sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Então foi assim... 2010

Jantei um comer igual ao da Consoada, mas desta vez o molho tinha um pouco mais de sal. Foi melhor. Lavei a louça e estou a escrever isto ao mesmo tempo que ouço o que se passa na Fox através da do site estádio de futebol.

Então isto era suposto ser um balanço do ano. Tenho pouca vontade de pensar e lembrar-me o que se passou. A nível da política o que se passou foi amplificado pelos media, mas esta também foi usada pelos políticos.

O ano começou, a nível político, com a novela do financiamento da Madeira. O Governo ameaçou demitir-se. Depois veio o Orçamento, o PEC e o PEC II. No Verão o que se passou? Ah, a data fatal de 9 de Setembro. O Presidente demite, não demite o Governo. Veio a data final e ficámos na mesma. Pouco depois ficámos pior, vieram os mercados, os juros, a dívida pública. Veio a novela da aprovação do Orçamento e as medidas de austeridade. E o FMI, vem? Não vem? Isso fará parte do balanço do ano que daqui a pouco começa.

Que mais aconteceu? A tragédia da Madeira. A tragédia da selecção. Incêndios, mas isso não é novidade. Algumas cheias no Outono. A cimeira da NATO mais o medo dos confrontos, que não aconteceram. O Benfica foi campeão, mas provavelmente não chegará ao bi. O Mourinho é o maior. O Ronaldo foi pai e está a fazer uma época espectacular.

A nível internacional tivemos os mercados loucos por destruir países. Foram a Grécia e a Irlanda. Portugal, Espanha, Itália e agora a Bélgica estão na lista de espera. Porquê isto? Porque a Alemanha e França estão a pensar mais em si do que na União, que tanto querem governar.

Tivemos o resgate dos mineiros do Chile. A única boa notícia, verdadeiramente boa.

Não tenho muitas notícias sobre música, cinema ou literatura. A saga do Harry Potter está a chegar ao fim. Tivemos mais um cd dos Arcade Fire, o único que ouvi constantemente desde que saiu. Também houve Deolinda, Anaquim e o dvd de Avatar versão extendida.

Foi o ano do reconhecimento internacional do Facebook. Até este que vos escreve lá foi parar. Neste momento o Facebook é o terceiro país mais populoso do mundo.

A nível pessoal o que há a dizer? Abri-me mais ao mundo: Facebook, novo blog com a ficção Silveira. Meti-me neste pesadelo da condução e na compra de um carro. O meu pai está mais ou menos na mesma que há 365 dias. Nesses dias ele andava agitado, passou dias a andar de um lado para outro. Por isso, fico contente por não está pior. A minha mãe está mais cansada. E eu mais deprimido.

Devo ter esquecido coisas muito importantes. Sim, estava a esquecer-me da visita do Papa a Portugal. Foi importante a nível nacional e pessoal.

Está a fazer-se tarde se quero publicar isto antes da meia noite. Por isso, desejo a todos um excelente 2011.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sou um calhau





Ok, não exageremos...



Sim, sou... e isto também é verdade...



E porquê?



E agora começa a humilhação... ok, não sou assim tão mau... bem vistas as coisas até fiquei mais bem disposto. Obrigado, youtube!

Esperem aí, queria ver esta miúda a conduzir de noite , a chuver em Lisboa!!! Ah, pois é!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Leitura literal da Bíblia

No dia de Natal vi este vídeo no noticiário da RTP.





Esta justificação dada pela Testemunhas de Jeová é bastante fraca. Qualquer católico informado sabe perfeitamente que o dia 25 de Dezembro foi escolhido por causa das festas pagãs romanas que celebravam o solstício de Inverno. Não se sabe quando Jesus nasceu, mas isso não é motivo para não celebrar o Seu nascimento.


A estratégia da igreja primitiva de associar e depois substituir as festas pagãs às cristãs foi muito inteligente. Se em 25 de Dezembro se celebra a vitória do Sol sobre a noite, nada mais acertado que celebrar nesse dia o nascimento de Jesus, verdadeira luz, que veio vencer as trevas do pecado e da morte.


A espiritualidade das Testemunhas aparece-me muito pobre e tristonha. Vivem muito agarrados à letra da Bíblia e descuram o espírito. Perante este vídeo apetecia-me perguntar-lhes como é que explicam a contradição das narrações da infância de Jesus dos Evangelho de Mateus e Lucas. Em Mateus é narrada a fuga para o Egipto da Sagrada Família a fim de fugir à perseguição de Herodes. Em Lucas vemos a sagrada família a deslocar-se nos primeiros meses de vida de Jesus a Jerusalém, ao Templo. Então foram primeiro à capital para depois fugir para o Egipto? Não faz sentido.


A explicação mais sensata é que os autores usaram tradições diferentes que circulavam nos primeiros anos da igreja. Os Evangelhos foram fixados muitos anos depois de Jesus ter Ressuscitado. Naturalmente foram escritos com um propósito apologético, pedagógico e destinados a uma determinada comunidade. Na altura não havia mercado livreiro, por isso quem escrevia, fazia-o para a cidade onde estava, para a comunidade onde estava inserido.


Mateus apresenta Jesus com o Messias herdeiro do trono de David. No Evangelho da infância já aparece a noção de que Jesus foi rejeitado pelos Seus e acolhido pelos gentios. Por isso é mais importante a adoração dos Magos e a fuga para o Egipto. Em Lucas Jesus é o Messias dos pobres, da misericórdia de Deus. Assim o evangelista dá preferência ao lado da pobreza material de Jesus, ao lado feminino do seu nascimento.


Não compreender isso é despir o Evangelho de grande parte da sua grandeza e importância. Mas já há algum tempo que percebi que as Testemunhas de Jeová não são propriamente cristãs, pois não reconhecem o Filho com a mesma natureza do Pai na Santíssima Trindade. Na verdade, penso que as Testemunhas são uma forma moderna do judaísmo de há dois mil anos. São judeus disfarçados de cristãos.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José – Ano A

As leituras de hoje falam-nos da família. Tem por base a Sagrada Família e a partir dela apresentam-nos o modelo a seguir.

Na primeira leitura vem o ideal humano do Antigo Testamento. Esta família tinha como pilares essenciais a figura do pai, em primeiro lugar, e a figura da mãe. Temos que compreender o contexto histórico em que estes modelos culturais existiam. O indivíduo sem uma família praticamente não tinha hipóteses de sobrevivência. Era necessária uma figura forte que agressasse aquele conjunto de pessoas. O modelo patriarcal impôs-se a outros que existiam há quatro e cinco mil anos. Ao que parece a sociedade celta seria mais matriarcal do que patriarcal. Também há indícios de sociedades em que os géneros eram mais complementares do que concorrentes.

O cristianismo veio dar uma nova dimensão à família, como bem se vê na segunda leitura. A família cristã já não era regida pela autoridade do pai, mas pelo amor, pelo respeito mútuo, pela caridade. Por isso não é de espantar a parte final da leitura em que São Paulo atribui uma missão a cada elemento da família. A leitura de hoje não inclui o que vem a seguir, mas o apóstolo até inclui os escravos no conceito de família e dá-lhes uma missão. Sempre passando pela caridade.

No Evangelho vemos a Sagrada Família aberta a Deus, agindo se acordo com a Sua vontade. Deus está no centro, é a figura tutelar, ocupa o lugar do patriarca, da matriarca. Deus agrega os elementos da família, é o cimento mais forte para esta construção, sem ele o edifício sofrerá danos mais graves.

O que faz falta à família do século XXI? O mesmo de sempre: sentido da necessidade de Deus no seu seio.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Solenidade do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo

É Natal. Deus fez-Se homem e vive entre os Seus. As leituras de hoje falam disso. Pode parecer estranho não falarem da ida a Belém, da visita dos pastores, do anúncio dos anjos. Hoje as leituras falam da essência e do principal desta época: Deus fez-Se homem para nos salvar.

Com a Sua Encarnação Deus iniciou uma nova criação, uma nova relação com a humanidade. Deus está próximo. Não habita em templos ou em tronos, em estátuas ou locais altos. Deus está dentro do coração de cada ser humano, está no gesto de amor, na entrega.

A sociedade actual liga pouco ao que se passa à sua volta. Na natureza vêem-se sinais da presença de Deus. E o nosso olhar pode transmitir aos outros mais sinais ainda. Estamos no Inverno. O tempo é de frio e chuva. Estes meses são dominados pela noite, pela sombra. O que aconteceu há dias? O solstício de Inverno. Hoje o dia será maior que ontem. O que nos diz o Evangelho de hoje? Que a luz veio ao mundo. Hoje haverá mais luz do que ontem. E Jesus, hoje haverá mais Jesus hoje do que ontem?


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Uma longa, longa mensagem de Natal

Tenho andado com pouca disposição para a escrita, tanto aqui como nos meus projectos. Isto de andar a tirar aulas de treino de condução, mais as preocupações que isso acarreta, mais o final da convalescença da operação, mais o frio e a chuva, tudo isto e inércia inata afastaram-me das palavras e das frases. A escrita não é uma actividade natural no ser humano. O desejo que comunicação, sim. O problema é que esse desejo tem andado adormecido.

