Retomando este texto de há dias aqui fica um vídeo acabadinho de publicar.
Eu devia andar com a câmara pelo bairro e filmar a quantidade de árvores destas que estão a florir.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
A Origem (da confusão ?) do Mundo
Nesta semana houve mais uma nova polémica nos nossos media. Em Braga, numa feira do livro a polícia confiscou uns quantos livros, cuja na capa estava exposta zona púbica de uma mulher. Também houve o caso do Carnaval de Torres Vedras.
O que me motivou escrever aqui foi a sensação estranha que a nossa sociedade está em transformação. Reflexos da crise? Há sintomas contraditórios. Por um lado as nossas autoridades parecem andar desnorteadas. Eles confiscam e mandam confiscar sem avaliarem primeiro se devem ou não fazê-lo. Eles vão aos sindicatos perguntar como a greve vai ser organizada. Eles estão enredados em processos que nunca mais acabam e que o segredo de justiça é constantemente violado. Eles são criticados quando actuam. Eles são criticados quando não actuam. Eles são os agentes da justiça: advogados, juízes, funcionários judiciais e polícias. Este é um sintoma.
O outro sintoma é que as pessoas começam a protestar mais. E há protestos para todos os gostos. Protestam os professores. Protestam os alunos. Protestam os trabalhadores. Protestam os utentes da saúde. Protestam os funcionários da saúde. Protesta a Oposição. Protesta o Governo por a Oposição não apresentar alternativas e só dizer mal.
Sob este sintoma de protesto, grupos de pessoas fazem ouvir a sua voz. São os homossexuais que querem casar, civil e alguns até religiosamente, e adoptar. Foram os defensores da liberalização do aborto. Em breve serão os defensores da liberalização, despenalização, comércio livre das drogas leves. Já começam a ouvir-se falar da eutanásia.
Até agora apresentei os protestos e vozes de assuntos politicamente correctos, que nos media são bem vistos. Ainda podia acrescentar mais alguns assuntos. E se alguém vem pôr em causa ou discordar com algum destes assuntos, as reacções são fortes. Vêem logo invocar a liberdade, nas suas mais variadas formas.
O problema é que uma sociedade organizada e minimamente coesa não se restringe a estes grupos que mencionei. Reflectido este sintoma de protesto, outras vozes se levantam. Há pessoas que não gostaram de ver aquele livro exposto, não pelo livro mas pela capa. Elas tinham ou não o direito de se sentirem agredidas? Quando alguém se sente agredido o que deve fazer? Neste caso a polícia devia ter sido mais cuidadosa, deviam ter dito que recolher os livros é uma agressão equivalente à agressão que sofreram. Que não se deve ter medo do corpo. A polícia devia ter fomentado o diálogo. Mas por outro lado o que podiam fazer se a ordem pública estivesse mesmo ameaçada? Levar os livros? Levar os queixosos? Qual a liberdade que prevalece? A do livreiro? A dos queixosos que são é maior número? Em que casos a polícia deve intervir? E como?
Tenho pena que os media não tenham fomentado a reflexão sobre este assunto. Só exploraram a censura policial e a tacanhez dos queixosos. Quando falo dos media incluo os blogs e programas de rádio. Todos vão na linha de desvalorizar a opinião dos queixos, conotá-los com a Igreja, com o antigo regime, com o conservadorismo. Eu até gosto de ler e ouvir os que dizem, mas estou ou não no meu direito de me sentir agredido com aquela obra de arte? (chamo-lhe obra de arte, porque o pintor para pintar com tal realismo tinha que ser mesmo artista)
Eu, dado o meu carácter reservado, não iria apresentar queixa, mas isso não me impede protestar. Protesto porque tenho essa liberdade. Porque nem todos temos que aceitar as coisas da mesma forma. Porque o uso daquele tipo de imagens tem que ser muito bem contextualizado. Porque duvido que o livreiro expusesse um livro com um homem daquele forma. Protesto porque se continua a explorar a mulher para o prazer do homem. Porque o homem julgando-se livre e senhor de tudo é mais escravo que a mulher. Protesto porque vive-se numa civilização obcecada pelo sexo, pela sensualidade e pelo prazer, que se diz livre e defensora dos direitos humanos, mas desdenha de quem pensa de outra forma, de quem procura outro coisa para além de alguns segundos, e se tiver saúde e energia minutos ou horas, de prazer.
