quinta-feira, 30 de abril de 2009

A minha vocação

Tinha pensado escrever sobre vocações nesta semana, reflectindo o meu caso, e parece que pouco fiz até agora. Penso que para alguém analisar a sua vocação deverá pensar primeiro na sua história.

Resolvi falar só hoje sobre a minha vocação, pelo menos aquela que acho que tenho, por uma razão simbólica. Hoje em Lisboa começa a Feira do Livro e estou convencido que a minha vocação passa pela escrita.

Parece paradoxal chegar a esta conclusão sabendo que durante o tempo escolar não gostava de escrever. Só comecei a ter o gosto pela escrita quando deixei a escola. Passei vários anos desempregado e passando por tribulações psicológicas. Descobri na escrita uma forma de por cá para fora o que sentia, o que estava a passar. Comecei por escrever versos, fiz muitos poemas, que me ajudaram a relativizar muitos dos meus problemas.

O tempo foi passando, arranjei o meu primeiro emprego estável. Comecei a desejar ter um computador. E isto é muito importante. Eu não gostava de escrever à mão. Sou um pouco disléxico e troco muto os “pre” pelos “per” e dava muito erros. Experimentei escrever numa máquina, mas como me engano muito não gostava.

Finalmente há dez anos atrás comprei o meu computador e tudo mudou. Praticamente deixei de escrever poemas e passei para a prosa. Já tenho uma considerável obra na gaveta, nada que ache que valha a pena publicar… ainda.

Voltando à vocação. Durante muito tempo a escrita era um passatempo, mais nada. Comecei a encarar de outra forma depois de um dia de Santo António ter assistido a uma missa na igreja de São Domingos. O evangelho desse dia era a parábola dos talentos. Senti como nunca antes que aquele texto era dirigido especialmente a mim. Mesmo só com um talento tenho que o fazer render. Ora se só descubro em mim um certo talento para escrever é por aí que tenho que seguir. Isso não quer dizer que escreva exclusivamente sobre religião, para mais que gosto de escrever histórias, mas espero que um dia quando alguém venha a ler o que escrevo que reconheça a minha escrita como cristã ou que ajude alguém a descobrir Cristo.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Isto é o que dá andar a pensar no passado

Ao escrever o texto anterior lembrei-me de um episódio desses anos difíceis e que me marcou e chocou muito.

Num dia de inverno três adolescentes saltaram do viaduto Duarte Pacheco para a morte. Havia problemas de droga envolvidos. Na Antena 3 houve um programa especial de debate sobre o assunto. Houve telefonemas, um deles era de um rapaz que fumava heroína que queria sair, mas estava quase, quase a começar a injectar-se. Foi um debate marcante. No final um dos apresentadores, o Henrique Amaro, deixou uma música que na sua opinião ilustrava um pouco aquele episódio.

Essa música passou a ser para mim algo de especial, talvez algo que me lembre a subir à tona de água para respirar. Que depois da escuridão o sol, mesmo por trás das nuvens, nasce sempre. Os GNR nunca e tocaram especialmente excepto neste Bellevue. Deixo aqui duas versões ao vivo, a de baixo parece-me mais próxima do disco, mas não tem imagem.




A minha caminhada pelos vales da desolação

Quando acabei o décimo segundo ano não consegui entrar na universidade. Foi o início de uma crise profunda que só consegui superar uns cinco anos depois. Entrei para um curso que me permitiu aprender informática (vital para a minha actual situação). Mas depois estive quatro anos em que só trabalhei uns oito meses. A procura do primeiro emprego foi muito difícil e do segundo ainda mais.

Andei muito perdido. Nessa altura se fosse um jovem da minha idade normal teria entrado num mundo perigoso. Felizmente não saía à noite, não tinha amigos que me pudessem levar a experiências com álcool ou drogas. Desejei alienar-me. Nos meus mergulhos a imaginação vivi vidas dessas. Observava o lado alienante dos marginais. Desejava ter uma vida diferente, de sucesso, de felicidade. Mergulhava nas novelas. Cheguei a pensar que a televisão era a minha melhor amiga. Ficava arrasado quando acabava uma telenovela. A minha vida não tinha mais nada de interesse excepto quando via a três diárias (ao meio-dia, no final da tarde e à noite).

Costumo dizer que a minha adolescência aconteceu mais tarde do que o normal. Enquanto os da minha idade andavam na universidade eu quase que enlouquecia em casa e rebentava-me o acne na cara. Esse sentimento de loucura aconteceu-me numa semana em que saí de casa para ir à missa e só voltei a sair na semana seguinte para voltar à missa. Ganhei medo de andar na rua, de procurar emprego. Foi difícil.

Numa tentativa de arranjar emprego na CP como revisor tive uma conversa interessante com uma psicóloga. No processo de recrutamento tínhamos que passar por uma entrevista com uma psicóloga. Falámos um pouco e eu disse-lhe que não encontrava nada de especial em mim, que queria ter algo de especial como tantos outros. Ela disse-me algo do género que nem todos temos coisas especiais, que a maioria não tem nada de especial onde se destaque. Devo confessar que não fiquei convencido. E ainda não estou convencido. Todos temos algo de especial, podemos é não desenvolver isso.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Vocação minha – reflexão

Como já disse na minha infância e adolescência não demonstrei qualquer inclinação para o quer que fosse. Fui um aluno médio, que pertencia aos melhores das turmas por onde passei porque a média geral era bem fraquinha. Fui anónimo entre anónimos. Perdi o contacto com todos os colegas de escola e com os de trabalho antes deste actual. Como se vê o contacto social nunca foi o meu forte.