Apesar de não ter escrito, tenho pensado (é capaz de ser presunção minha dizer reflectido) sobre alguns assuntos. Aviso já que não cheguei a nenhuma conclusão. O meu pensamento (raciocínio/reflexão) não chega a tanto. Tal é a minha confusão mental que nem sei por onde começar.

Começo talvez por algo que me tocou com intensidade. A instrutora de condução disse-me esta semana que eu sou demasiado exigente comigo próprio. Na altura neguei, mas bem vistas as coisas acho que tem razão. Estou a ter estas aulas por necessidade, quero rapidamente aprender e fazer tudo bem logo. Ao perceber que o meu corpo não acompanha a aprendizagem intelectual duas coisas aconteceram: uma machadada violenta no meu ego, pois estava convencido que conseguia aprender qualquer coisa, mesmo sendo difícil; por outro lado senti-me mais tranquilo, vai levar tempo, mas chegarei lá (na altura em que ela disse-me isto eu andava um pouco em baixo porque só via os erros que fazia e não a evolução).

Ao longo das aulas fui passando por vários estados de alma: frustração, pânico, descrença, cepticismo, resignação, esperança, alívio, nervosismo, sempre e sempre o medo de errar, de causar acidentes. Nos primeiros dias a minha condução parecia de um alcoolizado. Agora não é tanto, mas direcção continua a ser um problema. Como é que é possível numa recta eu andar aos esses? Estará o mundo alcoolizado e ninguém me disse? O estado de alma actual é resignação à minha insignificância e esperança em conseguir chegar a bom porto neste empreendimento, mesmo que me custe muitas mais aulas do que estava previsto.

Este tem sido um dos temas da minha meditação (se há sinónimos ou aparentados, porque não usar?). Tem-me levado a pensar sobre a forma como me olho e quem sou. Outro tema, está relacionado com a minha personalidade, é sobre o Natal e a alegria. Como viver o Natal? O que é o Natal? O que é para um cristão o Natal? O Advento e o tempo depois propriamente chamado de Natal? Descobri que olhando em redor o Natal que vejo e acabo por viver deprime-me. Não consigo sentir-me alegre por decreto, por marca no calendário, porque os outros estão alegres.

Uma bandeira do Natal na sociedade é a família. Olho para a minha e o que vejo? Doença, sofrimento, solidão. Onde está a alegria? O meu pai ou está alucinado querendo voltar para a casa de infância (este estado pode durar em média dois dias e duas noites, sem dormir, sempre querendo ir embora e no ponto mais activo procurado a porta para ir embora) ou está cansado e dormente não querendo sair do sítio onde está. A minha mãe oscila entre o choro, a irritação com a não colaboração do meu pai, o desgosto sempre presente por causa da solidão, das canseiras e dos achaques que também tem. Eu no meio disto oscilo entre a distância que tento manter para preservar alguma lucidez ou a entrada num turbilhão de emoções (raiva, irritação, raiva e mais raiva, impotência, solidão, muita solidão). Persegue-me o fantasma de um dia herdar a mesma doença do meu pai. Tento mentalizar-me que viverei muita solidão no futuro, como sobreviverei a isto? Se não fosse a minha pouca fé, estaria bem arranjado. Provavelmente entraria para as estatísticas do suicídio.

Voltando à meditação: neste cenário onde está a alegria? Acrescento mais uma peça: a minha personalidade melancólica. O que fazer com ela perante esta necessidade de alegria? Sim, porque Jesus disse que nos quer alegres, porque afinal não temos que temer nada. Eu sou melancólico, não há nada a fazer sem violentar a minha natureza, não é? Posso ser alegre e melancólico? Triste? Só vejo uma saída: todos os meus pressupostos estão errados. O que é então a alegria cristã? Será o estado de espírito de elevação? Tem que ser algo mais. Não pode ser um sentimento, pois há pessoas propensas a uns e outras a outros. Ser alegre deve ser uma atitude perante a realidade. Será isso? Viver melancolicamente com uma atitude positiva. Parece-me uma boa meta a atingir. Não consigo andar sempre com o coração a transbordar de bom-humor, de exaltação, nem com um sorriso rasgado desde o acordar até ao deitar, nem rir ou ser a animação de uma festa.

Há dois aspectos da alegria que em faltam e fazem falta: paz interior e entrega. Quando vivo na rotina, sem preocupações, é-me fácil ser alegre, mas isto parece-me bastante egoísta. Sim, egoísta porque vivo fechado na rotina, fechado à novidade, instalado. Lamento admitir, mas dou-me pouco. São poucas as vezes em que me abrir aos outros e entreguei-me, fiz o Bem. Este lado negro desgosta-me e podem bem dizer: “ora, muda a tua atitude”. É fácil dizer, mas muito difícil fazer. Pelo menos para mim. Quando penso nestas coisas tenho dúvidas sobre se tenho realmente fé, se sou cristão sequer. Aqui lembro-me de um diálogo no livro Harry Potter e Câmara dos Segredos. O Harry questiona-se sobre se ele não estará destinado a ser um feiticeiro mau, porque tem muitas semelhanças com o Voldemort. O Director pergunta-lhe sobre o que o Chapéu Seleccionador lhe disse no primeiro ano, quando atribuiu as casas onde os alunos iam estar. O Harry disse que pedira ao Chapéu para o pôr nos Griffindor, apesar de ele ter todas a qualidade para ir para a casa conotada com os feiticeiros maus. O Chapéu fez-lhe a vontade. O Director disse-lhe que o que faz uma pessoa não são as suas características, habilidade, virtudes, mas sim as suas decisões. Eu decido-me por ser cristão, católico, apesar de não ver em mim qualidades necessárias. Insisto. Persevero. Faço caminho.

Na terça-feira coloquei no Facebook uma questão: porquê que se celebra o Natal? Só tive um comentário. É justo, a nível humano, se não participo no que os outros dizem ou fazem, porquê esperar uma reacção diferente comigo? Depois dei a minha resposta e ninguém mostrou qualquer reacção. O Natal celebra-se porque Jesus ressuscitou. O Natal está dependente da Páscoa. Sem a Páscoa o Natal não tem sentido. A alegria e esperança natalícias estão relacionadas com a ressurreição de Jesus. Celebramos o nascimento do nosso salvador, de quem nos está a ajudar a vencer a morte, o sofrimento e a atingir a felicidade.

Há uma atitude (chamar-se-á alegria?) a ter que sei intelectualmente, mas tenho dificuldades em tê-la em prática. Tudo depende do nosso olhar. Não há sofrimento. Sofremos porque o nosso olhar não está focado no Além. Se tivéssemos a atitude que Jesus teve no Calvário e na Cruz, de abandono e confiança, não sofreríamos. Porquê que não dou um sentido ao estado da minha família? À doença do meu pai? Porquê que não vejo as suas implicações e manias como um exercício necessário para crescer? Porquê que me deixo tocar pela raiva quando ele urina para o chão em vez de o fazer na sanita? Porquê que desespero perante o chora da minha mãe quando ele anda de janela em janela, porta em porta para ir embora?

Às vezes digo no escuro que é por amor que aguento isto tudo. É por amor que abdico de formar família, de ter uma juventude normal com amigos, saídas à noite, festas e convívio. Mas à luz do dia olho para mim e para a minha vida e vejo que não abdiquei de nada. Não abdiquei porque nada escolhi. Vivo assim porque é-me confortável viver assim. Vivo com os meus pais porque não me vejo a viver longe deles. Protegem-me e protejo-os. É por amor e comodismo. É por amor e medo de sair da rotina.

Então o que será alegria numa pessoa melancólica? Deve ser o mesmo que em alguém alegre: entrega e sentido para a vida. Nesta definição: serei alegre? Acho que não. Entrego-me pouco, pelo menos no sentido do relacionamento com as outras pessoas. (ouço algures no meu cérebro a voz da minha instrutora de condução: lá estás tu a ser demasiado exigente contigo próprio).

Sabem uma coisa? Não devia sentir-me triste por não ser como as outras pessoas. Não sou uma pessoa expansiva no contacto social. Não vejo a realidade da mesma forma. Isso vai trazer-me dissabores? Vai, mas mantendo-me como sou uma coisa é certa, estarei a cumprir o que Deus sonhou para mim. Quem sabe se estas deambulações melancólicas, depressivas não ajudarão alguém a ser mais autêntico e a voltar ao plano de Deus?

No Facebook disse: não dêem presentes, meus amigos, sejam presentes na vida dos outros e assim Jesus estará presente na vida deles. A quem leu isto até aqui um muito obrigado e recebam os meus votos de um Santo Natal. Desejo que sejas Jesus presente no local onde estás.

Boas festas

P.S. Fico sempre com a sensação que não disse tudo, mas isto já vai muito longo.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Quarto Domingo do Advento – Ano A

O tempo está próximo. Deus está próximo. Onde O vamos encontrar? Quais os sinais da Sua presença? Como os reconhecer? Através da abertura ao mistério. O Evangelho de hoje conta-nos a versão de José da origem de Jesus.

