quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Ai senhor doutor

No meu trabalho, quando tenho que tratar algum assunto com um colega, que possua uma cadeira em frente à sua secretária, costumo fazer a cena de uma consulta médica e digo: “Ai, senhor doutor, estou tão mal!”.
Também posso imaginar estar perante um advogado: “Ai, senhor doutor, estou tão tramado!”.

Imagino então agora que me abeiro de uma secretária com uma cadeira à frente e alguém do outro lado e digo: “Ai, senhor doutor, passa-se algo de errado comigo!”.

Sim, passa-se algo comigo. Provavelmente também com muitas outras pessoas. O meu problema é o frio. Suporto muito mais o calor extremo do que este frio que Lisboa está a passar. Arrefecem-me as mãos e os pés. Mal saio da cama corro risco de saudar o novo dia com uma salva (violenta) de vinte um espirros. Se não é no quarto, será na casa de banho. Se por ventura nem num nem noutro local, quando regresso ao quarto para me aprontar para sair volto a estar em perigo.

E pergunto-me, biologicamente não estarei adaptado a este clima? Vivi toda a minha vida aqui. Sou descendente de descendentes de portugueses, excepto um bisavô ou trisavô galego. Como é que ando bem com trinta, trinta e cinco graus e com dez ou seis (bem agasalhado) é este drama? Não terei a roupa indicada para este clima? Os edifícios é voz corrente que não estão. Porquê que temos esta ideia tão enraizada na nossa cultura que somos um país mediterrâneo, quase, quase africano? E isto não é só de agora (as mudanças climatéricas têm muitas responsabilidades), pois uma grande parte das construções da cidade têm mais de quarenta anos, pelo menos a minha tem.

Ai, senhor doutor, deverei mudar-me para os trópicos?

Sem comentários: