Estou a escrever isto no domingo, por isso pode ter havido desenvolvimentos do caso das escutas da Face Oculta.
Se ontem dizia que o que faz falta é um pouco de honestidade, hoje digo que a nossa justiça não está isenta dessa falta de honestidade. O que se tem visto ultimamente? Arma-se um carnaval medonho, fazem-se julgamentos públicos com base de suspeitas, o segredo de justiça parece que só serve para os acusados não poderem saber do que são acusados (onde já se viu isso?) e nem poderem falar sobre o caso. As escutas são a base da acusação porque nas contas bancárias, território sagrado (e faz sentido se a trindade santa da sociedade é o dinheiro, poder e prazer), ninguém toca. E depois ninguém é condenado porque as escutas são nulas.
Ouvi um comentador dizer que a justiça está a meter-se na política. É verdade. Quem mais se não a procuradoria da república quem tem deitado para a comunicação social as fugas de informação? Como é que a rtp teve acesso aos mandatos de captura no início do processo? Como parece que o PS está já em campanha eleitoral, também os opositores não olham a meios para denegrir a já denegrida imagem do partido do Governo. Pois parece que estes casos são plantados com critério.
Quando o primeiro ministro é escutado, o que não se dirá de nós, pobre mortais? Vivemos num regime de liberdade ou numa ditadura? Talvez vivamos na ditadura da democracia. Não se pode honestamente e com seriedade pensar no modelo de governo, na estrutura da gestão do bem comum. Estamos constantemente a ser bombardeados por escândalos, que mais parecem ter como único fito, não a busca da verdade, mas manipulação das consciências para desejarem salvadores da pátria, salazares mais politicamente correctos. Neste momento somos um país seguríssimo, não há assaltos, nem violência, há ladroagem no poder. Daqui a uns tempos voltam as ondas de assaltos e surgem sempre alguém vociferando por mais segurança, mais polícia, mas repressão. Quanto tempo demorará o Alberto João Jardim dizer lá da Madeira que precisamos de uma nova República?
Faço minhas as palavras do Bastonário da Ordem dos Advogados. Está na hora de ser notícia o resultado dos julgamentos e não a investigação.
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