José era um judeu cumpridor da Lei e com fé. Tal como todos os outros esperava a vinda do Messias. Perante a gravidez da Maria, sua noiva, viveu um conflito interior intenso. Por um lado a Lei exigia o seu cumprimento, por outro a fé em Deus exigia a misericórdia. Ele teve a melhor atitude perante um conflito, abriu-se a Deus e permitiu que Ele interviesse. Geralmente nos nossos problemas não deixamos espaço à acção de Deus. Ou fugimos deles ou tomamos exclusivamente na nossas mãos a sua resolução.

A atitude a ter, é aceitar o que Deus quer para nós ou quer nos fazer. Na primeira leitura Acaz, demasiado zeloso, não quis pedir nenhum sinal a Deus, quando Este lhe disse para o pedir. Acaz não fez o mesmo que José, fechou-se a Deus. E o Senhor agiu na mesma, anunciou um sinal de que Ele continuava presente na nossa vida. Esse sinal é a profecia cumprida em Maria. Porquê? Porque o filho que nasceu a Acaz não foi perfeito, apesar de ter sido um dos melhores reis de Judá. A profecia não se cumpriu inteiramente nele, só em Jesus.

Então o que significa o Natal? Talvez seja isto: deixar que Deus, Jesus, entre na nossa vida de uma forma mais completa, cada vez mais completa. Para isso José é um bom exemplo. Aprendemos a acolher o mistério que é Deus e a Sua vontade.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Violência contra mulheres a coberto da lei islâmica no Sudão

Não há palavras para descrever a violência deste vídeo, por isso quem for sensível não o veja, basta ler a descrição que vem anexa e que transcrevo:

This Video clip depicts the scene of a Sudanese girl receiving blows whip all over her body at a police station in Khartoum this week, a wave of condemnation by the Sudanese on the Internet and newspapers concluding that, what happened was exceeding the legal punishment and much amounted to physical torture and severe humiliation.
The film shows the police carry out the punishment of flogging with a whip on the Sudanese girl in front of a crowd of people. The Girl received blows whip all over her body from the legs, back, arms and head wildly and violently. The girl was crying and lying on the ground squirming in pain, begging the policeman to stop hitting her, before another officer assisted him and participated in the beating.
It appears through the person who filmed the scene, if not one of the policemen, he should be well known to them.

Hundreds of responses to the sites and electronic forums on the World Wide Web described the incident heinous and barbaric crime, and condemned to be in the name of Islam and Shariah.

Repeated complaints of citizens in the Sudan from the excesses of the police and the power of the public order police to arrest people and bring them to trial on various charges. This confirms what happened recently when public order policemen arrested a group of men involved in the fashion show and bring them to trial and convicted them.

Lubna Ahmed Hussein, a journalist from Sudan in an earlier meeting with the media said that the trials of public order print minimalism, where the accused does not get a chance to defend him/ herself, this is what happened to her also. And that all procedures are performed on the same day of the hearing, trial and execution. Her

Lubna said, "that the painful thing is the silence of women who are subjected to beatings and humiliation by the police for fear of scandal, because the community is always blamed on the woman victim, not the executioner".

According to many Sudanese surveyed by some newspapers about their opinions of the video, concluded that, the Sudanese government is using Islamic law and public order police to suppress and intimidate people, including ownership of tools such as the General Security Service, who exercise the arrest and torture to intimidate political opponents. They, unanimously, agreed that the next referendum in Southern Sudan and the possibility of separation may be a reason for the government of Sudan trying to tighten its grip on society and the street to block any resistance to the government of Omar al-Bashir, who was charged with genocide by the International Criminal Court.

Islamic law has been applied for the first time in the Sudan under the regime of former dictator Jaafar Nimeiri in 1983, following a popular uprising in Sudan in April 1985 the Sudanese parties failed to agree on the abolition of Islamic laws. Following the coup, the National Islamic Front, led by President Omar al-Bashir has been working on all levels to turn Sudan into an Islamic country

domingo, 12 de dezembro de 2010

Terceiro Domingo do Advento – Ano A

Hoje é o domingo da alegria. A cor dominante é o cor de rosa, cor da alegria na liturgia. Alegria porquê? As leituras de hoje falam disso. Começa logo na primeira com Isaías a proclamar: alegrem-se os desertos, alegre-se todo o universo porque Deus não nos deixa desamparados.

No Antigo Testamento havia a noção que o sofrimento e a alegria eram castigos e prémios pelas nossas acções. Assim sendo onde houvesse sofrimento não haveria a benevolência de Deus ou só quando houvesse conversão. Por isso é que a profecia de Isaías é tão viva. Quando o Messias viesse deixaria de haver tristeza, pois Ele estaria sempre presente. Haveria alegria sempre, porque estaria sempre presente. Os que sofrem seriam curados.

Com Jesus o sofrimento passou a ser algo diferente. Não é um castigo pois se fosse Ele não teria sofrido. O sofrimento deixa de ser castigo quando lhe damos um sentido, quando o associamos ao sofrimento de Jesus, quando esse sentido está revestido de amor. Costumo pensar que só sofremos porque não conseguimos dar-lhe um sentido transcendente ao que estamos a viver.

Assim sendo, Isaías anunciou que o sofrimento desapareceria com a vinda do Messias. Ele veio e o sofrimento foi vencido, só cabe a nós contribuir para essa vitória.

Na segunda leitura São Tiago mostra que a melhor atitude para vencer o sofrimento é a paciência. Ele escreveu a carta numa época em que as pessoas estavam convencidas que a vinda definitiva de Jesus estava para breve. Por isso a exortação à paciência. Mas actualmente também é importante ter paciência. A vida espiritual não é fácil nem linear. Temos a tendência frequente de cair muitas vezes pelo caminho.

Por fim no Evangelho vêmos o choque entre o Antigo e o Novo Testamento. Temos motivos para alegria porque o Reino de Deus já está entre nós. Foi o que respondeu Jesus a João Baptista. Os coxos andam, os cegos vêem, os leprosos estão limpos e os mortos ressuscitados. Ou seja, a relação com Deus está mais profunda: quem tem fé caminha nela, os que não conseguiam ver a acção de Deus têm a oportunidade de experimentá-Lo nos sacramentos e na acção dos outros, os pecadores são perdoados e transformados por dentro, uma nova vida nasce através do baptismo. João representa o Antigo Testamento, o tempo antigo. Foi o maior profeta porque preparou o caminho para Jesus caminhar.

Quando Jesus diz “Bem aventurado aquele que não encontra em Mim ocasião de escândalo”, fala daqueles que perante a Sua pregação aderiram a ela sem reservas, ao contrário dos fariseus e doutores da Lei, os poderoso da época. Esses sim escandalizaram-se com Jesus e perderam-se.

Alegremo-nos porque Jesus está no meio de nós, o Seu Reino chegou.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Plano

Como disse aqui há uns dias que havia duas coisas que estavam a alterar a minha percepção do tempo. A primeira foi a operação ao quisto, que por sinal já está melhor, já não tenho os pontos (tirados ontem, os segundos). Tive complicações e isso complicou-me a vida com a segunda coisa.

Resolvi comprar um carro. Já está feito. Foi isto que fez-me alterar a forma como o tempo tem passado. Terei feito bem? Terei escolhido mal? Precipitei-me? Irei morrer ou matar alguém porque tomei esta decisão? Porque foi me meter nesta alhada?

Para piorar as coisas não disse à minha mãe que ia comprar o carro até ao dia em que dei o sinal. Até esse dia o tempo ainda pareceu mais estranho. Tive medo que ela me dissuadisse, que o medo dela me dissuadisse. Já isso acontecera antes. Mas eu tinha que comprar a porcaria do carro. Porquê? Porque a porcaria da empresa em que trabalho vai mudar de instalações e os transportes públicos da minha zona para lá levarão uma hora e meia nos dias normais e duas ou mais nos piores. Teria que apanhar duas camionetas para fazer uma distância que por carro devo levar vinte minutos a andar devagarinho. É só por causa disso. Eu até suporto os problemas das viagens de comboio com o meu pai de férias, o que me obrigou foi mesmo o emprego. A empresa não é má de todo. Se eu for ao mercado, com as minha habilitações e idade, vou ganhar pouco mais que metade do que actualmente ganho. Custa-me admitir, mas sou um vendido. Trabalho pelo dinheiro e não pelo que faço. Estará isto perto da prostituição? Não vou levar o texto para aí.

Esta decisão tem me desgostado a vários níveis. Já falei de um. Outro é que estou a aburguesar-me, no sentido do Hermann Hesse. Tenho telemóvel. Tenho internet e um portátil. O que me faltava? Um carro. E preparem-se: quero ter uma vivenda. Nem mais. Andei com a sonhar em ter um iphone por causa de um passatempo da TMN. Poderei descer ainda mais? Nos primeiros tempos até estar adaptado ao carro e ao acto de conduzir deverei ir todos os dias para o trabalho nele. Lá se vai a caminhada matinal. Está claro que vocês devem estar a dizer neste momento: ora, vai caminhar noutra hora. Pois claro, mas eu sendo um burguês não deixo de ser complicado.

