domingo, 29 de novembro de 2009

Blasted Mechanism no Coliseu

Por mero acaso descobri que estava disponível neste endereço http://www.musica.iol.pt/consola.html?mul_id=13193852 o início do espectáculo dos Blasted Mechanism de ontem dia 28 no Coliseu dos Recreios de Lisboa. Gosto de uma ou outra música que passa na rádio, não tenho nenhum cd. Admiro a criatividade e a vontade de viver uma vida diferente.

Deixo aqui o vídeo de uma músca que gosto e que por sinal tem a guitarra portuguesa do Mestre António Chainho.

Primeiro Domingo do Advento – Ano C

Maranatha, vem Senhor Jesus!

Com estas palavras iniciamos mais um tempo forte. Começa um novo ano litúrgico e nada melhor do que chamar pelo senhor da nossa salvação. No começo de uma caminhada estamos cientes daquilo que buscamos, esperamos chegar a Ele, invocamos a Sua vinda.

Na primeira leitura é invocado o movimento profético que antecipou a vinda do Filho de Deus, neste caso do livro de Jeremias, o profeta do sofrimento (na minha opinião). Ele assistiu à destruição do seu povo, fez tudo para evitar esse fim, mas nada podia evitar o poder destruidor do pecado, excepto se o pecador se arrependesse. Nessa destruição Jeremias foi voz de Deus e deu esperança a quem era fiel ao Senhor. Na nossa vida, perante o abismo das consequências do pecado, se nos voltarmos para o Senhor haverá salvação, o Messias nascerá e ressuscitaremos das cinzas do pecado.

O Evangelho, por seu lado, evoca a vinda definitiva, no fim dos tempos. Mas podemos ter também uma leitura mais imediata. O Advento pode invocar a constante vinda de Deus à nossa vida. O que temos que fazer? Estar atentos aos sinais da presença de Jesus. Libertar os nossos corações do peso do pecado, dos medos, das correias que aprisionam o nosso espírito. Por fim orar e vigiar.

Começamos o novo tempo com o nascimento de Jesus. O Advento é a preparação. Neste primeiro domingo, levemos o nosso coração das folhas caídas do cansaço da vida. Aproxima-se o inverno, vamos despir a nossa vida das folhas do acessório. Voltemos ao essencial. Jesus e a boa nova de amor que Ele trouxe.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

The Muppets: Bohemian Rhapsody

Ai que saudades que eu tinha dos marretas!

Aqui fica a mais recente obra prima deles.


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Constância na provação

1*Meu filho, se entrares para o serviço de Deus,
prepara a tua alma para a provação.
2Endireita o teu coração e sê constante,
não te perturbes no tempo do infortúnio.
3Conserva-te unido a Ele e não te separes,
para teres bom êxito no teu momento derradeiro.
4Aceita tudo o que te acontecer,
e tem paciência nas vicissitudes da tua humilhação,
5porque no fogo se prova o ouro
e os eleitos de Deus, no cadinho da humilhação.
Nas doenças e na pobreza, confia nele.
6Confia em Deus e Ele te salvará,
endireita os teus caminhos e espera nele.

Sir 2, 1-6
Hoje li de manhã este texto e lembrei-me que muitas vezes esqueço-me dele.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Estandartes de Natal

Atenção! Querem ter um pai natal pendurado de alguma janela da vossa casa? E porque não fazer outra coisa mais cristã.

Surgiu uma iniciativa que quero divulgar. Pendurar um estandarte com o Menino Jesus. É muito mais apropriado do que o pai coca-cola natal.

Aqui fica o link http://www.estandartesdenatal.org/index.htm

domingo, 22 de novembro de 2009

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo – Ano B

Chegámos ao final do ano litúrgico. Neste último domingo do tempo comum celebramos a realeza do nosso Deus. Celebramos e lembramos. Ele deverá ser sempre o centro da nossa existência. Tem sido isso que temos visto ao longo dos domingos, aprender a ser discípulo de Jesus, aprender a tê-lo como Rei, Sacerdote e centro da nossa vida.

