Há dias na SIC vi uma reportagem com um título parecido ao deste post. A reportagem era sobre uma família alemã de ecologistas radicais que vivem em Marvão. O seu modo de vida é bastante diferente do habitual, pode-se dizer que vivem como se fossem uma tribo primitiva. Não cozinham os alimentos e por isso não comem carne. Não vivem numa casa, mas em cabanas quando chove ou faz frio, o resto do tempo dormem ao relento. As crianças não são vacinadas, ajudam os adultos no trabalho das hortas. São os pais que ensinam a ler, a escrever e as fazer contas. Em suma a família vive do que a natureza dá.
Este tipo de estilo de vida atrai-me porque na sua essência está a harmonia com a natureza, a coragem de criar o Paraíso na Terra. Atrai-me, mas não me convence. Quando me ponho a imaginar como seria a minha vida daquela maneira, vejo logo um problema no que diz respeito às crianças. Neste cenário só me via nele se estivesse acompanhado e obviamente viriam filhos ao mundo. E eu pergunto: tenho o direito de privar os meus filhos das ferramentas básicas para sobreviver nesta sociedade de onde estou a sair? Porque seria muito difícil que eles durante a sua vida não precisassem de interagir com a sociedade geral. Onde é que eles irão encontrar companheiros para fazer família que partilhem o mesmo estilo de vida? Temos o direito de privar os nossos filhos de vacinas? Aquelas crianças da reportagem, enquanto forem crianças estão protegidas em parte porque não podem sair do espaço da propriedade, mas e depois?
É muito bonito quando o casal inicia uma vida a dois desta forma, mas quando os filhos forem adultos estarão totalmente condicionados. Ou viverão desta forma, ou serão totalmente desajustados da sociedade que os envolve. Eu acho que este tipo de vida só deverá ser adoptada por adultos já com filhos criados ou por celibatários.
Outro obstáculo que encontro é que sendo eu católico não posso prescindir da comunidade. Ou seja, mantendo-me católico eu teria que continuar a frequentar a igreja, participar dos sacramentos, ser membro. Este tipo de mudança de vida pressupõe um corte com o passado, viver só para este ideal. Na reportagem afloraram por alto a vivência religiosa da família. Acho que o chefe da família personificava o líder religioso. Mas não é a mesma coisa. Pelo menos para mim.
Como sou um poço de contradições, apesar de não desejar para os meus possíveis descendentes este tipo de vida, terei pena se devido a esta reportagem as autoridades portuguesas resolvam interferir no estilo de vida daquela família. Eles só aceitam a lei da natureza e da Deus. Não me espantaria que surgisse uma ordem de tribunal para tirar as crianças daqueles pais, que as obriguem a vacinar-se, que sejam obrigadas a ir à escola ou que lhes estraguem a inocência que têm.
Espero que a Ilha Paraíso não se transforme em Continente Inferno.
Este tipo de estilo de vida atrai-me porque na sua essência está a harmonia com a natureza, a coragem de criar o Paraíso na Terra. Atrai-me, mas não me convence. Quando me ponho a imaginar como seria a minha vida daquela maneira, vejo logo um problema no que diz respeito às crianças. Neste cenário só me via nele se estivesse acompanhado e obviamente viriam filhos ao mundo. E eu pergunto: tenho o direito de privar os meus filhos das ferramentas básicas para sobreviver nesta sociedade de onde estou a sair? Porque seria muito difícil que eles durante a sua vida não precisassem de interagir com a sociedade geral. Onde é que eles irão encontrar companheiros para fazer família que partilhem o mesmo estilo de vida? Temos o direito de privar os nossos filhos de vacinas? Aquelas crianças da reportagem, enquanto forem crianças estão protegidas em parte porque não podem sair do espaço da propriedade, mas e depois?
É muito bonito quando o casal inicia uma vida a dois desta forma, mas quando os filhos forem adultos estarão totalmente condicionados. Ou viverão desta forma, ou serão totalmente desajustados da sociedade que os envolve. Eu acho que este tipo de vida só deverá ser adoptada por adultos já com filhos criados ou por celibatários.
Outro obstáculo que encontro é que sendo eu católico não posso prescindir da comunidade. Ou seja, mantendo-me católico eu teria que continuar a frequentar a igreja, participar dos sacramentos, ser membro. Este tipo de mudança de vida pressupõe um corte com o passado, viver só para este ideal. Na reportagem afloraram por alto a vivência religiosa da família. Acho que o chefe da família personificava o líder religioso. Mas não é a mesma coisa. Pelo menos para mim.
Como sou um poço de contradições, apesar de não desejar para os meus possíveis descendentes este tipo de vida, terei pena se devido a esta reportagem as autoridades portuguesas resolvam interferir no estilo de vida daquela família. Eles só aceitam a lei da natureza e da Deus. Não me espantaria que surgisse uma ordem de tribunal para tirar as crianças daqueles pais, que as obriguem a vacinar-se, que sejam obrigadas a ir à escola ou que lhes estraguem a inocência que têm.
Espero que a Ilha Paraíso não se transforme em Continente Inferno.
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