Eu sou daqueles privilegiados que trabalha relativamente perto de casa e passo pouco tempo na viagem de autocarro. Do meu emprego até à paragem é uma caminhada de cinco minutos e já de longe vou controlando a avenida onde ele passa a fim de saber se já passou ou não.
Há dias trabalhei até mais tarde e tinha acabado de sair da empresa quando vi o autocarro, lá longe, a passar. Pronto, só daqui a quinze ou vinte minutos passa outro, pensei eu. Como sempre mantive o meu ritmo habitual, não vá aparecer um desgarrado.
Quando cheguei à paragem estavam poucas pessoas. Nesta paragem passa outro autocarro para além do meu. Habitualmente são poucas as pessoas que esperam pelo meu.
Nesse dia reparei num casalinho de namorados. Era óbvio que esperavam por um autocarro, mas estava fora da paragem. Veio o outro autocarro e toda a gente encaminhou-se para ele. Eu fui colocar-me na posição de esperar pelo outro no início imaginário da fila. Reparei no beijo de despedida do casal. Ele partia e ela ficava. Reparei que o motorista estava a dizer a um passageiro que não ia até ao fim. O rapaz pelos visto ia até lá, por isso desistiu de entrar e chamou pela rapariga que já ia embora rua a baixo. Achei curioso o chamamento – com um assobio.
Eles voltaram para a paragem. Ficámos só nós. Eles andaram por ali. Como não tinha mais nada para fazer foi mirando-os discretamente. A única forma de não reparar neles seria sair dali. Fui ficando. Também não incomodaram e sempre era uma companhia.
O meu autocarro demorava e veio mais um dos outros. Na paragem só estávamos nós. O casal começou a despedir-se. Começou e continuou num longo beijo. O autocarro aproximou-se e pensei: se não fazem sinal o autocarro ainda passa e não para. O autocarro abrandou. Pensei: estão com sorte, vai sair alguém. Não seria estranho. O beijo continuou e o autocarro passou devagar, mas não parou. O rapaz deu pelo autocarro já tarde. E eu ri-me.
Ai, o amor! Tanto queriam prolongar a despedida. Tanto queriam aproveitar os últimos segundos, que os segundos se transformaram em minutos.
Talvez devesse os ter avisado de que o autocarro vinha ali. Ou fazer sinal para parar. Mas também não tinha a certeza que queriam apanhá-lo. O rapaz poderia ter entrado no outro só para saber para onde ia.
Há dias trabalhei até mais tarde e tinha acabado de sair da empresa quando vi o autocarro, lá longe, a passar. Pronto, só daqui a quinze ou vinte minutos passa outro, pensei eu. Como sempre mantive o meu ritmo habitual, não vá aparecer um desgarrado.
Quando cheguei à paragem estavam poucas pessoas. Nesta paragem passa outro autocarro para além do meu. Habitualmente são poucas as pessoas que esperam pelo meu.
Nesse dia reparei num casalinho de namorados. Era óbvio que esperavam por um autocarro, mas estava fora da paragem. Veio o outro autocarro e toda a gente encaminhou-se para ele. Eu fui colocar-me na posição de esperar pelo outro no início imaginário da fila. Reparei no beijo de despedida do casal. Ele partia e ela ficava. Reparei que o motorista estava a dizer a um passageiro que não ia até ao fim. O rapaz pelos visto ia até lá, por isso desistiu de entrar e chamou pela rapariga que já ia embora rua a baixo. Achei curioso o chamamento – com um assobio.
Eles voltaram para a paragem. Ficámos só nós. Eles andaram por ali. Como não tinha mais nada para fazer foi mirando-os discretamente. A única forma de não reparar neles seria sair dali. Fui ficando. Também não incomodaram e sempre era uma companhia.
O meu autocarro demorava e veio mais um dos outros. Na paragem só estávamos nós. O casal começou a despedir-se. Começou e continuou num longo beijo. O autocarro aproximou-se e pensei: se não fazem sinal o autocarro ainda passa e não para. O autocarro abrandou. Pensei: estão com sorte, vai sair alguém. Não seria estranho. O beijo continuou e o autocarro passou devagar, mas não parou. O rapaz deu pelo autocarro já tarde. E eu ri-me.
Ai, o amor! Tanto queriam prolongar a despedida. Tanto queriam aproveitar os últimos segundos, que os segundos se transformaram em minutos.
Talvez devesse os ter avisado de que o autocarro vinha ali. Ou fazer sinal para parar. Mas também não tinha a certeza que queriam apanhá-lo. O rapaz poderia ter entrado no outro só para saber para onde ia.
Uns minutos depois veio o meu finalmente e o casalinho lá ficou.
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