A caminhada que fizemos levou-nos ao objectivo final da nossa existência o domínio da Jesus na nossa vida e da vida do Universo, de toda a criação. Jesus virá, vem, coroado de glória, descendo das nuvens. Como isso acontece? Quando cada um de nós é Cristo para os outros. Quanto a nossa vida é Cristo.

Curiosamente, ou não, celebramos hoje a vinda definitiva de Jesus. E na próxima semana, no início do próximo ano litúrgico, começamos a preparação da celebração da primeira vinda. A festa de hoje faz uma ligação perfeita com o tempo que se segue. Há beleza nisso.

A festa de hoje é relativamente recente, nem tem ainda cem anos. Foi instituida numa época de grande pressão sobre a Igreja. Por um lado floresciam os regimes totalitários, frutos do pensamento materialista. O homem estava no centro de tudo, o homem era o seu próprio deus. Por outro lado, em resposta a isso, havia uma pressão para levar a Igreja a assumir um papel terreno mais activo no sentido de retomar o poder que já tivera em época passadas. E o que a Igreja fez? Decretou Jesus como o Soberano Universal, soberano esse que fez do serviço, do amor, a Sua política. Nós somos súbditos de um rei de serviço, de amor. E como participantes da sua realeza, somos também servidores e mensageiros do Amor e a Esperança, soldados da Caridade, embaixadores de um Reino que não é deste mundo.

Vinde Senhor Jesus, nosso Rei e nosso Deus.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sledge Hammer

O vídeo que apresento hoje é um trabalho que fica na história da música e dos vídeos. É um trabalho de animação de imagens reais fabuloso. Aqui fica Sledgehammer do Peter Gabriel.





O nome da música faz-me lembrar sempre desta série. Lembram-se dela?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Persepolis

Há uma ou duas semanas passou na RTP2 o filme de animação Persepolis. Acho que foi nomeado para o Óscar. É um filme bastante interessante, original na forma como está desenhado, e trata de uma temática que ultimamente se tem atravessado no meu caminho: a condição da mulher no mundo árabe. Neste caso é a história da revolução islâmica no Irão na vida de uma rapariga, desde a infância até à idade adulta. O que é ser mulher naquele regime, o que é ser iraniana fora do regime.

Aqui fica o trailer e uma parte muito bem conseguida em que aparece uma versão muito particular de uma música conhecida dos filmes do Rocky, a não perder.

E recomendo!



terça-feira, 17 de novembro de 2009

Escusadas Escutas

Estou a escrever isto no domingo, por isso pode ter havido desenvolvimentos do caso das escutas da Face Oculta.

Se ontem dizia que o que faz falta é um pouco de honestidade, hoje digo que a nossa justiça não está isenta dessa falta de honestidade. O que se tem visto ultimamente? Arma-se um carnaval medonho, fazem-se julgamentos públicos com base de suspeitas, o segredo de justiça parece que só serve para os acusados não poderem saber do que são acusados (onde já se viu isso?) e nem poderem falar sobre o caso. As escutas são a base da acusação porque nas contas bancárias, território sagrado (e faz sentido se a trindade santa da sociedade é o dinheiro, poder e prazer), ninguém toca. E depois ninguém é condenado porque as escutas são nulas.

Ouvi um comentador dizer que a justiça está a meter-se na política. É verdade. Quem mais se não a procuradoria da república quem tem deitado para a comunicação social as fugas de informação? Como é que a rtp teve acesso aos mandatos de captura no início do processo? Como parece que o PS está já em campanha eleitoral, também os opositores não olham a meios para denegrir a já denegrida imagem do partido do Governo. Pois parece que estes casos são plantados com critério.