Os últimos dias têm sido complicados. Descobri mais uma coisa: eu vivo a um ritmo diferente do habitual, da sociedade. Descobri isto por causa do seguro. Tive só dois dias para arranjar um seguro. Ora eu gostaria de ter mais tempo para ver as simulações, para comparar preços e coberturas. Mas o vendedor disse-me que tinha que levantar o carro hoje e só deu-me os dados do carro na quinta-feira. No início da semana cheguei a comentar com os meus colegas que as matrículas deviam estar atrasadas por causa do final do ano e do aumento do IVA em Janeiro. Esperava ter uma semana para isto, até porque nunca tinha feito um seguro. Tanta coisa para aprender e para ter em atenção. Só consegui ter o seguro garantido ontem pouco antes de ir para o médico tirar os pontos. Estive várias vezes para dizer no facebook: se o arrependimento matasse... Outra preocupações foi a condução. Não tenho prática e até quinta-feira não tinha lições agendadas. É impressão minha ou fiz tudo ao contrário?

Com tudo isto tenho andado com pouca vontade para escrever nem dar sinais de vida aqui.

Ora porquê que intitulei este texto de plano? Na noite de quinta para sexta tive um sonho interessante e revelador. Sonhei que estava no programa da Casa dos Segredos. Acho que era um dos concorrentes. Estranho. De repente apercebo-me que havia alguém sendo atacado por um espírito, estava possesso. Como podem saber pelo que tenho dito aqui não sou crente em espiritismos e possessões. Uma coisa é crer intelectualmente outra é presenciar um fenómeno que não explicamos. Ao contrário de sentir medo, lembro-me de ter pensado que não acreditava nessas coisas e aproximei-me. Agarrei a pessoa, acho que era uma mulher, mas isso é irrelevante. Agarrei-a e dizia para comigo: Jesus está comigo, Jesus está comigo. Não senti medo. Ontem, num dos dias mais complicados que tive (bem se vê a vida calminha que tenho tido) disse várias vezes esta frase. Jesus está comigo.

Esta noite que passou foi muito melhor. Dormi bem e de manhã na meia hora sagrada cheguei ao seguinte raciocínio: temos que estar preparados para imprevistos. Ter um plano, uma ideia geral sobre como as coisas devem correr, pois quando aparecem imprevistos o que temos que fazer é comprará-los com o tal plano e fazer ajustamentos. Ter um plano em que entre a possibilidade de ajustamento é melhor que não ter nenhum. Na vida da fé isso pode-se aplicar. O plano é ser misericordioso como Deus, amar como Deus. Os imprevistos são os pecados, a falta de amor e de misericórdia. Se tivermos o plano bem presente no nosso espírito, os imprevistos não nos desorientam. Não somos dominados por eles, nem vencidos. Dizer que Jesus está comigo é olhar para o plano, é receber coragem, é saber que não estou sozinho. Deus não faz as coisas por mim, mas está comigo. Com este episódio aprendi isto e a relativizar um pouco as dificuldades.

Mas se para comprar um carro vivi um turbilhão destes (e não estive a maçar-vos com detalhes) então não quero pensar se algum dia for casar... mas desconfio que não corro esse risco...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria

A Igreja celebra hoje a mãe de Jesus. Celebra porque é mãe de Jesus. Maria, é isenta de pecado original porque é mãe de Jesus. Em três frases usei a palavra mãe porque hoje é um belo dia para celebrar a mãe, as mães. A celebração passou para o primeiro domingo de Maio, mas hoje fazia mais sentido celebrar.

As leituras de hoje apresentam-nos a Queda Original na primeira leitura e no Evangelho o sim vitorioso. A segunda leitura fala das razões para a nossa existência. Deus criou-nos para nos amar. Muitas vezes fala-se do carácter maternal do amor de Deus.

Nos nossos projectos e actividades temos um modelo, uma guia a seguir: Maria. Ora vejamos. Ela não pediu nada a Deus, Ele escolheu-a para ser mãe de Jesus. Como não estava manchada com o pecado original pôde em liberdade aceitar a proposta de Deus. No mesmo livro de Lucas, uns versículos antes, uma proposta parecida é deita a Zacarias e ele duvidou. Maria, não. Ela quis entender o que lhe era proposto, somente isso. Não entendeu completamente, mas deu o sim por confiar em Deus. É isso que devemos fazer, confiar em Deus, confiar que as coisas acabarão por se resolver de acordo com a vontade de Deus.

Ela é modelo de fé e modelo de vivência, de forma de encarar as situações da vida. Certamente que uma gravidez fora do comum seria um problema complicado para uma jovem mulher. Ele assumiu esse problema como consequência do seu sim a Deus. Confiou.

Pela vida fora foi sempre assim. Não a vemos zangada, inquieta. Vemos a procurar entender, a meditar sobre o que lhe acontecia. Porquê? Porque confiava. Acredito que até à Ressurreição de Jesus ela pouco ou nada compreendeu sobre o que significava o messianismo de seu filho. Ela certamente, como boa judia, esperava um novo Rei David. E Jesus o que foi? Foi alguém muito ao género dela, humilde, meditativo, interveniente somente quando necessário. O Servo Sofredor de Isaías é um retrato fiel de Jesus e em certa medida de Maria, Sua mãe. É por causa do carácter reservado que Jesus herdou de Maria, que ele, nem ninguém da família, se apercebeu da grandeza de Jesus. Quando O viram a pregar, a curar, a falar com uma autoridade desconhecida, reagiram com estranheza. O Messias entraria na Cidade Santa em cima de um jumentinho, não conduzindo um carro de guerra.

Hoje é dia de celebrarmos a maternidade, a paternidade, o crescimento espiritual, a humildade e sobretudo a confiança em Deus.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Segundo Domingo do Advento – Ano A

As leituras deste domingo apresentam-nos os atributos do Messias. Estamos a preparar a festa do seu nascimento, por isso devemos saber quem é Ele e sobretudo o que vem fazer.

Na primeira leitura, Isaías apresenta-nos essa descrição. Este profeta é um dos mais importantes do Antigo Testamento porque grande parte do pensamento pós-Exílio na Babilónia foi inspirado por ele. Neste e noutros textos Isaías anuncia como será o Messias, o Rei definitivo de Israel. O curioso é percebermos que a imagem que chegou ao tempo de Jesus corresponde a um rei parecido com David. Jesus é alguém completamente diferente, mas bem mais fiel ao anunciado.

São Paulo, na segunda leitura lembra a importância do conhecimento das escrituras. A falta de conhecimento pode levar muita gente a estar enganada. Só conhecendo bem as escrituras é que se percebe bem a relação entre Jesus e os profetas ou os salmos, por exemplo.

Essa falta de conhecimento vê-se no Evangelho. As pessoas iam ter com João Baptista na expectativa de que ele seria o Messias. Por isso mesmo ele esclarece a sua missão e quem é. Ele veio fazer a ligação entre o Antigo e o Novo Testamento, entre o tempo antigo e os novos tempos. Se repararmos bem o que ele diz, a sua pregação, é muito parecida com a de Jesus na medida em que Lhe abre portas.

As palavras de João Baptista continuam actuais. O nosso arrependimento tem que ser acompanhado com uma mudança de vida. É isso que dizemos no acto de contrição. Não voltar a pecar. Devemos sempre tentar não cometer os mesmo erros. Podemos até repetí-los vezes sem conta, mas se sempre tentarmos acabaremos por superá-los. Pequenos passos de cada vez. Não querer eliminar de uma vez o problema, mas sim atacá-lo aos poucos, cortando aqui e ali. Ao fim de algum tempo podemos até já ter superado esse obstáculo. Mas o principal é a nossa vontade para melhorar e confiar em Deus.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Um mistério desvendado

Havia um mistério que me atormentava aqui nas lides da blogosfera. Tenho alguns seguidores deste blog que não têm blogues próprios. O mistério era o seguinte: como é que esses seguidores recebiam as actualizações do meu blogue?

Hoje descobri. Em primeiro lugar explico como cheguei lá. Este fecho do mês de Neovembro tem um problema lá na empresa. Temos que fechar no dia 7, mas não tivemos direito ao dia 1 porque foi feriado. Outro factor negativo é a alteração do sistema informático lá na empresa, não ao nível da aplicação contabilistica, mas a nível da linguagem da base de dados: do Oracle para o PostGres. À primeira vista não haveria problemas, mas descobrimos que um outro programa vital para o fecho não funciona com o PostGres. Para esse programa funcionar temos que fazer uma série de operações que levam quase uma hora. enfim, atrasa tudo.

Por causa desse atraso e da minha enfermidade resolvi trazer uns ficheiros de Excel para casa. Sim, trouxe trabalho para casa. Ora eu não tenho o Microsoft Office a funcionar, não me apeteceu gastar cem euros para comprar a versão definitiva. Em alternativa uso o Open Office, mas este, na sua versão do Excel, não se compara com o produto da Microsoft. Chateia-me as limitações e funcionalidades que existem no programa da empresa e que não existem e me fazem imensa falta cá em casa.