A sociedade portuguesa está em transformação. É positivo que a liberdade das pessoas seja respeitada. Que as pessoas mesmo correndo o risco de serem ridicularizadas defendam as suas ideias. É negativo que não tenhamos autoridades capazes de dar uma resposta sensata ao turbilhão que se está a gerar na nossa sociedade.
O que me motivou escrever aqui foi a sensação estranha que a nossa sociedade está em transformação. Reflexos da crise? Há sintomas contraditórios. Por um lado as nossas autoridades parecem andar desnorteadas. Eles confiscam e mandam confiscar sem avaliarem primeiro se devem ou não fazê-lo. Eles vão aos sindicatos perguntar como a greve vai ser organizada. Eles estão enredados em processos que nunca mais acabam e que o segredo de justiça é constantemente violado. Eles são criticados quando actuam. Eles são criticados quando não actuam. Eles são os agentes da justiça: advogados, juízes, funcionários judiciais e polícias. Este é um sintoma.
O outro sintoma é que as pessoas começam a protestar mais. E há protestos para todos os gostos. Protestam os professores. Protestam os alunos. Protestam os trabalhadores. Protestam os utentes da saúde. Protestam os funcionários da saúde. Protesta a Oposição. Protesta o Governo por a Oposição não apresentar alternativas e só dizer mal.
Sob este sintoma de protesto, grupos de pessoas fazem ouvir a sua voz. São os homossexuais que querem casar, civil e alguns até religiosamente, e adoptar. Foram os defensores da liberalização do aborto. Em breve serão os defensores da liberalização, despenalização, comércio livre das drogas leves. Já começam a ouvir-se falar da eutanásia.
Até agora apresentei os protestos e vozes de assuntos politicamente correctos, que nos media são bem vistos. Ainda podia acrescentar mais alguns assuntos. E se alguém vem pôr em causa ou discordar com algum destes assuntos, as reacções são fortes. Vêem logo invocar a liberdade, nas suas mais variadas formas.
O problema é que uma sociedade organizada e minimamente coesa não se restringe a estes grupos que mencionei. Reflectido este sintoma de protesto, outras vozes se levantam. Há pessoas que não gostaram de ver aquele livro exposto, não pelo livro mas pela capa. Elas tinham ou não o direito de se sentirem agredidas? Quando alguém se sente agredido o que deve fazer? Neste caso a polícia devia ter sido mais cuidadosa, deviam ter dito que recolher os livros é uma agressão equivalente à agressão que sofreram. Que não se deve ter medo do corpo. A polícia devia ter fomentado o diálogo. Mas por outro lado o que podiam fazer se a ordem pública estivesse mesmo ameaçada? Levar os livros? Levar os queixosos? Qual a liberdade que prevalece? A do livreiro? A dos queixosos que são é maior número? Em que casos a polícia deve intervir? E como?
Tenho pena que os media não tenham fomentado a reflexão sobre este assunto. Só exploraram a censura policial e a tacanhez dos queixosos. Quando falo dos media incluo os blogs e programas de rádio. Todos vão na linha de desvalorizar a opinião dos queixos, conotá-los com a Igreja, com o antigo regime, com o conservadorismo. Eu até gosto de ler e ouvir os que dizem, mas estou ou não no meu direito de me sentir agredido com aquela obra de arte? (chamo-lhe obra de arte, porque o pintor para pintar com tal realismo tinha que ser mesmo artista)
Eu, dado o meu carácter reservado, não iria apresentar queixa, mas isso não me impede protestar. Protesto porque tenho essa liberdade. Porque nem todos temos que aceitar as coisas da mesma forma. Porque o uso daquele tipo de imagens tem que ser muito bem contextualizado. Porque duvido que o livreiro expusesse um livro com um homem daquele forma. Protesto porque se continua a explorar a mulher para o prazer do homem. Porque o homem julgando-se livre e senhor de tudo é mais escravo que a mulher. Protesto porque vive-se numa civilização obcecada pelo sexo, pela sensualidade e pelo prazer, que se diz livre e defensora dos direitos humanos, mas desdenha de quem pensa de outra forma, de quem procura outro coisa para além de alguns segundos, e se tiver saúde e energia minutos ou horas, de prazer.
A sociedade portuguesa está em transformação. É positivo que a liberdade das pessoas seja respeitada. Que as pessoas mesmo correndo o risco de serem ridicularizadas defendam as suas ideias. É negativo que não tenhamos autoridades capazes de dar uma resposta sensata ao turbilhão que se está a gerar na nossa sociedade.