Quando o primeiro ministro é escutado, o que não se dirá de nós, pobre mortais? Vivemos num regime de liberdade ou numa ditadura? Talvez vivamos na ditadura da democracia. Não se pode honestamente e com seriedade pensar no modelo de governo, na estrutura da gestão do bem comum. Estamos constantemente a ser bombardeados por escândalos, que mais parecem ter como único fito, não a busca da verdade, mas manipulação das consciências para desejarem salvadores da pátria, salazares mais politicamente correctos. Neste momento somos um país seguríssimo, não há assaltos, nem violência, há ladroagem no poder. Daqui a uns tempos voltam as ondas de assaltos e surgem sempre alguém vociferando por mais segurança, mais polícia, mas repressão. Quanto tempo demorará o Alberto João Jardim dizer lá da Madeira que precisamos de uma nova República?

Faço minhas as palavras do Bastonário da Ordem dos Advogados. Está na hora de ser notícia o resultado dos julgamentos e não a investigação.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Uma face inculta

Há algum tempo que queira escrever sobre este caso da Face Oculta e quanto mais tempo foi passado, mas episódios foram aparecendo, desconfio que ainda não acabaram.

O que me apraz dizer sobre este assunto? Em primeiro lugar chamo aqui um texto escrito pelo Alma Peregrina a propósito das eleições. Tenho me lembrado muito desse texto por causa deste caso. Concordo com ele, mas analiso este caso sob outro ponto de vista, que no fundo vai dar ao mesmo.

O que se passa na Face Oculta? Pouca vergonha. Há um indivíduo que para ganhar mais dinheiro estabelece uma rede de contactos para o favorecerem. Em vez de aceitar os ditames dos concursos públicos e sujeitar-se ao resultado menos favorável, ele procurou influenciar quem decide a seu favor. Houve troca de dinheiro, está claro, e géneros também. Isto é uma forma de por o problema.

Outra é: alguém conhece muitas pessoas, que conhecem outras e através desses conhecimentos geram riqueza. As regras existentes são injustas porque atravancam a livre iniciativa. Vivemos numa selva. Não estavam a roubar ninguém em particular. A concorrência se pudesse faria o mesmo. Todos somos pessoas honradas, temos cargos de muita responsabilidade. O Estado massacra-nos com tantos impostos, para depois usá-los mal. Mais vale que seja para nós, que pagamos os impostos.

Que tipo de pensamento está por trás deste caso. Roubar ao Estado não é mais do que reaver o que é nosso por direito. Como o Estado é incompetente, não merece respeito. Já pagamos tantos imposto, que mal tem um amigo dar-os uma ajudinha num caso de somenos?

Sabem o que me alarma? É que qualquer um pode participar num caso destes. Quantos de nós já não obtivemos discos, filmes ou séries ilegalmente? Eu tenho uma pequena quota parte nisso, menos do que muitos, talvez a maioria, mas não estou isento.

Eu vejo a corrupção num mesmo patamar que estes “pequenos” delitos. Têm a mesma origem. Um afrouxamento moral. No meu emprego já tive que me conter no meu entusiasmo para emprestar um disco, pois sabia que iria ser logo copiado para quatro ou cinco pessoas. Está como socialmente aceitável sacar música, filmes, séries da net. Qual a justificação? Porque é fácil e porque eles (entidade abstracta que produz os conteúdos) não perdem dinheiro, porque têm muito dinheiro. Somos todos Robins dos Bosques, mas sem collants.

Parece-me que o que falta à nossa sociedade é uma cultura de honestidade. Não peço moralidade porque poderia ter más interpretações, talvez ética. Não demos por a culpa das nossas más acções no exterior, pois se compramos um dvd pirata foi porque quisemos, ninguém nos obrigou. Não vale dizer que os bilhetes de cinema são caros, ninguém nos obriga ir ver os filmes. Podemos esperar que dêem na televisão ou apanhá-los numa promoção de dvds de alguma loja. Comprar num dvd pirata por estas razões é ser egoísta.

E o que se aplica a um dvd pirata, aplica-se à fuga aos impostos, aplica-se às infracções ao código da estrada, aplica-se às cunhas para empregos, aplica-se aos favores da face oculta, apitos dourados e quejandos. Não precisamos de melhores leis ou de melhores agentes da justiça, precisamos que honestidade.

domingo, 15 de novembro de 2009

Liturgia das Horas online

Chamo a atenção para quem não conheça ainda este site. É um serviço interessante. Quem quiser e puder pode rezar a Liturgia das Horas através do seu computador.