Apesar de gostar muito de música nunca tive jeito para tocar e cantar também. Tudo o que implicasse aplicação física também não me interessou. Desporto, dança, teatro, nada. Nunca gostei de escrever. Andei o tempo todo da escola a passar a custo às disciplinas de línguas, isso quando não chumbava. O meu pior ano foi o oitavo que passei-o com nega a português e francês. A educação física não contava.

O que é que me preocupava nesses anos? Não chumbar. Os meus pais queriam que passasse e que garantisse um bom futuro. Agora acho que preocupei-me e demasia, talvez até conseguisse melhores notas.

Houve outra constante no meu crescimento para além de passar de ano. Eu devia estar na primeira ou segunda classe, quando fiquei em casa doente com varicela ou algo desse género uns quinze dias. Passei esse tempo de cama e sem nada para fazer. Os meus pais nunca foram muito sensíveis à importância da leitura e não havia, também, dinheiro para tal. Por isso não lia quase nada nesses anos, a não ser os livros da escola. Nesse tempo de cama descobri a mais maravilhosa máquina que existe: o cérebro. Descobri que podia viver o que quisesse na minha imaginação. Daí em diante passei a aproveitar todos os momentos livres para mergulhar na minha imaginação. Tantas aventuras e histórias que vivi.

Isso ocupou-me espaço na minha vida. Se de natureza, por ambiente familiar, era pouco sociável mais fiquei. Nunca me passou pela cabeça encontrar-me com os colegas depois da escola. Tinha que fazer os trabalhos de casa, tinha que ver os bonecos, a minha mãe não ia deixar.

Enfim. Até à vida adulta a minha vocação foi ser obediente aos meus mais e mergulhar na minha imaginação.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um primeiro lampejo de reflexão sobre vocações

Nesta semana a Igreja propõe-nos que rezemos pelas vocações, em lato senso, mas também de uma forma especial pelas vocações religiosas. Esta proposta vai ser um bom pretexto para meditar um pouco sobre as vocações, em particular a minha.

A minha paróquia mudou de pároco há quase três anos. No tempo do anterior este tempo para mim era penoso. Eu gostava muito da forma como ele comunicava, mas neste tempo ele era particularmente incisivo e sentia-me muito interpelado para pensar no que estava a fazer com a minha vida.

Ciclicamente questiono-me se não devia ir ou ter ido para uma vida religiosa consagrada. O trajecto da minha vida não me levou para aí. Se soubesse o que sei hoje, se tivesse a tranquilidade de fé que agora tenho, no tempo da minha adolescência, teria entrado por essa via, pelo menos para ver se era mesmo isso que estava destinado para mim.

Uma das coisas que mais me entristece na minha história foi nunca ter tido um objectivo definido para minha vida. Ao longo do tempo fui mudando de opinião. Quando me perguntavam o que queria ser quando fosse grande ou não sabia dizer ou dizia coisas vagas. A minha mãe diz que eu cheguei a dizer que queria ser palhaço. Não me lembro disso, lembro sim de desejar ser artista de circo, trapezista ou malabarista. Houve uma altura entre o sétimo e o nono anos que quis ser veterinário (tinha um colega que queira ser e eu imitei-o inconscientemente), mas percebi que iria ser difícil e mexia com sangue, por isso acabei por seguir a área financeira que num raro momento de lucidez pareceu-me dar melhores saídas profissionais. E ainda cá estou.

domingo, 26 de abril de 2009

Terceiro Domingo da Páscoa - ano B

Cristo ressuscitou, e agora?

Nos domingos passados meditámos sobre a ressurreição e a fé nela. Agora somos chamados a meditar sobre o que isso significa para a nossa vida.

Na primeira leitura São Pedro discurso no Templo e afirma que Jesus viveu, morreu e ressuscitou para que alcançássemos o perdão dos nossos pecados. A ressurreição de Jesus tem essa consequência para quem acreditar Nele. Isso diz-nos São João na segunda leitura. E é afirmado pelo próprio Jesus quando apareceu aos discípulos após o episódio de Emaús.

A libertação que Jesus veio trazer foi a do pecado. Quem acredita Nele fica fora da influência do pecado. Por isso, o tempo pascal é tempo de especial alegria. Até a natureza acompanha-nos nessa celebração.

Outro aspecto interessante é que, tanto na primeira leitura como no Evangelho, aparece uma referência ao testemunho dos Apóstolos. Eles foram constituidos testemunhas da Ressurreição de Jesus por Deus. Jesus o diz e São Pedro confirma.
Tal como os discípulos, nós somos chamados a dar testemunho desta Boa Nova, desta Esperança, desta libertação. E não devemos ficar impressionados ou admirados com as reacções estranhas relatadas no Evangelho de hoje. Os discípulos pouparam-nos muitas dúvidas que teríamos se elas não lhes tivessem ocurrido. Dêmos graças pelas suas dúvidas, pois graças a elas, assim que as esclareceram a Igreja pôde alicerçar-se a fé recém adquirida e confirmada dos Apóstolos.

Cristo ressuscitou, e agora? Agora dêmos graças, fortaleçamos a nossa fidelidade e dêmos testemunho dela.

sábado, 25 de abril de 2009

Harry Potter and the Half-Blood Prince

Para que conste, eu sou um dos muitos apreciadores da saga do Harry Potter. Tenho os livros todos (li até o último em inglês para não esperar pela edição portuguesa). Já dos filmes não sou grande apreciador, o último só vi em dvd. Saíu outro trailer do próximo filme e parece-me ser o melhor que já vi dos que saíram.