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Primeira sexta-feira da Quaresma
Hoje é a primeira sexta-feira da Quaresma. A Igreja determina abstinência para todas as sextas-feiras deste tempo. O tradicional é a abstinência de carne e cá em casa é isso que se tem feito. Neste ano resolvi inovar e para além da carne não vou comer peixe. Vou ter uma alimentação vegetariana. Eu sou assumidamente omnívoro, mas de vez em quando não ponho de parte dispensar carne e peixe.
Uma das coisas que mais gosto deste tempo é a Via Sacra. Desde 2004 que usamos aqui em casa esta versão. Como não somos pessoas de sair muito, para mais com o meu pai como está, resolvemos acompanhar o Senhor Jesus na caminhada da cruz em casa. Espalho pelo corredor e sala imagens evocativas de cada Estação e rezamos através do que imprimi do site.
Hoje já rezámos a Via Sacra.
Uma das coisas que mais gosto deste tempo é a Via Sacra. Desde 2004 que usamos aqui em casa esta versão. Como não somos pessoas de sair muito, para mais com o meu pai como está, resolvemos acompanhar o Senhor Jesus na caminhada da cruz em casa. Espalho pelo corredor e sala imagens evocativas de cada Estação e rezamos através do que imprimi do site.
Hoje já rezámos a Via Sacra.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Quarta-feira de Cinzas
Ontem foi Quarta-feira de Cinzas. Por razões que mais à frente explicarei não publiquei nenhum texto. Este dia e o de Sexta-feira Santa são dos mais difíceis dias do ano, para mim. Tudo por causa do jejum. Cá em casa tenho tido grandes discussões com a minha mãe sobre isso. Ela vem de uma tradição em que o jejum não era valorizado, por vezes até confundido com a abstinência de carne.
Ora que a Igreja determina para estes dias jejum e abstinência, é jejum e abstinência. De há uns anos para cá, acho que quatro ou cinco, comecei a adoptar uma visão de jejum mais alargada.
Assim sendo determinei ter a refeição do almoço e do jantar, um pequeno-almoço mais pobre e evito comer entre refeições. Isto no que diz respeito ao comer e beber. Mas nem só de pão vive o homem, por isso resolvi jejuar de música, rádio, televisão e net. Por isso ontem não entrei na net, não vi televisão, nem ouvi rádio.
Como esperava dedicar este dia à oração, ao interior, ao silêncio, a Deus, consegui tirar este dia de férias. Fui pela primeira vez à missa deste dia, recebi a imposição das Cinzas. Resolvi aproveitar o tempo para fazer uma limpeza ao quarto. Hoje lembrei-me que esta limpeza simboliza uma renovação, que tanto pode ser espiritual como simplesmente do meu quarto.
Outra coisa que reparei neste ano foi o tempo livre que ganhei. É incrível o tempo que se gasta com a rádio, música, televisão e net. Em estas quatro coisas ganha-se muito tempo para outras coisas, para rezar, para pensar, para dormir, para simplesmente sentir o tempo passar. Foi revigorante. Hoje quando voltei à rotina vinha como novo. Até tive pena de voltar a usar a rádio, a televisão e a net.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Carnaval e Entrudo
Não gosto do Carnaval. Os meus pais não pessoas de festejos e eu nunca fui também. O Carnaval para mim sempre trouxe uma enorme carga de terror. Vivi os meus tempos de estudante aterrorizado com a hipótese de ser agredido com algum ovo ou farinha. Fugi sempre de qualquer situação que fosse dar aí e consegui escapar a todas. Para mim era um alívio chegar a casa no último dia de aulas antes do Carnaval.
Também não gosto de máscaras. Não aprecio samba. Até gosto que chova neste dia para estragar os desfiles. No Carnaval ninguém leva a mal, não é?
Também não gosto de máscaras. Não aprecio samba. Até gosto que chova neste dia para estragar os desfiles. No Carnaval ninguém leva a mal, não é?
Agora gosto do Carnaval porque possibilita a existência de um feriado ou como neste ano um feriado com uma ponte um dia de férias na quarta-feira de Cinzas. E o tempo tem estado bom.
O meu pai dizia que o dia de hoje chamava-se Entrudo, pois Carnaval era o período de um certo dia até ontem.
Então Entrudo seja!
Vamos ao cinema?
A minha relação com o cinema é esquisita. Gosto de ver filme, mas não me adapto à experiência de ir a uma sala de cinema. Talvez seja falta de hábito.
A primeira vez fui foi para ver o ET. Depois fui ver o Conan, o Bárbaro, com o Arnold Schwarzenegger e a Grace Jones. Depois destas experiências passei a adolescência toda e uma parte dos anos vinte sem ir.
