escolares também vieram reforçar esse medo. Como eu não compreendia o que estava a passar-se tive medo.

Uma viagem dessas da meia noite foi o prenúncio de algo que iria mudar a nossa vida familiar. O meu pai costumava comprar azeite num lagar nos arredores de Lisboa. Era o único azeite que gostava. Por isso quando íamos de férias levávamos desse azeite. Durante uma época larga o meu avô paterno passava um mês na nossa casa a cada quatro meses. Íamos para o Algarve para levá-lo ao filho seguinte e começarmos as férias. O meu avô já na casa dos noventa anos era brincalhão. Teve a infeliz ideia de tomar o peso de um saco onde ia o garrafão de plástico com o azeite. Deixou-o cair e partiu o garrafão espalhando o azeite pelo chão da carruagem. Uma vergonha e medo de multa. Uns turistas que viajavam deitados no chão dentro de sacos cama, como era habitual ver, tiveram que levantar-se. O cheiro a azeite dominava. Ora superstição ou não o que é certo nessas férias várias contrariedades aconteceram incluindo o quase afogamento do meu pai na Meia Praia, que ditou o fim os meus tempos de banhista (história para outro texto).

Bem mais recente foi a vez em que em Tunes o meu pai quis ir à casa de banho. O comboio por vezes demorava (de ano para ano os horário mudam e muitas vezes não é acautelado o tempo entre um e outro comboio) e naquele dia o horário dizia que tínhamos que esperar uns trinta minutos. No estado em que o meu pai está não convém fazê-lo esperar muito. Por isso lá fui com ele à casa de banho. O problema foi que eu não sabia como funcionam as casas de banho em que se mete uma moeda para entrar. Aproveitei que estava a sair um homem e fiz o meu pai entrar na expectativa de manter a porta aberta. Eu cheguei a pôr a moeda. Mal o meu pai entrou a porta fechou-se e iniciou-se a lavagem automática da casa de banho. O meu pai começou aos gritos lá dentro. Eu cá fora não conseguia abrir a porta. Percebi o que estava a acontecer. Tive medo que algum químico para limpeza lhe fizesse mal. No fim o resultado foi mais benigno, o meu pai ficou com as calças dos bolsos para baixo molhadas, mas não muito. E jurei para nunca mais usar destas casas de banho.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aniversário de baptismo

Hoje é o dia em que fui baptizado em criança. Ao contrário do dia de aniversário civil, dou mais importância a este. E assinalo-o aqui.

Para um cristão o dia do seu baptizado tem um significado muito importante. É momento em que o pecado original desaparece da sua existência e entra definitivamente na filiação divina. Entra numa família muito alargada. Passa a fazer parte de pleno direito do Reino de Deus, do Corpo Místico. Fica marcado espiritualmente com o sangue do Cordeiro.

Desde esse dia que está na caminho iniciado por Jesus, segue-O. Foi iniciado nele. Pelo caminho fará escolhas, mas a semente está lá. Se vejo no baptismo motivos para felicidade e festejo (eu que não gosto de festas), compreende-se a minha tristeza quando vejo este pequeno passo rejeitado ou empurrado para um futuro incerto indelevelmente marcado pela opção presente.

Quando alguém delega no filho a decisão de passar por essa porta o que está a fazer é a fechar-lhe essa porta. No futuro pensará se os meus pais não me iniciaram é porque não acharam que era assim tão importante. Os pais ao não baptizarem os filhos estão a negar-se, mesmo sem querer e por boa intenções, a Deus. Estão a dizer que Deus não tem lugar na sua vida. Mesmo se não frequentassem a igreja, Deus estava presente naquela família também através daquela(s) criança(s).

Se eu acho que o matrimónio devia ser bem mais trabalhado, o baptismo devia ser facilitado. No Algarve, na zona por onde costumo andar, é regra que só os casais casados pela Igreja ou os que não possam por serem recasados é que podem baptizar os filhos. Aqueles que optam por não casar têm dificuldades e acabam por não o fazer.

Por isso hoje festejo discretamente, como é meu estilo, o meu aniversário de baptismo. E até tive muita sorte por calhar neste dia, festa do nascimento de Nossa Senhora. Belo dia e cheio de significado. O início da História da Encarnação. Deus e a humanidade percorreram um longo caminho de aproximação e com um acto de abandono ao Amor de Deus a humanidade começou a fundir-se com Deus. O Baptismo representa a nível individual isso mesmo a fusão do ser humano com Deus.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Viagens de comboio I

Por falar em viagens de comboio (ver publicação anterior) lembrei-me de contar algumas histórias da minha vida de viajante neste meio de transporte.