Aqui fica


EU Profiler

No dia de hoje, 25 de Abril, proponho a visita a um site da responsabilidade do Instituto Universitário Europeu, do Kieskompas e do NCCR/Politools. Este site é uma boa ferramenta que nos ajuda a ver a nossa posição no espectro político nacional e europeu.
Responde-se a uma série de perguntas e no fim aparece um gráfico com a nossa posição em relação aos vários partidos. Podemos ver a resposta do partido mais próximo a cada pergunta que respondemos. Depois podemos comparar as nossas respostas com outros partidos. É bastante interessante.
Tenho que agradecer, mais uma vez, ao blog Toques de Deus pois foi lá que descobri esta proposta.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Nos corredores da justiça


Na quarta-feira tive uma experiência interessante num tribunal. Achei interessante porque nunca tinha estado num e porque fui só acompanhar os meus pais. Não cheguei a entrar na sala com o juiz, fiquei pelo corredor.

Vi bastante gente, alguns advogados de todas as idades, testemunhas e partes interessadas. Presenciei uma coisa que julgava só acontecer nos filmes, séries e realidade americanos: vi dois advogados que representavam partes opostas conversarem à procura de um acordo antes de chegar ao juiz. Ouvi um advogado (que não encarei com ele) a dizer para o seu cliente que a outra parte (talvez queixosa) queria dinheiro, mas deu a entender que não ia conseguir nada.

Outra coisa interessante foram os empregados judiciais, ou melhor, a forma como vestiam. Sempre pensei que nos tribunais os funcionários fossem obrigados a vestir com alguma formalidade, afinal trabalham num órgão de soberania. Mas não. Havia um empregado de t-shirt, mostrando o músculo do braço, talvez sinal de muito ginásio, calças de ganga e ténis. As mulheres também vestiam de forma causal. Os advogados, sobretudo os homens, acabavam por destoar aparecendo engravatados.

Enfim, não fiquei lá muito tempo, o que foi positivo.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Clausura

Parece-me que este assunto está sempre a surgir-me pela frente. Começo a pensar que não é coincidência.

Aqui fica um link para um texto do blog Toques de Deus. O texto vem na sequência deste texto sobre o bailarino que entrou para a Cartuxa de Valência. O autor do texto tem uma irmã Carmelita m Coimbra e decidiu aceitar perguntas dos visitantes do blog dirigidas a ela.

É uma iniciativa interessante, que vou acompanhar com interesse.

Fringe

Hoje quinta-feira na RTP2 é dia da série Fringe. Esta série, que estreou há um ou dois meses, não estou certo, é uma criação de JJ Abrams, o mesmo autor da série Perdidos e A Vingadora (esta das poucas que davam na SIC que consegui seguir com regularidade).




Esta série parece ser uma versão moderna dos Ficheiros Secretos, até agora sem extraterrestres, mas com o toque de mistério de Perdidos.

A série é protagonizada por uma agente do FBI que entra para uma unidade especial de investigação de acontecimentos invulgares. Esta unidade investiga uma coisa camada Padrão e que parece ser uma espécie de conspiração de cientistas pelo mundo fora que resolver fazer experiências bizarras de ciência alternativa, das franjas (daí o nome Fringe).

Para ajudar a agente surge um cientista maluco que ela tem que ir buscar a uma prisão psiquiátrica e para ele ajudar precisa da companhia do filho. Como curiosidade o actor que faz o papel do Dr. Bishop fez de Denethor, o Mordomo das Minas Tirith, do filme O Regresso do Rei, da saga do Senhor dos Anéis.

Aqui ficam dois vídeos da série.




quarta-feira, 22 de abril de 2009

24

Hoje é quarta-feira e por isso é dia na RTP 2 da série 24.




Actualmente estamos na sétima temporada e curiosamente, porque pouco habitual noutros tempos, ainda está no ar nos Estados Unidos, somente com seis ou sete episódios de avanço.

O que me leva a escrever é uma novidade nesta temporada. Nas outras o teor de reflexão sobre o que estava a passar-se foi menor. Nesta até agora tem havido um debate entre duas visões opostas sobre a legitimidade de certas práticas de interrogatório de suspeitos.

A série surgiu no rescaldo do 11 de Setembro e reflectiu algumas das preocupações originadas pela guerra ao terrorismo. Foi inovadora na forma como conta as histórias, foi inovadora apresentando a possibilidade de haver um presidente afro-americano e nesta temporada apresentando uma presidente dos Estados Unidos.

Acho bastante curioso assistir a este debate. O Jack Bauer represente, aos meus olhos, a politica anterior de atingir os fins sem olhar aos meios. Os agentes do FBI representam a política da actual administração, que procura um maior respeito pelos direitos humanos, nem todos os meios são justificados pelos fins.

O debate, neste momento, parece estar a pender para o lado do Jack, já que se tivesse tido liberdade total para agir, as coisas não estariam no ponto actual. Será uma crítica à política do presidente Obama? Será um aviso para os processos legais pouco eficazes?

terça-feira, 21 de abril de 2009

Tudo o que perdemos

A meio da Quaresma uma colega minha emprestou-me este filme “Tudo o que perdemos” no original “Things we lost in the fire”.