Fui à net pesquisar alternativas. Tentei o Google Docs, mas ainda é pior. No entanto descobri o Reader do Google e... voilá, eis que encontro os blogues que sigo. Podem ver um printscreen:








Como podem ver estou a usar o Google Chrome porque é bem mais rápido que o Internet Explorer, mas... mais uma vez há um senão... tive que abrir o explorer para escrever esta mensagem porque não conseguia aumentar a imagem do printscreen.
P.S.: Quando tentei justificar este texto, como faço sempre, ele desapareceu. Gelei. Fui ver se tinha rascunhos gravados e lá estava. Respirei de alívio. Obrigado Sr. Gates...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Actualização do boletim médico

Fui tirar os pontos, mas dois deles infectaram e foi preciso voltar a pô-los. Estou bastante aborrecido. Isto nunca mais acaba.

Pelo vidro de um armário consegui ver a ferida, é grandita, bastante parecida com as que se vêem em filme: aberta sem sangue a escorrer.

Enfim, aqui fica o meu estado de espírito nublado...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Slumdog Millionaire

Eu não vou muitas vezes ao cinema. A esmagadora maioria dos filmes que vejo são transmitidos na televisão. Por isso não vi nos cinemas este filme. No fim de semana foi transmitido pela RTP1 e gravei-o. Ontem estive a vê-lo. Gostei bastante. Todas as histórias de amor bem contadas tocam-me. Os trabalhos e dificuldades dos personagens principais dão uma força à história de amor comoventes. Gostei da banda sonora.

Aqui fica o trailer. Na parte final aparece o tema Hoppipolla dos Sigur Rós, mas não no filme.


Aqui fica alguma da música



quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Notícias deste que vos escreve

Talvez vos tenha passado pela cabeça que o reino anda meio abandonado, só com serviços mínimos. Pois tenho andado com pouca disposição para escritas aqui. Volta e meia tenho fases destas.

Desta vez tenho razões concretas para andar um pouco afastado. Devo vos dizer que de há duas semanas para cá o tempo adquiriu uma duração diferente para mim. Tomei duas decisões que tornaram a sua passagem lenta. De uma delas só falarei quando se tornar irreversível. Até lá poderei andar para trás, coisa que começo a desejar, mas não devo fazê-lo. No entanto esta incerteza tira-me alguma tranquilidade de espírito.

A segunda decisão concretizou-se no dia da greve geral, há oito dias. Eu tinha um quisto sebáceo na omoplata esquerda. Há quatro anos infectou, mas não rebentou. No último ano cresceu e resolvi tirá-lo. Neste oito dias tive noites melhores e noites piores, pois não posso dormi para o lado esquerdo, meu preferido, nem de barriga para cima. Uma chatice. Uma pequena coisa que acabou por limitar-me ligeiramente as rotinas. Hoje estou melhor, praticamente não doeu. Entretanto um ponto infectou, mas acho que já está a passar. Enfim há coisas muito piores, mas eu não seria um típico ser humano do género masculino se não andasse de rastos...

Hoje só estou a publicar a esta hora porque passei o dia todo a escrever nas minhas ficções. E também vi um filme que falarei no post de amanhã.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Credo

No dia 15 de Novembro passado, na Igreja de São Paulo, Apóstolo, em Nova Iorque, ocorreu um espectáculo único. Foi feita a apresentação mundial de duas composições de Kjartan Sveinsson, membro dos sigur rós. No programa está uma apresentação do seu colega jonsi, no projecto jonsi & alex.

Espectáculo está disponível em audio webcast. Aqui fica o espectáculo com a intervenção do locutor e entrevistas.




Deixo aqui as apresentações em separado.

Cage a Swallow Can't You but You Can't Swallow a Cage de Kjartan Sveinsson




Credo de Kjartan Sveinsson



Riceboy Sleeps (Sleeping Giant, Happiness, Indian Summer, Daníell in the Sea, Atlas Song and Boy 1904) de jonsi & alex



Aqui ficam umas entrevistas que aconteceram no intervalo



Tudo disto pode ser encontrado aqui.

domingo, 28 de novembro de 2010

Primeiro Domingo do Advento – Ano A

Novo ano, nova caminhada. Quando se começa alguma coisa é prudente saber a finalidade, olhar para o fim do processo para saber como devemos lá chegar. É isso que o Advento faz: preparar o novo ano para uma nova e melhor vivência da Ressurreição de Jesus.

Neste primeiro domingo a mensagem é de vigilância. Estar a tento aos sinais do tempo, estar atento aos sinais da nossa vida cristã, estar atento ao que podemos fazer, ao que não temos feito, estar atento ao centro da nossa vida.

Quer queiramos ou não Deus é o final da nossa caminhada. Para Ele confluímos, caminhamos e somos atraídos. É tão certo como sabermos que vamos morrer. Por isso devemos estar atentos, preparados, pois tal como Jesus diz não sabemos a hora nem o local.

Neste Advento, tempo de preparação, temos a oportunidade de pensarmos sobre o que temos feito na nossa vida. Estamos preparados para entrar na arca como Noé ou andamos entretidos casando e dando-nos em casamento, comendo e bebendo?

Como Cristão temos que estar acordados, prontos para a vinda do noivo. O Advento apela para nos convertermos à Luz, para deixarmos as trevas da vida imediata e olharmos para longe. Lá está a cidade eterna, é está o nosso destino. Larguemos tudo o que nos pesa e dificulta a viagem. Fazendo isso chegaremos lá mais leves e limpos.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Vídeo oficial - The Suburbs

O marketing dos Arcade Fire continua em alta e bastante criativo. Lembram-se do espectáculo que deram em Agosto? No écran no cenário passavam umas imagens de uns miúdos de bicicleta. Agora saiu o vídeo oficial do tema título do disco "The Suburbs". É esse o vídeo que mostro hoje.

Nota: o vídeo é composto por cena de uma curta-metragem produzida pelos Arcade Fire. Daí a qualidade da imagem, a noção de história contada aos poucos e que algo maior se passa.

domingo, 21 de novembro de 2010

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo – Ano C


Na primeira leitura é narrado o momento em que David passou a reinar sobre o reino e Israel unificado. Ele durante uns anos reinara sobre Judá e só depois as restantes tribos o aceitaram como rei. David para os judeu sempre foi o modelo de rei que unifica todos à sua volta. É natural que esperassem do Messias algo parecido.

No Evangelho vemos como essa imagem estava tão enraizada nos judeus que tiveram a oportunidade de conviver com o Messias e não o reconheceram. Zombaram Dele na cruz. Foram a Sua última tentação.

Jesus veio unificar todos os povos em Seu redor, tal como David fizera com as tribos de Israel. Mas a unificação não foi política, militar, cultural ou mesmo física, foi espiritual. Todos somos irmãos, iguais perante nós e perante Deus. É essa a unidade. Deus viveu e vive entre nós, é algo muito mais profundo que a presença no Templo de então.

Neste dia de festa solene fica a pergunta: reconhecemos o nosso Rei no nosso dia-a-dia? Reconhecemos que Jesus vive entre nós hoje, neste momento? Reconhecemos Jesus na pessoa do nosso irmão? Na pessoa de quem não reconhecemos nenhum valor? Ele também está no mendigo, no marginal que dorme na rua, no criminoso na prisão, naquela pessoa que nos incomoda. Reconhecemo-Lo neles? Porque eles são os pequeno de que Jesus nos falava. Ele também é Rei deles.

domingo, 14 de novembro de 2010

Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum – Ano C

Estamos a chegar ao fim do ano litúrgico. Para estes tempos a Igreja reserva-nos leituras que falam sobre como deve ser a nossa atitude perante os sinais dos tempos e sobre a passagem do próprio tempo. O que é que todo cristão deve esperar e almejar? A vinda definitiva de Jesus.

Nos primeiros tempos do cristianismo era pensamento corrente que essa vinda seria em breve. São Paulo foi um exemplo disso. Na primeira carta aos Tessalonicenses ele deixa passar essa ideia, que teve que corrigir na carta seguinte, cujo excerto hoje foi lido na segunda leitura.

Já passaram quase dois mil anos desde a Ressurreição de Jesus. Ainda há quem tente ver nas catástrofes naturais, em presságios mais ou menos rebuscados, sinais para o fim dos tempos. No entanto não foi para nos por de sobreaviso que Jesus disse o que disse no Evangelho de hoje. A mensagem, a meu ver, é exactamente o oposto.

O que devemos fazer é sermos fieis a Deus. Cumprir os Seus mandamentos. Amar como Ele nos amou e sermos misericordiosos como ele é. Tudo o resto é irrelevante para quem é fiel. Guerras. Cataclismos. Fomes. Só seremos afectados verdadeiramente se o nosso coração não estiver em Deus. Se morrermos, vamos para Ele. Se algum familiar ou pessoa querida morrer, temos a misericordia de Deus como consolo. O verdadeiro crente perante o sofrimento dá-lhe um sentido e relativiza-o, o sofrimento deixa de ser dominante.