Aqui fica o link http://www.liturgiadashoras.org/

Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum – Ano B

Quem tem medo do Apocalipse? As leituras de hoje remetem-nos para essa realidade. O fim dos tempos. O fim do mundo. Porquê que existe este medo na nossa cultura? Não deveríamos todos ansiar pelo encontro definitivo com Jesus ressuscitado? Não estaremos a ser como os judeus do tempo de Jesus que esperavam por um Messias terreno? Desconfio que o medo deve-se à consciência dos nossos pecados. Precisamos de mais tempo para libertarmo-nos do pecado. Não será uma ilusão?

A primeira leitura e o Evangelho têm duplas leituras. O livro de Daniel fala do tempo em que a Palestina estava a ser helenizada, cento e cinquenta ou duzentos anos antes de Cristo. Era a época dos Macabeus. A vinda o anjo Miguel era o momento em que o Senhor iria intervir na História e iria castigar os que atormentavam o povo judeu.

No Evangelho o tempo em que o Sol e a Lua escurecerem será a queda de Jerusalém por volta do ano setenta às mãos dos romanos. A Igreja ficará livre da perseguição dos judeus. Outras virão...

Então o que podemos tirar das leituras de hoje, se mais parecem falar de coisas do passado? Pois parecem, mas ensinam-nos a esperar sempre em Deus. Ele acabará por triunfar e nós com Ele. Tudo passa, mas a Sua Palavra não. Procuremos sempre ver os sinais dos tempos, os rebentos da figueira.

Hoje celebra-se o dia dos Seminários Diocesanos. Na minha paróquia estiveram presentes oito seminaristas. A celebração assumiu para mim um carácter especial. O tempo deixou de existir e senti-me nos primeiros tempos da Igreja. O ancião, talvez São Paulo ou São Pedro, presidia à ceia. O povo, nós, estava presente para ouvir a Palavra e partir o Pão. Vários homens honrados, os seminaristas, estão a aprender a seguir o caminho proposto pelo ancião. São os Timóteos, o Titos deste tempo. Rezemos por eles e pelos Seminários.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Caderno Afegão

A minha mais recente leitura foi o livro Caderno Afegão da jornalista Alexandra Lucas Coelho. Ela em 2008 passou um mês no Afeganistão. Enviava reportagens para o Público e crónicas para a RDP.





Agora publicou uma espécie de diário de viagem desses dias. É muito interessante. Salta à vista o estatuto da mulher naquele país e temos oportunidade de tomar contacto com uma realidade que só mesmo uma jornalista, mulher, poderia presenciar.

É muito interessante e como objecto é bonito. Gosto da capa e no interior tem um mapa do país para nos situarmos.
Recomendo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Encruzilhada, impasse, whatever

É assim que me sinto, num impasse, numa encruzilhada, algo do género que gera em mim vazio, apreensão e um montão de outros conceitos parecidos. Das minhas leituras d'Os Maias tenho a palavra, agora em desuso, blague, se é que alguma vez foi de uso corrente.

Tudo isto gera em mim cansaço. Mais metafísico do que material, mais espiritual do que psicológico, mas também psicológico. Sinto-me como que numa ressaca depois da euforia. Quando é que foi ela?

Esta encruzilhada afigura-se-me como aquele ponto onde muitos deixaram de ter fé. Onde muitos deixaram de ser não praticantes, para serem agnósticos ou sem religião. Sinto-me terrivelmente como Jesus terá se sentido (perdoem-me a comparação) perante o judaísmo. Vazio. Ritos vazios. O povo ama-Me com os lábios, mas não com o coração. Eu sou assim. As minhas orações, apesar dos meus esforços, são vãs e distraídas repetições, sobretudo o terço. São momentos de encontro familiar, mas também de viagem mental para o meu mundo, umas vezes povoados de histórias que vou desenvolvendo, outras de preocupações (doença dos meus pais, trabalho), mas também viagens pelo cantr ou hattick ou uma qualquer série que sigo.