Devo dizer que o filme surpreendeu-me muito. Eu não tinha um boa impressão do Benicio Del Toro, talvez porque nunca tinha visto um filme dele e só o conhecesse de nome e de alguns trailers. Mesmo a Halle Berry foi uma agradável surpresa, apesar de saber que era um boa actriz. Também aparece como personagem principal o actor David Duchovny (o Fox Mulder dos Ficheiros Secretos).

O filme trata do luto da viúva da personagem do David Duchovny e da relação dela com o amigo de infancia do marido, o toxicodependente interpretado pelo Benicio. É curioso ver o processo de luto decorrer ao mesmo tempo que a reabilitação da toxicodependência.

Gostei bastante do filme. É realista, mas não não chega a ser negro. Recomendo. Aqui fica o trailer, let's look...


segunda-feira, 20 de abril de 2009

Mais um Cartuxo

Neste blog encontrei um link para este blog e para esta mensagem em especial.



Resumindo, e antecipando se alguém seguir o link, o texto fala de um bailarino profissional que decide entrar para a Cartuxa de Valencia. Há um vídeo com uma entrevista do autor do blog ao bailarino.

Fico feliz por haver mais uma pessoa especial a falar de nós a Deus.

Seria eu capaz de seguir estes passos?...

Hoje à noite na RTP 2

Hoje na RTP 2 estreia a décima temporada da série ER. É curiosa a altura escolhida pela RTP para estrear esta temporada, pois há dias foi emitido o último episódio nos Estados Unidos da última temporada (até ver...). Por isso aqui fica a recomendação.



O ER será sempre o ER. Embora não desgoste da Anatomia de Grey (nunca vi o Dr. House por dar muito tarde e não me orientar com os horários da TVI) prefiro a mais antiga.

Por falar em séries quero falar da forma com encaro a tv. Não tenho televisão por cabo. A principal razão é que caso tivesse iria roubar-me tempo para outras coisas. Por outro lado mesmo que disponibilizasse o meu tempo livre para ver, iria sentir que estava a desperdiçar dinheiro em tv que não iria ver. Para quê ter trinta, quarenta, oitenta canais se no máximo vou ver por noite dois ou três programas? Infelizmente ainda não podemos escolher o que queremos ver às horas que queremos de uma forma prática e barata. Por isso vejo o que dá nos canais de sinal aberto. Naquilo que me interessa actualmente, e que são as séries, a RTP 2 é a minha preferida e única que vejo para este fim. Não consigo fidelizar-me nas séries da SIC ou da TVI. Os horários são incertos e tardios. Podia usar o gravador, mas arriscaria-me a muitas vezes falhar o programa. Mesmo as séries da SIC nas tardes de fim-de-semana não consigo seguir. A tv pública pode ter muitos defeitos, mas neste aspecto prefiro-a às privadas.

Actualmente das séries da noite só não sigo a de sexta-feira. Tentei segui-la, mas perdi o interesse.

Statler e Waldorf

Na sexta-feira, quando ia para o trabalho, no autocarro apanhei os dois miúdos de que já falei aqui. A discussão desse dia era sobre o preço de casa em Lisboa e nos arredores. Não sei bem porquê, mas eles não estavam de acordo.

A forma como os vi nesse dia fez-me lembrar este par



Os miúdos pareceram-me uma versão adolescente destes dois. Ok, talvez com menos acidez e humor.

domingo, 19 de abril de 2009

Segundo Domingo da Páscoa - Ano B

Neste domingo podemos encarar as leituras sob dois aspectos. O mais imediato tem a ver com o episódio de Tomé, que só acreditou depois de ver Jesus ressuscitado. O meu pároco chamou a atenção para o pormenor de que ele tinha o direito de ter a mesma experiência dos outros discípulos. Afinal eles acreditaram porque viram. Mas esse não é o essencial, Jesus censura Tomé numa perspectiva comunitária, apostólica. Os outros discípulos deviam ser para Tomé testemunhas credíveis e não foram.

Isto leva-me para o segundo aspecto destas leituras. Na semana passada, no Evangelho, ficámos perante o sepulcro vazio. Jesus não apareceu. Adivinhamos que Ele ressuscitou, mas não o vimos. Hoje a Igreja propõe-nos essa experiência de o vermos. Ele que esteve ausente, voltou ao nosso convívio. Talvez seja por isso que é costume dizer-se que nestes oito dias vivemos um longo dia de Páscoa. No início “deste dia” contemplamos os sepulcro e no “final deste dia” recebemos o Espírito Santo pela boca do próprio Senhor Jesus.

Pode-se dizer que com este gesto, de soprar sob os discípulos, Jesus completou a obra do Pai, que iniciou com o sopro para insuflar a vida no homem, narrada nos Génesis. Jesus tal como o Pai sopra para dar vida a um corpo, o Seu Corpo, que é a Igreja.

Na primeira leitura aparece o primeiro relato da vida nesse Corpo. A Igreja vive como comunidade unida, feliz, solidária e a crescer, onde circula o Espírito Santo qual sangue que sustem o corpo.

Desse sangue fala São João na sua primeira carta sob a forma do amor que nos une a Deus e aos outros que são amados por Deus.

sábado, 18 de abril de 2009

Reformulação do blog

Ao chegar ao final desta semana Pascal cheguei à conclusão que devia retocar o aspecto do blog. Assim criei várias secções.

Uma é dedicada a links para páginas de institucionais da Igreja e movimentos. É a estrutura do Reino de Deus.

Transferi alguns blogs da secção Reinos mais perfeitos para a nova dedicada às Relações Diplomáticas. São blogs que sigo e acho interessantes. Não entram aqui necessariamente só blogs católicos.