É isso que Jesus quer dizer com Ele nos ajudar a dar resposta aos nossos acusadores. Vai ainda mais longe, por mais que nos odeiem por sermos fieis não seremos afectados. Por fim diz: “Mas não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. Pela vossa constância é que sereis salvos.”

Estas leituras não nos deviam angustiar, nem meter medo. Se o fazem, porquê que será? Talvez seja a nossa consciência a dizer que não somos assim tão fieis. Talvez tenhamos o nosso coração no que é material ou humano. De quê que temos medo?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Para quê que serve a Economia (mercado)?

Aqui fica a ligação para um texto muito interessante que propõe uma explicação para a situação actual do país.

Vale muito a pena ler.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Perguntas

Já agora o que significa ter os juros a 6.8%? O país paga-os daqui a dez anos? Que juros estamos a pagar agora? Qual a taxa da altura?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ainda sobre Blender

Ainda sobre o filme Sintel deixo-vos aqui dois vídeos interessantes sobre a parte material do projecto. A render farm é um super servidor composto, se bem percebi, por dezasseis processadores. O objectivo desta máquina é agilizar o processo de "render", que é um processo do blender em que o programa mostra objecto criado na sua forma final, ou seja, trabalha-se no esqueleto, nas texturas, nos volumes e depois o render é juntar tudo para ver como fica. Por isso é compreensível para um projecto deste a necessidade de um super computador.

Aqui fica o vídeo da montagem da máquina e depois fica outro com a presentação mais em detalhe.





domingo, 7 de novembro de 2010

Trigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum – Ano C

As leituras de hoje tratam da Ressurreição, de como será a vida para lá do limiar da morte, a vida definitiva em Deus.

Na primeira leitura surge a noção do Antigo Testamento já de uma época tardia, já depois do regresso do Exílio na Babilónia, já com o contacto com o mundo helénico. Nos últimos séculos antes de Jesus a teologia judaica admitia a ressurreição e imaginava-a como uma continuação da vida terrena.

No Evangelho Jesus perante uma tentativa de rasteira dos Saduceus (grupo judeu que negava a ressurreição e que estava muito ligado ao poder da época) mostra que a ressurreição é algo de misterioso e de novo comparando com a vida actual. Também demonstra através da citação do livro do Êxodo (os Saduceus só consideravam como livros sagrados os primeiros cinco da Bíblia, onde estava o Êxodo) que o Deus de Israel é um Deus de vivos, incluindo os que já passaram por esta vida.

Realmente o que se passa depois da morte é um mistério. Há duas imagens que gosto de recorrer para pensar sobre este assunto. A primeira é comparar a vida a uma gravidez. O bebé na barriga da mãe não sabe o que há lá fora. Para ele o mundo, a felicidade é aquilo que ele tem vivido. Recebe de fora sons, sensações, mas perante o seu conhecimento actual pouco mais pode fazer do que suposições. Se tem alguma ideia sobre o que virá depois, será certamente muito difusa e desfocada.

A outra imagem é a do ciclo de vida da borboleta. Durante a fase da lagarta ela vive com os pés assentes em algo, normalmente folhas. A sua vida resume-se a comer e esconder-se dos predadores. Vive uma vida rasteira, na sombra. A fase do casulo representa a tomada de consciência de que vai e tem que mudar, transformar-se, abrir-se a algo maior. É a vida na fé. Depois vem a fase da borboleta. É a ressurreição, pouco resta da lagarta e da crisálida. A sua vida já não é rasteira nem escondida e encontrou a luz.

É esta a concepção cristã da ressurreição. A vida em Deus será algo totalmente diferente do actual, será algo que não imaginamos ser possível, algo novo, no entanto para o qual estamos destinados e preparados.

sábado, 6 de novembro de 2010

Os outros filmes em Blender


Elephants Dream




Big Buck Bunny


E aqui fica o making of do Sintel (bem que gostaria de trabalhar em algo desta envergadura e com este empenho)


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Calculismos de patos bravos

Perante esta notícia do jornal i só penso no calculismo do PSD na pessoa do seu presidente. Ele disse (não encontei a notícia por falta de tempo agora) que o partido iria sempre viabilizar o Orçamento, mas tinha que tentar melhorá-lo.
Sem dúvida que o melhorou, os mercados que são parvos é que não entenderam. E nós é que vamos pagar... como sempre...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Solenidade de Todos os Santos

Hoje festejam-se Todos os Santos. Para o festejar nada melhor que o ideário dito pela própria boca de Jesus:

Ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte. Depois de se ter sentado, os discípulos aproximaram-se dele. Então tomou a palavra e começou a ensiná-los, dizendo:

«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.

Felizes os que choram, porque serão consolados.

Felizes os mansos, porque possuirão a terra.

Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.

Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.

Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.

Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.

Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.»

Estas são as cahves para a felicidade, para a santidade. Faço votos que as nossas qualidades sejam superiores aos nossos defeitos e sigam ao menos uma destas directivas.

domingo, 31 de outubro de 2010

Trigésimo Primeiro Domingo do Tempo Comum – Ano C

O Evangelho de hoje termina com a afirmação de Jesus que veio para salvar o que estava perdido. Veio para salvar os que estavam afastados de Deus por responsabilidade próprio, mas também para os que estavam afastados por imposição da sociedade.

Para os primeiros, os que por várias razões se afastam de Deus por causa dos seus actos, a primeira leitura de hoje dá esperança e alento. Deus ama-nos a todos sem excepção. O ódio não faz sentido em Deus, pois Ele é todo Amor. Ele é somente Amor. O Seu Amor atrai-nos, perante Ele sentimo-nos penalizados, repreendidos e se por acaso sentimos abandono, talvez seja por causa de O termos abandonado e não o contrário. Deus criador não cria o mal, porque o amor não pode gerar ódio.

(A nível pessoal, a primeira leitura, dá-me a resposta para muitas superstições e crenças pagãs. O mal não pode ser algo com personalidade, nem demónios ou espíritos que vagueiem. Deus não pode criar ódio, se Ele é Amor. O mal é o uso egoísta da liberdade. O mal não pode criar nada, por isso não pode criar seres maléficos. Quando Jesus diz que do exterior não vem nada que torna o Homem impuro, quer dizer também que o mal vem de dentro, do tal mau uso da liberdade. Por isso não acredito em espíritos, possessões, bruxedos, demónios e coisas que tais. Até sobre os anjos tenho uma opinião restritiva. Anjo para mim não é um ser, mas uma mensagem de Deus. Qualquer pessoa pode ser um anjo se for mensageiro e mensagem de Deus.)

O Evangelho de hoje aborda numa primeira leitura os excluidos da sociedade. Zaqueu era um deles, chefe dos publicano, representava o judeu corrompido pelo poder de opressor de Roma. Para além disso era desonesto, abusava da sua posição de cobrador de impostos. Era odiado por todos. E vivia faustosamente. No entanto este judeu, Zaqueu, sentia um desejo enorme de ver Jesus. Representa aquela ambição que todos sente de serem felizes, de fazerem o bem. Ele sentia essa atracção e identificou-a na pessoa de Jesus. Quantos de nós sente essa atracção e identificam-na com deuses errados? O ser humano é um buraco à espera de ser preenchido.

Jesus ajuda quem verdadeiramente quer se aproximar Dele. Este episódio represente isso. Zaqueu não se deixou fechar pelo pecado socialmente atribuido e o próprio, esforçou-se, esqueceu o ridículo que era aquele homem, ricamente vestido, subir a uma árvore. A conversão pressupõe um esforço do convertido. E obteve uma recompensa muito maior do que esperava obter. Jesus quis passar a noite na sua casa. Jesus entrou na vida daquele pequeno homem de uma forma transformadora e radical. O que faríamos se Jesus quisesse passar a noite na nossa casa? O que fizemos quando isso aconteceu? Reconhecemo-Lo?

O convertido perante tamanha recompensa tem tendência a fazer gestos de gratidão. Zaqueu deu metade da sua fortuna e indemnizou todos os prejudicados pelos seus actos. A penitência é isso, um gesto concreto que mostra a nossa transformação. O que mostramos aos outros? O que o nosso coração agradecido e alegre mostra?

As leituras de hoje podem ser lidas de outra forma, principalmente o Evangelho. Qual é o nosso olhar? Será superficial como o da multidão que impedia Zaqueu de se aproximar? Ou será mais profundo como o de Jesus que viu para além das roupas? O ser humano é composto por qualidades e defeitos. Temos o nosso olhar treinado para ver para além dos defeitos? E das qualidades mais visíveis? O que fazemos perante alguém que nos desagrada?

É um bom treino pensar em alguém que nos desagrada, irrita, e procurar relativizar esses defeitos. Imaginar porquê que essa pessoa é assim. O que na sua história a levou por este caminho. Procurar coisas que tenhamos em comum. Muitas vezes vemos nas outras pessoas defeitos nossos. Depois podemos imaginar o olhar que Deus tem para com essa pessoa e fazer nosso esse olhar. Ao fim de algum tempo os defeitos dessa pessoa começarão a não nos afectar tanto. Aí percebemos que muitos dos nossos problemas e sofrimentos vêm da forma como olhamos os outros, nós próprios e o que nos acontece.

sábado, 30 de outubro de 2010

Serei eu um básico? Acho que sim...