Todo o esforço que faço para aprofundar a oração acaba por afundar-se na rotina, no vazio. Até mesmo a meia hora sagrada que faço todas as manhãs ao levantar começa a ser atacada pela minha mente delirante. Não consigo controlar os meus pensamentos. Não consigo concentrar-me. Nem as técnicas de relaxamento funcionam funcionam mais. O que me vale é ler todos os dias um capítulo da Bíblia e depois escrever um apontamento sobre ele.

Estou finalmente a sucumbir. É a doença do meu pai. Aí está uma causa próxima. Outra está na educação superprotectora dos meus pais, sobretudo da minha mãe. Não estou preparado para o mundo onde vivo. Sou comodista e egoísta. A situação na empresa é causa e começo a sentir no meu desempenho aquilo que muita gente fala das equipas de futebol: os problemas de balneário influenciam o rendimento dos jogadores. É muita pressão. Ter internet também não tem ajudado. Tenho menos tempo para aquilo que me faz mais feliz que é escrever na minha saga. Desde as férias devo ter escrito somente numas cinco ou seis noites e num fim-de-semana. Tenho medo de morrer e deixar aquilo incompleto. Não penso morrer tão cedo, mas nunca se sabe.

Neste momento tenho várias preocupações. Duas delas são do mais estúpido que pode haver: pedir o cartão de cidadão, porque em Dezembro o BI expira e saber se envio um postal e uma boneca para a minha afilhada da Helpo. Qualquer pessoa normal não veria problema nenhum nestes assuntos, mas eu não...

Tudo isto porque ando inquieto. Sinto que a minha relação com Deus está em crise. Todos o dias me pede aquilo que não quero dar. Há que ser realista. Eu podia participar nas actividades da paróquia. Ser voluntário na conferência vicentina. Quem sabe ser até acólito. Não sou porque não quero. Porque ponho outras coisas à frente disso. Porque não quero andar de noite, pois só de noite é que há as reuniões na paróquia. Porque não quero que a minha mãe fique preocupada. Se eu tivesse verdadeiramente fé, não teria medo. E o que mais eu tenho é medo. Medo da mudança. Medo de me doar e sofrer depois. Medo da rejeição. Medo do desprezo. Medo da humilhação.

O que vai ser de mim quando os meus pais morrerem? Vou estar absolutamente só. Serei aquele rico que foi ter com Jesus. Era cumpridor da lei, mas era muito rico. Eu estou cheio de tralhas. Não sou capaz de viver sem medo. Também, a bem da verdade, não sou capaz de viver sem Jesus na minha vida. Será mais uma rotina? Fará Ele parte de mim tal como os meus medos, as minhas preocupações, vícios e manias, tralhas?

Ouço falar de pessoas felizes mesmo no meio do sofrimento. Foram, são felizes apesar do sofrimento, porque tinham fé, porque viviam no amor, pelo amor de Deus. Como se faz isso?

A minha fé tem duas faces. Tenho fé porque quero ter. É uma vontade minha. Não suporto a ideia de não ter fé. Quero porque ela é parte daquilo que sou, explica-me, é o cenário onde existo. A outra face é o intelecto. Tenho fé até ao ponto em que intelectualmente chego. Tenho dificuldade em entender e reflectir na minha vivência a alegria cristã. A minha fé não me vem do coração e por não vir, talvez me sinta da forma com tenho descrito, já que sou emocional em quase tudo o resto.

Gostava de ter a fé de quem vai a pé a Fátima. De quem se emociona com o sofrimento alheio. De quem reza o terço sem sentir que está a fazer algo vazio de sentido.