Criei a secção dedicada a percursos onde está o link à mensagem do Alma Peregrina que servirá de base para o trajecto da Via Crusis na blogosfera. Também vou incluir o Lugar Sagrado e as Via Sacra e Lucis do Paróquias.org.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Amor


Uma das consequências desta Páscoa foi o começar, atenção começar, a entender um pouco o Amor de Deus. Já aqui falei do carácter gratuito do Amor de Deus. Esse Amor está na base da nossa fé. Ele não nos exige nada. Só espera por nós, espera que nos decidamos a responder a esse Amor. Eu não tinha entendido isso ainda. A minha conversão é quanto maior quanto maior for o meu amar a Deus.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Pequenas grandes coisas


A Quaresma é um tempo de purificação e reflexão, uma está dependente da outra. Isto para quê? Para se viver melhor a Páscoa.

Desta vez constatei que uma das minhas principais tentações é querer sempre o máximo. Não me parece especialmente mau ver a vida como uma subida, o problema é ver-me sempre a chegar lá a cima. Sempre que entro num projecto penso no sucesso, nos resultados, crio expectativas. Na maior parte das vezes falho. E não aprendo a fazer as coisas sem me importar com o resultado.

Se isto acontece a nível profissional e pessoal, também acontece a nível religioso. Tenho dificuldade em imaginar um projecto em que possa entrar e não pensar nos resultados. Por exemplo, se entrar para uma instituição de solidariedade social, consigo imaginar-me uma vida inteira totalmente anónimo? Sem imaginar quantas pessoas estou mesmo a ajudar, se a minha ajuda vai fazer diferença na vida dessa pessoa?

Deus ama-nos. É gratuitidade pura. Ele ama sem esperar nada em troca. Jesus morreu na cruz confiando, mas não esperando nada.

Nesta reflexão cheguei à conclusão que Deus espera de mim amor e não grande coisas, gestos ou sacrifícios. O meu amor é que deverá ser a medida dessas coisas. Se for muito grande, então deverei empreender grandes esforços. Mas isso não quer dizer que deverei esforçar-me menos se amar menos. Tenho que purificar os meus esforços. Neste momento são pequenos gestos que devo fazer. Como por exemplo a saudação com aleluia.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Bom dia! Aleluia!


Um dos sinais de que estamos a viver a Páscoa verdadeiramente é dar testemunho da Ressurreição de Jesus. Nesse capítulo, admito com vergonha, que não costumo fazer nada.

Durante muito tempo dizia a mim mesmo que não tinha bases argumentativas para enfrentar as críticas das pessoas não crentes. Ainda é bastante penoso para mim ter que defender a minha fé e a minha Igreja perante alguém que não a professa ou a frequenta. Aliando isto à minha timidez normalmente calo-me perante os outros e não dou testemunho da minha fé. O blog está a servir para compensar um pouco esta falha.
Por outro lado, no círculo mais íntimo do trabalho, ao longo do tempo as pessoas foram ficando a saber como sou e como actuo, que sou católico (para o entendimento deles como praticante) e acabam por respeitar a forma de ver as coisas.

Isto tudo porquê? Neste ano senti que devia ser mais ousado, que devia dar testemunho da boa nova pascal. Dei voltas à cabeça para arranjar uma maneira que fosse afirmativa, discreta, que não gerasse estranheza e que não me fosse desconfortável.

Decidi fazer isso na saudação. Pensei em várias fórmulas:
“Bom dia, que a luz do Ressuscitado ilumine a tua vida.”
“Bom dia, que a luz do Ressuscitado ilumine o teu dia.”
“Bom dia! Aleluia!”

Acabei por optar pela fórmula mais pequena.

Durante muito tempo resisti lá na sala seguir o costume cumprimentar com um beijo as colegas e um aperto de mão aos colegas. Na sala chegámos a ser sete pessoas. Tenho colegas, o meu director é um deles, que correm várias salas e cumprimentam pessoa a pessoas. Eu resisti muito, sobretudo no que diz respeito aos beijos, porque sabia que estes gestos, desta forma, perdem o significado. Mas lá cedi e passei a cumprimentar os colegas da sala.

Nesta altura o cumprimento matinal passa muito por um gesto rotineiro e algo vazio. Por isso quando cheguei de manhã e disse “Bom dia! Aleluia!” as reacções formam de estranheza, porque normalmente depois do “Bom Dia!” cada um segue o seu caminho. O “Aleluia” ficou fora da rotina. Foi o primeiro aspecto curioso.

Outro aspecto foi o total desconhecimento do que eu estava a falar. Aleluia? Porquê? Porque só agora vim aqui? Eu lá fui dizendo que estávamos na Páscoa e lá foram percebendo.

Houve também quem não estranhasse o Aleluia, mas isso mostrou, porque os conheço, o pouco caso que fazer da Páscoa, da religião, em suma da Ressurreição.

Fico triste por todas as reacções, mas é o ambiente onde vivo. Fico contente no entanto por ter encontrado, ou o Espírito por mim, uma forma bonita de dar testemunho da Ressurreição.

Por isso, Bom dia! Aleluia!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Um ano a ler a Bíblia

Neste fim-de-semana descobri esta iniciativa: num ano ler a Bíblia inteira. A iniciativa chama-se Projecto Bêrit está à espera de pessoas interessadas em participar.

Este projecto fez-me lembrar a minha participação na Bíblia Manuscrita. Gostei muito. Coube-me em sorte copiar os versículos 4 e 5 do Salmo 20. Já lá vão quatro anos.