Como cá em casa não somos automobilizados a única forma de ir à terra do meu pai é de transporte públicos. Comboio e camioneta. Até vir o nosso gato para cá ainda usávamos as camionetas Expresso com alguma frequência, principalmente quando eu era pequeno. Mas o comboio teve sempre a nossa preferência.

Viajamos para o Algarve desde o início da década de oitenta. Nessa época tínhamos que apanhar o barco para o Barreiro. Não havia comboio na ponte 25 de Abril. Fizemos muitas vezes a viagem para baixo no comboio da meia-noite. Levávamos a noite toda de viagem. Por volta das sete horas estávamos em Lagos. Quase todos os passageiros aproveitavam para dormir. Se não houvesse muita gente, podíamos ir deitados. Não era como dormir na nossa cama, mas tinha que servir.

Até à invenção dos Intercidades os comboios para o Algarve saíam do Barreiro com duas a três carruagens na retaguarda que seguiam para Lagos. A separação da composição dava-se em Tunes. Havia uma locomotiva à espera para nos levar para o barlavento. Actualmente para seguirmos para Lagos temos que sair em Tunes e esperar ou apanhar o comboio que nos levará.

Com o meu pai limitado com está é motivo de preocupações esta mudança de comboio. No ano passado tivemos uma surpresa desagradável chegados a Tunes. O comboio que nos levaria para o destino estava numa linha que obrigou toda a gente a subir à passagem superior. Com bagagens, com a preocupação de não fazer esperar o comboio por nós, com a incapacidade da minha mãe para andar de elevador sozinha, apanhei uma carga de nervos que causou-me uma boa dor de cabeça. Barafustámos com o revisor. Neste anos íamos mentalizados para passar pelo mesmo, mas para nossa surpresa não foi preciso. Foi só sair do Alfa e atravessar a plataforma para apanhar o outro comboio.

Nas viagens de comboios já nos aconteceu de tudo um pouco. Viajarmos juntos com poucas pessoas na carruagem. Viajar juntos com a carruagem cheia. Viajar separados, levando eu o cesto do gato nas minhas pernas. Viajarmos de costas, para mim é habitual já que prefiro que os meus pais sigam de frente.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mentalidade de segunda classe

Desta vez quando fomos para o Algarve optámos que ir no comboio Alfa Pendular. Ele parte do Oriente à oito e quarenta enquanto que o Intercidades parte à dez e vinte. Assim a chegada a Lagos seria por volta do meio-dia e meia. Bem mais cedo que outra opção.

Por isso fomos no Alfa. Ora uma advertência para quem queira andar de comboio em Agosto para o Algarve: arrisca-se a não ter bilhete. Quando cheguei à bilheteira já não havia bilhetes para a classe turística (segunda classe no outros comboios). Lá tive que ir na classe conforto.

Esta foi a segunda vez que andei no Alfa. Da primeira viemos do Porto e foi em classe turística. Viajar na conforto foi uma experiência algo humilhante para mim. Porquê? Porque sou muito tímido e não tive coragem para fazer perguntas. A classe conforto caracteriza-se pelo conforto das instalações, mas também pela atenção prestada pelos comissários de bordo aos passageiros. Bem os vi a distribuir jornais e revistas, café e água. Perguntaram se queríamos o pequeno-almoço. E onde está a humilhação? Na minha vergonha em perguntar se aquilo tudo estava incluído no bilhete, bem puxado por sinal, ou era pago à parte.

Pelo que percebi por ver as outras pessoas, acho que era de graça. Podia ter bebido um descafeinado se houvesse e ter escolhido uma revista para minha mãe e um jornal para mim (apesar de não ser apreciado de jornais).

Não sou uma pessoa ousada. Tenho mentalidade de viajante de segunda classe em nada é de graça e se desconfia quando alguém dá alguma coisa. Esta timidez dá cabo de mim...

domingo, 5 de setembro de 2010

Vigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum – Ano C

As leituras de hoje desafiam-nos a tomar uma atitude. Ser discípulo de Jesus não é uma “actividade” passiva. Ser cristão não é coisa para pessoas instaladas, confortáveis nas suas vidas. Ser cristão é ser inquieto. É nunca ter a certeza da bondade das suas acções por se saber egoísta desde a pele ao genoma.

No Evangelho de hoje Jesus desengana todos os que O acompanham para Jerusalém e a nós que O escutamos hoje. De uma forma nova e directa lembra o primeiro mandamento: amar a Deus acima de tudo. Deus tem que estar em primeiro lugar nas nossas prioridades. Se a família nos afasta de Deus, devemos pôr Deus em primeiro lugar em detrimento deles. Isso não quer dizer se deve abandonar a família, mas será necessário lutar para ser aceite como discípulo de Jesus. A um nível prático e a título de exemplo: se a família arranjar ocupações para os domingos de modo que não se pode ir à missa, procurar ir no sábado à tarde. Num caso extremo ir durante a semana, pedir ajudar ao pároco, etc.