Ao saber dos resultados da sondagem da Católica para a RTP, DN e JN veio-me à meninge a ideia que, das duas uma, ou os portugueses estão contentes com os políticos ou são mais básicos do que eu. Assim de repente sem pesquisa nenhuma avanço que devem existir uns dez ou quinze partidos e movimentos políticos e estas lusas alminhas escolhem sempre a mesma canalha. Não há pachorra.

Ora vejamos. Desde a entrada de Portugal na CEE tivemos dez anos de governo do PSD, Primeiro-Ministro Cavaco Silva. Depois veio o PS com o Primeiro-Ministro Guterres durante uns seis anos. O PSD coligou-se com o CDS e esteve lá dois anos e meio sob o Primeiro-Ministro Durão Barroso e mais ou menos meio ano com o Primeiro Ministro Santana Lopes. Por fim veio o PS com o Primeiro-Ministro Sócrates quase com seis anos. O PSD esteve lá no poder para todos os efeitos treze anos e o PS doze. O CDS deu uma perninha na última encarnação governativa do PSD.

Vinte cinco anos de progressos económicos fruto dos fundos europeus, que estão a acabar. Talvez seja por isso que estejamos assim, o dinheiro vai acabar e habituámo-nos a ter muito.

Vinte cinco anos de regressão na qualidade dos intervenientes políticos. A fartura de dinheiro terá desviado os competentes para o sector privado e terá estimulado os incompetentes a chegarem a cargos que em situações normais não passariam de sonhos.

Os Portugueses foram tomando várias opções. Uns deixaram de votar e influenciar as decisões do país. Os outros acomodaram-se ao rame-rame do voto no partido de sempre.

Neste momento temos o Bloco de Esquerda a capitalizar com a crise. São verdadeiramente os necrófagos da política, quanto pior o país estiver melhor para eles. Sobrevivem através das causas fracturantes, engordam com o descontentamento, com o desemprego. O PCP gostaria de ser necrófago, mas não tem dentição nem estômago preparado para tal. É mais um herbívoro que tem a sua força no número. Mobiliza o mundo sindical, mas actualmente só o mundo sindical da Função Pública é motivado. Quem trabalho no sector privado nem pensa em greve, o desemprego está mesmo ali à porta.

No Parlamento (lugar onde vão parlar) os partidos presentes estão tão viciados naquela rotina que já não conseguirão transformar-se nem transformar o país. Eu pergunto: os partidos não deviam estar sujeitos aos eleitores? Porquê que os eleitores votam sempre nos mesmos?

Parece-me que o Povo Português culturalmente não aprecia tomar decisões. Preferia ter um Governo lá longe nos gabinetes e ir levando a sua vidinha de sempre. Ninguém se chateava, eles lá e nós cá. Talvez tenha sido por isso que nunca houve nenhuma revolta popular contra o Salazar. Já por si é comodista, com um Governo que o incentivava mais ficou.

E não digo mais pois tenho que ir almoçar. A minha barriga primeiro, né?

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Original e Versão

Mais um caso em que descobri o original depois da versão.





quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Era uma vez...

… um reino algures no tempo e no espaço governado historicamente por duas famílias. A nação confiava nelas e lá iam tendo pão e diversão.

Por altura dos acontecimentos narrados nesta história as famílias eram chefiadas por líderes de bonito aspecto e de agradável prosa. Tinham sido feitos um para o outro. O povo desconfiava que dali viria boda. Mesmo se nem todos fossem convidados, haveria festa na certa. Já tinha havido uniões no passado, por isso não seria de esperar.

O tempo foi passando e a aproximação entre o casal foi acontecendo. Houve encontros a sós, no maior respeito. Houve desentendimentos. Houve pazes. Houve namoro na presença de alguém mais velho.

Finalmente por razões de conveniência e prudência iniciaram-se preparativos para a boda. Como condição para a efectiva união das duas famílias pelos laços da durabilidade e fiabilidade, o casal teria que gerar um rebento antes da conclusão do processo.

A nação ficou expectante. Perante o olhar atento de todos iniciaram-se os encontros. Um dos elementos do casal deslocava-se aos aposentos do outro para providenciarem o tão desejado fruto da sua união. Muitos populares e coscuvilheiros rondavam o palácio e conseguiam, alguns, penetrar nos corredores até perto dos aposentos. Aí viam o visitante entrar. Aí viam o visitante sair. Nada mais conseguiam apurar.

Os dias foram passando. Os encontros sucediam-se. Chegou o tempo de começar-se a saber se ia haver procriação ou não. A nação fervilhava de boatos e adivinhações. Algumas vozes clamavam por moralidade, onde já se viu os nubentes usufruírem das delícias sem a correspondente efectivação?

Certo dia um dos elementos do casal deixou o outro a esperar. Por razões que só lhe dizem respeito esperou algum tempo, mas teve que ir embora. Ficara subentendido que voltariam à habitual fruição no dia seguinte, mas isso não aconteceu. Desentenderam-se e a nação ficou horrorizada com o desenlace. Não ia haver rebento, as duas famílias não iriam unir-se em boda.

Membros de destaque de cada família ficaram com as gargantas seca de tanto esgrimirem acusações à outra parte. Vossas Excelências nunca desejaram este fruto. Não, Vossas Excelências é que estiveram de má fé. Vossas Excelências não cederam nada. Qual quê, Vossas Excelências impuseram posições não conformes.

O debate durou tempo demais sem necessidade. Havia quem desejasse fazer o rebento no lugar de um deles, até estava disposto a secretamente aceitar posições fora do comum, para o bem da nação, mas por uma ou outra razão ficaram fora da corrida. Ou eram conhecidos por não tomarem banho ou tinham assumido pouco tempo antes publicamente que não queriam intimidades com o elemento fecundador.

O rei doente que pouco tinha conseguido fazer para ajudar à geração deste rebento, nas vésperas de uma corrida às termas para rejuvenescer-se (era esse o seu secreto ensejo) deu um murro na mesa. Agravando a sua debilitada saúde exigiu uma solução. O rebento tinha que ser gerado.

E por isso, dias depois surgiu a notícia que o casal tinha usado inseminação artificial. Iria haver rebento. E a nação, como ficou?

Bem, isso é outra história...

Moral da história: O PS e o PSD não se entenderam para gerar o orçamento, mas este nascerá de qualquer forma, nem que seja em tubo de ensaio. Houve excitação sensual entre eles, mas não houve conclusão eréctil e libidinal, porque chegou-se à conclusão que tinham os mesmo órgãos reprodutores. A reprodução terá que ser feita através de barriga de aluguer ou um deles descobre-se hermafrodita. De qualquer das formas o rebento, o orçamento, será um pequeno grande ditador e a nação algures no tempo e no espaço sofrerá, talvez com menos pão e diversão mais cara.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Venha o diabo e escolha

Para descobrir as diferenças: As várias candidaturas à presidência:

Cavaco Silva




Manuel Alegre (primeira parte, o resto vejam no youtube)




Fernando Nobre (para o resto vejam no youtube)




Francisco Lopes (PCP)




Defensor Moura (não encontrei o discurso de anúncio de candidatura)




E agora a candidatura que se impõe

Mauel João Vieira


A propósito das refeições de convívio

Nos primeiros episódios da série Dexter senti uma grande identificação com o protagonista. Não pela parte do sangue e das facas, mas por parte da incapacidade de socialização. Há certas normas sociais que não domino, nem entendo.

Admito que seja falha na minha educação, que poderia ter disfarçado, se tivesse existido essa educação, alguma falha minha de feitio. Acho que já falei aqui da minha pouca experiência em relações sociais, raramente consegui manter amizades após a separação dos nossos caminhos. Os meus pais não tinham amizades fortes e da família é melhor nem falar.

Por isso tive pouca formação em reuniões de convívio. Por isso tenho pouca vontade em participar nelas. Por isso vejo pouca razão de ser para existirem, pelo menos nos padrões civilizacionais da actualidade. Percebo que no tempo em que dependíamos muito mais da natureza, do que colhíamos e caçávamos com as nossas próprias mãos, a refeição em grupo seria importante para estabelecer relações sociais, mesmo hierárquicas. Partilhar a comida e a bebida era partilhar algo de vital e por isso muito importante. Se eu estou a partilhar algo de vital para mim, a pessoa com quem estou a fazer isso é muito importante para mim e eu para ela.

Festejar um casamento é compreensível. As famílias unem-se para abençoar a nova família. Uma nova família era importante para a sobrevivência da comunidade.

Já não consigo perceber a necessidade de colegas de trabalho, que estão juntos todos os dias, de irem almoçar ou jantar juntos. Há a desculpa do convívio, mas no trabalho não se convive? Há a desculpa de estarmos noutro ambiente, mas os assuntos da conversa acabam por serem os mesmos de sempre, do dia-a-dia. Há a desculpa de estarmos mais à vontade, mas em todas as circunstâncias devíamos ser auténticos, nós próprios, se no trabalho estamos a fingir, já não somos uma pessoa inteira.