Não estou a pensar em participar neste projecto de leitura, acho que não tenho boa voz nem dicção. Eu estou mais vocacionado para a escrita. Mas aqui fica o aviso.

domingo, 12 de abril de 2009

Domingo de Páscoa

Um pequeno grupo de homens entra numa localidade. Chegam à casa de destino e encontraram o dono da casa a recebe-los cheio de alegria. Na casa encontrava-se um grupo maior. O líder do grupo que chega agradece a recepção e confessa que não está ali por acaso. Por fim faz aquilo para o qual viera, toma a palavra e anuncia a Boa Nova.

A primeira leitura deste domingo é o anúncio pela boca de Pedro de uma versão simplificada do Evangelho, da vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo Jesus. Com este texto a Igreja deseja que sejamos informados pela primeira testemunha da Ressurreição em primeira mão. É o primeiro Papa que nos dá a Boa Nova: Jesus vive! Jesus venceu a morte! E diz-nos mais: quem acreditar Nele terá os seus pecados perdoados.

São Paulo na segunda leitura diz o mesmo por outras palavras e vai mais longe. Nós estamos tão ligados a Cristo que tudo o que aconteceu a Ele nos acontecerá. Nós ressuscitamos com Ele. O nosso eu egoísta morreu. Estamos sepultados em Cristo e quando Ele vier definitivamente viveremos também.

Sobre o Evangelho há pouco a dizer que já não tenha sido dito nas leituras anteriores. Jesus Mistério em vida, Mistério na Paixão e Morte, é Mistério no sepulcro vazio. Na Ressurreição é Mistério. Nestes cinquenta dias deste tempo pascal vamos descobrir, pouco a pouco, juntamente com os discípulos o significado deste mistério.

Jesus cumpriu a Sua Páscoa, travessia da noite escura da morte, do mar vermelho da dor e do medo. Confiou no poder do Senhor. Entregou-Se como expiação por todos nós e levou-nos consigo. Travessia completa, é fonte de alegria para todos. Ele estende-nos a mão para o seguirmos em cada sacramento que recebemos. Tantos de nós já atravessaram, já completaram a sua Páscoa, guiados pela mão segura do nosso Salvador.

Alegra-te!

Alegro-me!

Jesus, nossa esperança, Ressuscitou!


A todos os possam passar por aqui desejo uma Santa Páscoa!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

VIA CRUCIS - Quinta estação

Estação anterior
Mulier, ecce filius tuus
"Mulher, eis aí o teu filho"
Blogger: MRB
Blog: Quadradinhos que não vendem




Quinta Estação

Eloi, eloi lami sabactami
“Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?”

Neste percurso de entrega Tu, meu Senhor Jesus, experimentas até às últimas consequências a condição humana. Tu, meu Senhor Jesus, viveste o maior sofrimento que se pode viver: sentir a ausência de Deus. Todos de uma forma ou outra já vivemos isso, Senhor, na doença, a morte de um familiar chegado, na injustiça. A Tua entrega é total.

Tu sentiste a mais profunda solidão, a noite mais escura, a derradeira tentação. Foste finalmente despojado do último resquício de divindade. Ela foi esvaindo-se gota a gota no Teu sangue derramado. A Tua humanidade está inteira aí no alto da cruz. E como verdadeiro homem Tu és verdadeira imagem de Deus.

Desde menino em Nazaré Tu, meu Senhor Jesus, foste instruido nas Escrituras. Tiveste que decorar os salmos. Os salmos são orações ancestrais, que carregam a sabedoria e a fé de séculos. “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?” dizes Tu citando o salmo 21. Podias ter dito: Meu Deus porquê?, mas não. Rezaste. Esta é a prova da Tua confiança no Pai. Faça-se a Tua vontade.

Por fim, porquê este salmo e não outro? Porque não o Pai Nosso, a oração que Tu nos ensinaste? Quantos mártires já não seguiram o Teu caminho com o Pai Nosso no coração e nos lábios?

Meu Senhor Jesus, neste salmo reconheceste a Tua situação, não foi? O salmista fala que lhe trespassaram as mãos e os pés, que foi insultado, que quem passa meneia a cabeça. Senhor Jesus ensinas-me a procurar na oração sentido para o meu sofrimento. Dá-me Senhor o discernimento para na dor eu ter a coragem de Te seguir e ter sempre presente no meu coração e nos meus lábios a Tua palavra.

Pai Nosso


Sitio
"Tenho sede!"
Blogger: Joaquim
Blog: Que é a Verdade?
Organizado por Alma Peregrina

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Sábado Santo

Depois do silêncio que vivo na sexta, neste dia fico na dúvida se não devia continuar em silêncio, recolhimento e oração. Normalmente não faço isso, volto ao normal, ouço música, vejo televisão, leio se andava a ler algum livro não religioso. No entanto este dia é diferente dos outros. Há poucos anos descobri que na Rádio Renascença costumam trasmitir o Ofício e a liturgia das horas deste dia. É bastante belo. Mais uma vez existem cânticos. No ano passado a minha paróquia fez o mesmo e estive presente, pude cantar com o coro, foi bonito e gostei muito. Espero que neste ano repitam.

