sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A amiga do autocarro

Continuando a falar das minhas viagens de autocarro, durante muito tempo de manhã havia uma senhora que entrava duas paragens antes de eu sair, que desenvolveu uma técnica interessante para ir sentada. Talvez seja tão observadora como eu, mas ao fim de algum tempo deve ter reparado que eu, que vinha normalmente sentado, saía pouco depois de ela entrar e colocava-se estrategicamente perto para que assim que me levantasse ela ocupasse o lugar.

É natural que ao fim de algum tempo eu acabasse por reparar na estratégia. Intimamente comecei a jogar um jogo que consistia em deixar-me ficar mais tempo sentado do que o habitual. Levantava-me mesmo perto de chegar à paragem. Outras vezes ia para a porta mais cedo. Ela conseguia na maioria das vezes sentar-se no lugar onde eu vinha.

Naquela época havia uma colega de trabalho que morava perto da minha casa. Nós acabámos por nos rimos bastante da situação. A minha amiga era uma mulher de peso, não obesa, mas de ombros largos, robusta, transmitia a imagem de alguém de peso. Ao deslocar-se no autocarro raramente conseguia não tocar em alguém. Se por acaso não conseguia ficar perto de mim e ficava em pé a meio do veículo, reparei que ela tinha dificuldade em manter-se equilibrada. Mais um sinal de peso.

Ultimamente não a tenho visto. Das últimas vezes reparei que, em vez de ir para o autocarro, dirigia-se para a estação de metro que há ali perto. Durante o tempo em que ela era a minha amiga consegui ficar a conhecer as filhas, ambas também mulheres de peso e altas.

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