Como posso amar a Deus com todas as minhas forças e todo o meu entendimento? Como posso amar o próximo como a mim mesmo, se nem gosto de mim?
Como posso traduzir estes mandamentos na minha vida diária?
Como posso amar quem me irrita?
O que é isso de amar? O que é?
Como é que a Palavra me pode alimentar se tudo o que leio é: abre-te aos outros? Entrega-te? Ama?

Será isto a noite escura de que falava São João Cruz? Não. Não me posso equiparar a algo tão elevado. Simplesmente é uma crise de fé. A encruzilhada por onde os descentes passaram e seguiram no sentido descendente. É aqui que o Purgatório partilha terrenos com o Inferno.


Este texto foi escrito no sábado passado à noite,
 depois senti-me em paz

domingo, 8 de novembro de 2009

Trigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum – Ano B

Leituras de hoje falam de generosidade, de pobreza generosa. Na primeira leitura e no Evangelho aparece-nos a figura da viúva, ícone por excelência do pobre e desamparado na Bíblia. A mulher por si só era desprotegida, quando ficava viúva pior ficava. Desde o início que a Lei procurou mudar o coração humano para ter atenção especial à viúva, ao órfão e ao estrangeiro. E desde o início que isso foi sendo esquecido de tempos a tempos.

Mas não é disso que as leituras de hoje tratam. Pelo menos, não é o assunto principal. O Evangelho interpela-nos a analisar a nossa generosidade. Damos porque nos sobra ou porque queremos dar-nos nessa oferta. Tantas vezes que damos só para ficarmos com a “consciência tranquila”, mas é mais para afastar quem nos incomoda do que para realmente ajudar.

Quando entro numa igreja, que tem um ou mais pedintes à entrada, fico sempre na dúvida se devo ou não dar-lhe uma “moedinha”. Incomoda-me a obrigação de dar. Incomoda-me a ideia de não dar a quem precisa. Incomoda-me saber que há pedintes profissionais. Incomoda-me não atender aos seus pedidos. Incomoda-me julgar as razões porque eles fazem isto. Se dou, questiono-me para onde vai o dinheiro. Será para algum vício? Estarei a ajudar mesmo aquela pessoa dando-lhe dinheiro? Já há tantos apoios estatais (há quem diga que são demais), tenho mesmo obrigação de dar? Porquê que sinto-me tão culpado?

Costumo ser generoso na renúncia quaresmal e na campanha de Natal da paróquia. Estarei a dar o que me sobra ou a dar-me por completo? Como é que poderei dar-me sem necessitar de dar tudo o que tenho?

sábado, 7 de novembro de 2009

Adeus, Lenine

Na próxima segunda-feira comemora-se o vigésimo aniversário da queda do muro de Berlin.

Para comemorar deixo aqui a recomendação para um filme que aborda de forma única este acontecimento. Chama-se Adeus, Lenine. Fui ver este filme ao cinema e foi dos que mais me emocionou. Cheguei ter uma lágrima no canto no olho. Nos últimos tempos tenho pensado muito neste filme, reconheço-me cada vez mais no personagem principal. Os leitores frequentes irão compreender.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Devoções

Por causa deste texto, neste blog, resolvi falar, para divulgar uma ideia interessante nele contida. Todo o texto é interessante e o poema também, mas o que me tocou foi a ideia de rezar uma avé-maria sempre que se ouve uma ambulância. É uma ideia muito boa. Reza-se pelo aflito e por quem o vai socorrer.

Divulgo-a aqui para quem por aqui passe a leve para si.

Eu tenho uma devoção algo parecida que me foi ensinada pela minha mãe. Sempre que vejo um carro funerário rezo pela alma do defunto:

Dai-lhe Senhor o eterno descanso,
entre os resplandores a Luz Perpétua.
Descanse em paz, Amén.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos

Hoje na Igreja recordamos todos os nossos irmãos defuntos. Tal como ontem celebrámos todos os santos, hoje recordamo-nos de todos os que já passaram para a eternidade. É a oportunidade para rezarmos pelas almas do purgatório, principalmente por aquelas que não têm ninguém que reze por elas.