O grande encanto deste dia é a noite. Parece um trocadilho, mas é verdade. A Igreja neste dia não tem nenhuma celebração eucarística. Excepto a Vigília Pascal, que acontece à noite. Não sei se irei participar na da minha paróquia. Costuma começar às dez da noite e acabar por volta da uma da manhã. Como vou sozinho, porque não dá para os meus pais irem, o mais certo é a minha mãe desencorajar-me. Foi o que aconteceu no ano passado. Acabei por acompanhar a celebração pela rádio. Das vezes em que foi estava dividido, por um lado estava feliz por estar lá, por outro estava preocupado com a preocupação da minha mãe. Ela acha que há sempre alguém escondido numa sombra à espera para me atacar. Cedo para a não ver sofrer. Encaro isso como uma forma de levar a minha cruz.

Não me lembro bem, mas acho que fui duas ou três vezes à Vigília Pascal nesta paróquia. Acho particularmente bonito o início com a igreja às escuras e aos poucos a luz ir entrando. Os cânticos no geral são do meu agrado. Há um baseado no salmo 41, “Como o veado anseia p'las águas vivas, assim minh'alma anseia, por vós Senhor”, que é cantado quando é recolhida para o Baptistério a água usada nos baptismos. Este mesmo salmo é cantado no fim das várias leituras do Antigo Testamento que nos contam em traço gerais a história da Salvação, da relação de Deus com os homens, da Revelação.

Como já se deve ter percebido eu sou muito isolado. Por isso normalmente não me sinto pertencente a nenhum grupo em especial. Normalmente não me sinto fazendo comunidade nas missas. Das vezes em que participei na Vigília senti-me em comunidade com os presentes. Acho que isso se deve ao facto de sermos todos testemunhas no nascimento de novos cristãos nas pessoas dos novos baptizados. A partilha da luz também ajuda e a participação nos cânticos.

É uma cerimónia cansativa, mas acontece mesmo Páscoa, passagem para algo novo. No regresso já não somos os mesmos que fomos. Vejo este momento como um ponto alto do ano. Estivemos tão perto Dele, o mais perto que o tempo e o espaço permitem. Mais só no recolhimento do deserto de um retiro ou mosteiro.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Sexta-feira Santa

Este é o dia da Paixão e Morte de Jesus. Neste dia a Igreja reveste-se de jejum e abstinência, de silêncio e oração, de contrição e de contemplação.

Neste dia se a minha mãe não me pedir para ir às compras deverei ir passar a manhã na igreja em adoração ao Santíssimo Sacramento exposto. E de tarde irei participar na celebração da Páscoa do Senhor. No regresso iremos percorrer a Via Sacra cá em casa. Lá para a noite talvez vá ver na televisão a Via Sacra de Roma, vai depender do meu estado físico. Muitas vezes por causa de comer menos fico com dores de cabeça.

Juntamente com a Quarta-feira de Cinzas este é o dia que mais me custa a passar. Por um lado estou sempre na dúvida se estou a jejuar ou não. Por outro, para além da privação, sinto uma grande pressão da minha mãe que desaprova este tipo de sacrifícios.

Da celebração na Igreja acho marcante o silêncio que vem já do dia anterior. As leituras evocam a Paixão, tal como no Domingo de Ramos. Depois há a longa adoração da Cruz. E por fim a comunhão seguida do silêncio da partida. Gosto dos cânticos, sobretudo do salmo que invoca uma das últimas palavras de Jesus “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu Espírito”.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Quinta-feira Santa

Nota prévia e aviso à navegação:

Estou a escrever sobre o Tríduo Pascal, de segunda a quarta, porque não vou publicar durante o Tríduo para dar espaço à minha participação na Via Sacra da blogosfera. Por outro lado acho apropriado haver um certo descanso deste blog.

Neste ano não vou ter como habitualmente a tarde de Quinta-feira Santa livre. Mais, tenho para esse dia um prazo às cinco da tarde. Temo não conseguir sair a tempo de participar na celebração da Última Ceia do Senhor. Na minha paróquia vai ser às sete, se sair do trabalho até às seis, acho que consigo. Seja o que Deus quiser. Também é por causa do muito trabalho que me espera que estou a escrever isto no fim-de-semana.


A Quinta-feira Santa tem para mim o significado de começo de um tempo fora do tempo. Principalmente com a celebração da Última Ceia. A primeira vez em que participei nesta Eucaristia foi há dez anos. A minha mãe nunca deu muita importância à participação nas celebrações destes dias, sobretudo de quinta e sábado, talvez porque seja ao final do dia e por não serem obrigatórias.

Há dez anos foi a primeira Páscoa depois do meu Crisma e por isso resolvi ir sozinho. A recordação mais forte que guardo foi do final. Do manto de silêncio que caiu naquela igreja (a igreja de São Domingos na Baixa lisboeta, na altura vivia lá perto). Naquele momento senti o peso todo da Paixão e Morte de Jesus. Depois da Eucaristia, com aquele silêncio, entramos na Sexta-feira Santa, no jejum, na morte, na Paixão, no silêncio.

Mais tarde fui chamada a minha atenção para o Evangelho desse dia. É a narração da última ceia pelo evangelista São João. O Evangelho de São João é muito diferente dos outros em muitos aspectos e na Última Ceia também. Ao contrário dos outros, que narram a fracção do pão, ele narra o lava-pés aos discípulos. Com esta escolha a Igreja quer chamar a nossa atenção para o significado profundo da Eucaristia: o acto de amor de Deus por todos nós. Ele a Quem é devido todo o louvor e honra, rebaixou-Se para nos ensinar o que é o Amor. Amar a Deus é amar os outros, é lavar os pés a quem nos devia fazer isso, ou seja, devemos ser servos uns dos outros, até dos nossos inimigos.

domingo, 5 de abril de 2009

Eu gosto deste dia de Ramos. É um dia especial.