Ser discípulo de Jesus implica seguí-Lo de perto e passar por onde Ele passa. Pela cruz também. Pode parecer uma contradição com o que disse antes, mas assumir a cruz pode significar ficar com a família e não cortar com ela por causa dos obstáculos que ela põe à nossa fé.

Jesus diz através das parábolas da construção da torre e do rei que vai para a guerra que antes de assumirmos uma responsabilidade devemos ver bem se estamos preparados. Ser discípulo de Jesus necessita de preparação através da oração, do estudo, da catequese, da meditação.

Como é dito noutra passagem o fardo que carregamos está na medida das nossas forças. Por isso tudo o que temos e conseguimos é dado por Deus como dom. É isso que a primeira leitura diz. Nós pela nossa força nada conseguimos. Tudo vem de Deus.

É isso que São Paulo tenta dizer a Filémon na segunda leitura. Nós recebemos a fé de Deus, através da Igreja. Todos de forma igual. Por isso somos todos irmãos. Foi um desafiou bem grande aquele que Paulo fez a Filémon ao enviar-lhe o antigo escravo, que lhe fugira, não com a antiga condição, mas como irmão na fé. Aqui Filémon teve que renunciar à concepções e conveniências sociais em nome da fé em Jesus.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Arcade Fire - Unstaged (Full Show)

Aqui fica o espectáculo inteiro do dia 5 de Agosto que foi transmitido pelo youtube.


Algumas fotografias que tirei nas férias












quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Drama telefónico

Há pouco quando regressava a casa de autocarro assistimos, os presentes, a um drama. Perto de mim vinha uma mulher a falar ao telemóvel com uma amiga, talvez não tão amigo quanto isso. Só ouvimos, os presentes, o lado dela.

Então o que se passava? Ela estava a tentar convencer a interlocutora a dizer-lhe o nome da pessoa que fomentara uma intriga entre elas. A minha vizinha de autocarro tinha sido acusada por essa pessoa desconhecida de ter falado mal da interlocutora.

Porquê que haveria de falar mal? Ao que parece uma quarta pessoa tinha um segredo. Esse segredo foi descoberto pela família. Esse segredo teve uma determinada reacção dos irmãos dessa quarta pessoa. Não sabemos qual segredo nem qual a reacção dos irmãos, homens, perante esse segredo.

A vizinha do autocarro garantiu não ter nada para dizer de mal da interlocutora. O que possa ter dito dela, já lhe tinha dito na cara, era que não devia ter contado esse tal segredo a uma certa pessoa, cunhada da vizinha e que desconfio que seja a quarta pessoa, a do segredo.

Confuso? Um pouco.

A vizinha do autocarro queria limpar o seu nome. Depois, estava eu para sair na minha paragem, jurava guardar segredo da identidade da pessoa desconhecida até à interlocutora falar com essa pessoa para saber como e quando é que a vizinha do autocarro dissera mal a interlocutora.

Tive pena de sair da paragem. A minha imaginação fervilhou por causa do tal segredo que afectou a família, os irmãos em particular.

Como a vizinha do autocarro não teve problemas de falar tão abertamente naquela local, achei por bem alargar um pouco mais a audiência. Presunção (a minha, claro) e água bem...

Burrinhos

Perto do final das minhas férias fiz este pequeno vídeo de uns burros que encontrei na estrada entre Barão de São João e Bensafrim, em Lagos. Fiz algumas vezes este percurso a pé e reparei nestes burrinhos agitados. Sempre que eu me aproximavam eles agitavam-se.


O que acho é que o dono deles deixou-os ali durante muito tempo. No dia da filmagem o primeiro burro que aparece no vídeo ainda tinha erva dentro do raio de alcance da corda que o prende. Uns dias depois, passei por lá de autocarro e já havia um círculo bem definido.


O comportamento deles faz-me lembrar no felinos dos jardins zoológicos presos em jaulas andando de um lado para o outro. Tenho pena destes animais (felinos e burrinhos).







Uns metros à frente encontrei este burro com um comportamento mais conforme com o habitual.





Eu gosto destes animais. O meu avô paterno teve uma burrinha, cheguei a andar nela, a cair dela (por o meu avô dar-lhe uma palmada com ela presa airando-me ao chão) e enfurecê-la ao ponto de querer dar-me um coice.

Se um dia tiver possibilidades, irei ter um burrinho. É mais certo ter um do que ter um carro...