O regresso à sala de cinema deu-se com o Matrix e vi os três filmes desta forma. Também vi o Hannibal. Estes quatro filmes foram vistos acompanhado. Os restantes que vi até ao presente foi sozinho.
Há quem não goste de ver cinema sozinho. Eu pelo contrário prefiro sozinho, não desgostei ir acompanhado, mas depois fico dividido sobre fazer comentários ou absorver o máximo do filme. Na prática a experiência de ir ao cinema acompanhado só é real antes de depois do filme, pois durante, em princípio, cada um vê o filme com os seus olhos e não há espaço para uma partilha efectiva. Mas isto é a minha perspectiva.
O primeiro filme que fui ver sozinho foi a Guerra das Estrelas – A Guerra dos Clones. Também vi A Vingança dos Sith. A experiência de ter ido ver A Guerra dos Clones foi bastante marcante e serviu-me de inspiração para outras coisas.
À lista acrescente-se os filmes do Senhor dos Anéis: As Duas Torres e O Regresso do Rei; da série do Harry Potter vi: A Câmara dos Segredos, O Prisioneiro de Azkabam e O Cálice de Fogo; vi a Paixão de Cristo do Mel Gibson e o Adeus Lenine.
O último filme que vi foi o Eragon e saí de lá doente. A experiência de ir ao cinema para mim costuma ser bastante violenta. Sofro muito com o som alto e a intensidade da luz do écran. O filme Eragon também é bastante fraquinho, mas naquele dia tive paragem de digestão, não sei se cheguei a vomitar. Foi péssimo.
Por isso não sei se irei ver os seguintes filmes ao cinema. O do Harry Potter seria o único que, a ir, efectivamente me levará lá. Recordo aquela fase em fui ao cinema como muito interessante. De lá para cá também não surgiram filmes deste género. Pois para mim ir ao cinema tem que ser para ver um filme verdadeiramente de espectáculo. Não me vejo ir ver uma comédia romântica ou um drama sem imagens de grande alcance. O único que fui ver desses foi o Adeus Lenine. E acho que foi o que mais gostei de ver (paradoxal? Talvez) emocionou-me muito.
Aqui ficam os trailers dos previsíveis campeões de bilheteira deste ano.
Harry Potter e o Princípe Misterioso
Terminator 4 - Salvation
X-Men - Wolverine Origins
Transformers 2: Revenge of the Fallen
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Olaias em flor
De há duas ou três semanas para cá o tempo estado bastante primaveril. Como consequência disso há umas árvores que já começam a ganhar vida. Penso que são olaias da variante de flor branca. Estas árvores têm a característica engraçada de florir antes de nascerem as novas folhas. E é isso que está a acontecer aqui na minha zona.
As olaias de flor cor de rosa ainda não despertaram, mas a brancas já. Tentei filmar uma, mas a imagem ficou feia, por isso fica só o texto.
Também já há muitas flores a despontar da relva. Por estes lados há muitos espaços relvados.
Este tempo primaveril é bastante estimulante.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Sétimo domingo do tempo comum – Ano B
Se na semana passada Jesus curou um leproso, nesta a cura é de um paralítico. Jesus veio para nos curar da paralisia do pecado, da imobilidade do medo de avançarmos pelo caminho de Deus. Tal como o paralítico da leitura de hoje, nós precisamos que alguém nos leve a Ele, que ultrapasse todos os obstáculos para nos levar à cura. Nós precisamos da Igreja, não só do clero, mas a Igreja na sua globalidade.
Nesta semana há um apelo à nossa responsabilidade como transmissores da fé. A nossa acção deverá ser sempre ultrapassar barreiras para levar os nossos irmãos a Jesus. Mais restritamente há também o apelo à missão.
Hoje dei por mim a pensar em quão falacioso é o argumento de alguns pais que afirmam não baptizar os filhos, para os não influenciar. Eles quando crescerem poderão optar. Sim, poderão, isso acontece, mas o caminho da fé se começar no berço será mais seguro. Mas o principal desta questão até está nos pais, eles estão a demitir-se de lutar pela fé dos filhos. Por preguiça. Por falta de fé. Iludem-se dizendo que assim não estão a influenciar a opção dos filhos. O exemplo de vida dos pais serve de referência para os filhos. Como na prática de um desporto, o treino, o hábito, facilitam essa prática, na religião é o mesmo. Será mais fácil para um jovem adulto manter e aprofundar a prática religiosa se desde a infância manteve esse hábito. Falo por experiência própria. Durante a adolescência andei mais distante do essencial da fé, mas como mantive a prática semanal, atingi uma altura em que senti a necessidade de saber mais, estava já com o traquejo para escolher este caminho.