Promover uma refeição de convívio para exorcizar frustrações, problemas, tristezas, parece-me que é embarcar numa ilusão. Os problemas, as tristezas, as frustrações estão lá quando regressarmos à rotina. Não seria melhor enfrentá-las? Procurar a origem e tratá-las?

As coisas pioram, sob o meu ponto de vista, nas reuniões com muita gente. Ainda vejo algum benefício numa refeição com no máximo seis pessoas, mais do que isso já começa a ser difícil. É mais fácil as pessoas partilharem-se num pequeno grupo do que num grande. Num grupo de seis, todos estão perto uns dos outros. Num grupo de dez, se a mesa não for redonda perde-se a intimidade e perde-se a razão de ser da refeição. Num grupo de vinte ou mais formam-se pequenos grupos ou come-se sozinho. Se um grupo grande se reúne em torno de uma pessoa, porque faz anos, porque vai embora do emprego, porque vai casar, para que serve a reunião? Essa pessoa não vai poder prestar atenção a todos da mesma forma, é impossível.

Já estive em alguns almoços de despedida. O que tem acontecido? Come-se, os mais próximos do que se despede falam com ele, talvez se fale mal da empresa e no fim cumprimenta-se deseando felicidades no novo emprego. Se me sinto mais próximo dele, volto para o escritório com o coração apertado e já com saudades. Onde há a partilha? Cada um paga a sua parte da conta, nem o grupo paga o almoço ao que se despede, nem ele nos paga a refeição. Ele segue a sua vida e no meu caso provavelmente trocaremos um mail por ano no Natal e na Páscoa, se eu tiver essa iniciativa.

O mais engraçado é que acabo por gostar de almoçar com os meus colegas de trabalho. Estou entre pessoas que gosto e com quem sinto-me à vontade, tenho o meu lugar na dinâmica do grupo. Continuo sem perceber a necessidade de nos juntarmos numa refeição, pelo menos a necessidade que alguns deles têm desses encontros. Acabo por apreciar vê-los alegres, uns copos de sangria e há risadas e boas disposição. Às vezes no trabalho há risadas sem necessidade de sangria. A nível egoísta aprecio a oportunidade de provar comidas que habitualmente não encontro. A minha dieta é bastante monótona, mais ou menos equilibrada, mas pouco condimentada.

Termino com uma referência literária. Há um escritor italiano de seu nome Giovanni Papini que é uma figura polémica. Ele nasceu filho de um ateu fanático e de uma mãe religiosa, tendo sido baptizado em segredo. Cresceu sob a influência do pai. Interessou-se pela literatura. Andou pelo fascismo italiano e a uma dada altura converteu-se ao catolicismo. Foi um católico algo singular. Teve livros no Index. Enfim foi um anarquista. O que ele tem a ver com esta reflexão sobre as refeições de convívio? Num dos mais famosos livros dele “Gog” há um capítulo que me marcou muito. O livro é uma colectânea de textos supostamente escritos por Gog, um homem rico e insatisfeito com a vida. Num desse escritos ele conta a sua estranheza sobre a importância que a raça humana dá às refeições. Ele pergunta, se nas nossas casas temos um lugar próprio para evacuar o que comemos com privacidade, porquê que não temos um lugar com igual privacidade para iniciarmos o processo? Assim sendo ele mandou construir uma casa de comer confortável e discreta.

(Na antiguidade era comum as latrinas comunitárias e havia lugar de encontro nesses lugares, mas se não se manteve por alguma razão foi, não é?)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Resposta a um comentário a um texto meu

Kássia, o seu comentário à minha reflexão sobre as leituras do domingo passado deu-me bastante que pensar, originou um longo e confuso texto, que rejeitei. Vou tentar de novo sob um prisma mais leve, mas temo que seja longo (e talvez confuso).

Então não é que estou perante um paradoxo? Sim, continuo a pensar o que escrevi, mas vejo-me forçado a dar-lhe razão. Se o blog aceitasse smile, era aqui que punha um. A frase citada “achar que os outros têm sempre mais razão do que nós” é muito forte. É natural que não posso dar sempre razão ao outro. E se ele me quer matar? Tenho dificuldade em aceitar, mesmo se fosse para manter a minha fé. Ainda estou muito preso a esta vida. Tenho um longo caminho interior de fé pela frente.

É um paradoxo, mas por outro lado vem dar razão à frase do blog, não vem? Afinal estou errado nas poucas opiniões que emito.

Fora de brincadeiras e malabarismos com as palavras. Realmente escrevi um frase forte. Mas a citação não tem a frase completa. Eu escrevi: “É desagradável ter como princípio de vida achar que os outros têm sempre mais razão do que nós, mas é uma forma de exercitar a humildade”. Acho que fica menos forte. Achar que os outros têm sempre mais razão é um exercício para a humildade. E vejo a humildade como uma forma de pacificação, o humilde não se importa que o outro seja superior, que tenha mais razão, porque humildemente reconhece a sua limitação. O que extrema a minha frase é a palavra sempre, não é? Concordo.

Eu tenho uma forma de escrita instintiva, normalmente com pouca reflexão anterior. Escrevo com o coração e com o instinto. Sou preguiçoso para estudar os assuntos, teologia, política, economia. Desta forma arrisco-me a errar e muito.

Eu defendo, mesmo esquecendo-me disso muitas vezes, que devemos dar oportunidade ao outro para expor a sua verdade. “Dar-lhe sempre mais razão” simboliza isso, ser humilde o suficiente para por em causa a minha verdade perante a verdade do outro. Concordo que devemos ser nem mais nem menos que o outro, pois somos todos iguais perante Deus e perante nós próprios, mas será isso mesmo assim? No fundo, no fundo, o nosso íntimo, subconsciente, sei lá, vai fazendo hierarquias. Por mais que racionalmente encontremos razões para defender essa igualdade, o coração humano vai arranjar forma de dar a volta à questão. Daí a recomendação de Jesus: orar e vigiar. Daí ser pedagógico considerar a razão do outro talvez mais certa que a minha. Vamos tentando.

Acho que estou a ser chato, mas queria chamar a atenção para o conjunto do meu texto. No parágrafo seguinte à frase citada eu falo de que talvez o melhor seja um meio termo. Não estar sempre a rebaixar-me, nem seguir cegamente um plano. Nem dar sempre razão ao outro, nem considerar-me superior por ser sempre certinho e cumpridor das regras. Falo em navegar à vista, ou seja, cultivar a humildade (e não a humilhação, que é outra coisa), mas sabendo que tenho uma tendência natural para ver-me maior do que sou. Ter a inteligência para entender os outros e a sabedoria de não me levar demasiado a sério.

Quanto à frase do blog. É mais a forma como me sinto em sociedade, do que forma como penso que os outros me vêem. Quando comecei há quase dois anos este blog era ainda mais a primeira hipótese. Acho que tenho agora mais auto-estima e uma melhor imagem de mim que tinha na altura. Encontrei pessoas que gostam do que escrevo e isso dá satisfação. Tento não embandeirar em arco. Mais incrível é encontrar pessoas que são minhas amigas somente pelo que escrevo, eu que penso ter várias falhas no capítulo da socialização (para perceber melhor o meu espanto ver o texto de amanhã). Estou mais confiante, por isso mesmo arrisco publicar o Silveira.

No entanto, apesar desta maior confiança, ainda sinto que não consigo manter uma conversa com a maioria das pessoas. Continuo a não conseguir manter algumas conversas sem ser interrompido com mudanças de assunto.

Vou contar um episódio que me marcou (talvez até tenha traumatizado). Uns dois anos antes da Expo 98 tive a oportunidade de concorrer a um recrutamento que a PT estava a fazer para a sua participação no certame. Fui chamado para testes numa empresa de recrutamento. O primeiro teste foi logo um debate entre vários candidatos perante um psicólogo. O objectivo era falar sobre a importância da Expo para o país. Devíamos falar e falar e falar. É claro que falei pouco. É claro que fui excluido. Perguntei ao psicólogo porquê e ele respondeu-me mais ou menos o seguinte: o que importava era mostrar iniciativa, capacidade de aguentar uma discussão, por mais inteligentes que fossem as minhas intervenções o que interessava era falar, era dominar o debate. Eu estava desempregado, foi muito duro. Nem cheguei aos testes psicotécnicos. Olhando para trás, ainda bem que foi assim. Provavelmente não estaria já na PT e talvez estivesse pior empregado do que estou agora. O que queria mostrar é que desde então percebi a minha limitação no discurso falado (maior do que a limitação no escrito, que existe), tantas vezes que tento entrar numa conversa e falho, ou atrapalho-me no que estou a dizer e alguém muda de assunto. É frustrante.

“Não tenho opinião muitas vezes e quando tenho estou errado” reflecte esta atitude, que é muito mais uma incapacidade, de dar razão aos outros e que por isso elimina muitas opiniões próprias. E quando as tenho por falta de hábito ou por ignorância ou por insegurança estou errado. E volto à palavra sempre, espero que não seja sempre.