Hoje recordamos a nossa pertença ao Corpo Místico. A nossa oração beneficia todo o corpo. Quer viva no tempo e no espaço, quer já tenha passado para a transcendência.

O meu entendimento de purgatório talvez seja diferente do que eu acho que muita gente pensa. O purgatório não me parece ser uma etapa depois da morte e antes do céu.

À luz do Corpo Místico todos os que estão no mundo estão em estado de purificação (como que na barriga da mãe em gestação). A nossa oração circulando nos canais do Corpo sai do tempo e do espaço e vai beneficiar aquela pessoa no tempo e no espaço dela, mesmo que seja muito tempo antes de eu nascer, noutro continente ou noutro planeta.

Mais, devemos rezar por todos. Por duas razões principais: porque não devemos julgar nem condenar ninguém; e porque mesmo o maior pecador poderá no último instante arrepender-se do seu pecado. A nossa oração pode influenciar, iluminar a escuridão desse pecador, poderá ajudá-lo a abrir-se ao amor de Jesus.

domingo, 1 de novembro de 2009

Tradição familiar

Neste dia de Todos os Santos cá em casa há uma tradição que vem da família da minha mãe. Ela é do norte, Alto Minho, e na vila existia uma feira neste dia. Um dos produtos mais vendidos eram as castanhas.




Cá em casa é tradição comer nesta noite castanhas cozidas depois de comermos bacalhau com batatas (como o meu pai é diabético, há mais hortaliça) regados com um molho, que eu chamo à espanhola. Ou seja, nós fazemos o mesmo que é feito na consoada, tirando a parte das castanhas.

Eu gosto muito de castanhas. Fazem-me sentir parte da história (tanto comê-las como participar na tradição familiar). Quando andava na escola primária ouvi dizer que os lusitanos comiam castanhas, que elas eram a base da sua alimentação. Ao comer no dia de hoje castanhas, estou a comungar com essa memória, estou a acompanhar esses nossos antepassados, a ser parte deles. Também entre eles terão existido Santos.

Há gestos, ritos, que nos fazem quebrar as barreiras do tempo, que sendo comuns a várias eras nos caracterizam como povo, cristãos ou mesmo seres humanos.

(queria ser mais efusivo, mas estou chocado pela notícia do falecimento do António Sérgio)

Por outro lado, há uma tradição que nunca pegou na minha família: o Pão-por-Deus. Curiosamente a minha mãe foi dar a um menino, aqui do bairro, que tendo idade para falar não fala ainda, um pacote de bolachas Maria. O menino parece um anjo barroco, lourinho cheio de caracóis. Ela decidiu dar-lhe por ser o dia do Pão-por-Deus. (acho que foi só uma desculpa, pois já lhe deu bolachas noutras ocasiões, mas fica o gesto)

Rádio mais pobre

Eu vinha aqui escrever sobre outra coisa, mas ao abrir o Google soube da morte do radialista António Sérgio. Nunca fui ouvinte assíduo dele, mas reconheço nele um estatuto impar no panorama da rádio nacional.

Como homenagem deixo o link ao blog da rádio Radar onde trabalhava. Os comentários não param de crescer.

http://blogradar.blogspot.com/2009/11/antonio-sergio-1950-2009-o-mestre.html

Que descanse em paz junto ao Senhor

Solenidade de Todos os Santos


Na igreja de São Domingos o prior, neste dia, costumava dizer que hoje festejamos todos os santos incluindo os da nossa família. Para ser santo na Igreja não preciso fazer nada de heróico, passar por grandes sofrimentos, ser muito douto. Não. Basta ser fiel a Deus e viver no Seu Amor. Tantos homens e tantas mulheres que passaram pelos bancos da igrejas anonimamente e que agora estão sentados à mesa com Deus.

É isto que festejamos hoje. A alegria de termos santos na nossa família. Todas as famílias têm. E porquê? Porque a misericórdia de Deus não tem limites e a Deus tudo é possível.

O que cabe a nós fazer? Seguir as bem-aventuranças e confiar na misericórdia divina.