Quando vivia na Baixa na Igreja de São Domingos ofereciam um raminho. Quando viemos para aqui isso deixou de acontecer. Felizmente há muitas árvores e entre elas oliveiras. Assim neste dia no caminho para a igreja vou à procura de uma oliveira com os ramos mais acessíveis e trago um raminho, que invariavelmente é considerado pela minha mãe muito pequeno. E eu digo que não era preciso ser maior.

É bonito ver toda a gente na igreja com ramos, uns maiores outros menores.

Gosto dos cânticos sobretudo do Salmo. Através dele consigo identificar-me com Jesus no calvário e na cruz. E através de Jesus identifico-me com todos os que sofrem. Também isto é comunhão.

Este dia é uma boa porta para a Semana Santa. Eu não consigo sentir tristeza nas celebrações deste dia, pois são tão belas, que falam-me mais da ressurreição do que da dor e da morte.

Pode parecer estranho para muitos, mas quando chego ao dia de Páscoa sinto um certo vazio na Missa. Sinto que as celebrações do tempo pascal deviam ser mais elaboradas, mas alegres, com mais cânticos, pois na realidade a única diferença para as missas do tempo comum é cantarmos o Glória e sermos aspergidos com água benta. Nada se compara à Vigília Pascal ou mesmo ao Domingo de Ramos.

Hoje sinto-me alegre.

Domingo de Ramos - Ano B

Entrámos na Semana Santa. A liturgia de hoje é muito rica de conteúdo e de símbolos. À primeira vista parece haver uma contradição entre a festa dos ramos e a longa leitura no Evangelho. A celebração começa com a bênção dos ramos, que todos trazemos, e a leitura da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Eis o Messias esperado que chega, é ocasião de alegria. Oh, em que teia de enganos está a humanidade enredada!

Na primeira leitura, do livro de Isaías, surge-nos o terceiro canto do Servo, retrato de Jesus, manso e humilde coração. Exemplo de coragem, de entrega à vontade de Deus, de caridade.

No salmo, o 21 (que me calhou em sorte para a Via Sacra que passará por este reino), o retrato de Jesus aviva-se com novas cores, as nossas, a do sangue do sofrimento causado pela doença, injustiça, violência e despreso. Cada pessoa deve ter um ou outro salmo que o toca mais, este é um deles para mim. Para além disso a música que o acompanha também é bela.

São Paulo diz-nos que Jesus sendo Deus fez-Se homem e da mais baixa condição para nos elevar a todos à condição divina.

E depois temos a longa discrição da Paixão e Morte de Jesus, neste ano, pela pena de São Marcos. Acompanhamos passo a passo o caminhar e a entrega de Jesus até ao sepulcro. Nestas palavras, ano após ano repetidas, está contida essência da nossa fé e do Mistério Pascal.

Retomo a aparente contradição entre a festa e a Paixão. Mas não deveremos festejar a nossa salvação? Não é a Paixão e Morte de Jesus motivo de glória para Ele e alegria para nós? Ainda na semana passada Jesus dizia, através de São João, que chegara a hora da Sua glorificação, que seria elevado para nos levar consigo.

sábado, 4 de abril de 2009

O Grande Silêncio II


Passei a tarde de hoje a ver o dvd. Gostei do filme. É desafiante ver um filme em que os planos são longos, não há banda sonora só os sons ambientes e mesmo esses muitos vezes não existiam. É outra noção de tempo.


Quando terminou o filme sentia-me em Sábado Santo depois de um dia de jejum sonoro. Senti aquele silêncio enchendo-me os ouvidos. Posso dizer que gostei muito do filme e recomendo.

O Grande Silêncio

Hoje comprei este dvd




Já há muito tempo que andava à procura deste filme. Não fui ao cinema vê-lo, mas queria tê-lo. Hoje consegui encontrá-lo na Fnac do Chiado.

Este estilo de vida fascína-me. Não sei se conseguia viver desta forma (ainda não vi o filme).

Acho que deve ser um bom filme para nos acompanhar nesta semana que é a Semana Maior para a nossa fé.

sexta-feira, 3 de abril de 2009




Nas minhas caminhadas matinais tenho me deleitado com o espectáculo oferecido por uns pinheiros que encontro no caminho. É muito curiosa a forma com eles crescem. Depois do Inverno na ponta de cada ramo cresce algo parecido com isto:




Na base parece nascer um cacho de futuras pinhas e na ponta mais uma extensão do ramo.



Aqueles pinheiros que estou a falar são mansos, são deste género:




E noto que os novos ramos são maiores no topo da árvore e do lado onde há mais sol.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Parlamento Islandês

Hoje convido a quem venha aqui ao blog visitar o blog Vida na Islândia e ler especialmente a mensagem do dia 25 de Março sobre o Parlamento da Islândia.

Como não é possível ligar directamente à mensagem aqui fica o link do blog .

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Semente

Senhor quero ser semente.
É Teu e meu desejo ser semente que dê fruto.

Sei que devo descentrar-me e concentrar-me em Ti e nos outros.
Mas que semente sou eu!
Existe um universo inteiro de cascas que asfixiam.
Medo.
Lógicas.
Racionalismo.
Sentimentalismo.
Necessidade de afirmação.
Necessidade de estar sempre certo.

Tantas e tantas cascas que me impedem de morrer para dar vida, como Tu Jesus.

Senhor quero ser semente fértil e não fruta cristalizada.
Ámen.