Da primeira leitura retira-se que Deus está sempre disponível, basta que alguém nos leve a ele, se não podermos ir pelos nossos próprios pés. E São Paulo vem dizer, na segunda leitura, que depois do encontro, da cura, a nossa atitude deverá ser dizer sempre sim a Deus. O paralítico do Evangelho pegou no catre e foi para casa. O catre é o símbolo da causa da sua cura, servirá para lembrar e dar valor à cura que teve. Este sim que devemos dar sempre lembra-nos que somos pecadores e já fomos doentes e que a cura vem de Deus, de mais ninguém.
Nesta semana há um apelo à nossa responsabilidade como transmissores da fé. A nossa acção deverá ser sempre ultrapassar barreiras para levar os nossos irmãos a Jesus. Mais restritamente há também o apelo à missão.
Hoje dei por mim a pensar em quão falacioso é o argumento de alguns pais que afirmam não baptizar os filhos, para os não influenciar. Eles quando crescerem poderão optar. Sim, poderão, isso acontece, mas o caminho da fé se começar no berço será mais seguro. Mas o principal desta questão até está nos pais, eles estão a demitir-se de lutar pela fé dos filhos. Por preguiça. Por falta de fé. Iludem-se dizendo que assim não estão a influenciar a opção dos filhos. O exemplo de vida dos pais serve de referência para os filhos. Como na prática de um desporto, o treino, o hábito, facilitam essa prática, na religião é o mesmo. Será mais fácil para um jovem adulto manter e aprofundar a prática religiosa se desde a infância manteve esse hábito. Falo por experiência própria. Durante a adolescência andei mais distante do essencial da fé, mas como mantive a prática semanal, atingi uma altura em que senti a necessidade de saber mais, estava já com o traquejo para escolher este caminho.
Da primeira leitura retira-se que Deus está sempre disponível, basta que alguém nos leve a ele, se não podermos ir pelos nossos próprios pés. E São Paulo vem dizer, na segunda leitura, que depois do encontro, da cura, a nossa atitude deverá ser dizer sempre sim a Deus. O paralítico do Evangelho pegou no catre e foi para casa. O catre é o símbolo da causa da sua cura, servirá para lembrar e dar valor à cura que teve. Este sim que devemos dar sempre lembra-nos que somos pecadores e já fomos doentes e que a cura vem de Deus, de mais ninguém.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Arcade Fire
Nem só da Islândia vivem as minhas preferências musicais. De uma terra com dias curtíssimos vem a banda Arcade Fire. Comecei a ouvi-los na Antena 3, mas só depois de ver alguns vídeos no Youtube de actuações ao vivo é que entraram na lista da minha preferência,
Não me lembro se vi primeiro o vídeo do Rebellion (Lies) ou o Wake up, mas a energia e a entrega do grupo à actuação é admirável.
Começo pelo Wake up, a minha música preferida do disco e por arrasto dos vídeos também.
Rebellion (Lies)
Aqui fica mais um exemplo da actuação incrível deles. Como é possível uma banda com tanta gente em palco ser tão... nem sei dizer o quê, só vendo. Saliento o pormenor do uso do capacete como instrumento musical.
O primeiro álbum chama-se Funeral e o segundo Neon Bible. Deste último aqui ficam as minhas músicas preferidas.
Não me lembro se vi primeiro o vídeo do Rebellion (Lies) ou o Wake up, mas a energia e a entrega do grupo à actuação é admirável.
Começo pelo Wake up, a minha música preferida do disco e por arrasto dos vídeos também.
Rebellion (Lies)
Aqui fica mais um exemplo da actuação incrível deles. Como é possível uma banda com tanta gente em palco ser tão... nem sei dizer o quê, só vendo. Saliento o pormenor do uso do capacete como instrumento musical.
O primeiro álbum chama-se Funeral e o segundo Neon Bible. Deste último aqui ficam as minhas músicas preferidas.
Intervention
My Body is a cage
Por último aqui fica um exemplo de como eles são especiais.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Cabelos
No autocarro no último ano tenho reparado numa mulher que se tornou passageira habitual. Tenho quase a certeza absoluta que é uma imigrante de leste. Tenho a ideia que a ter ouvido falar num idioma dessa região com a filha. O que me chamou a atenção nela foi o cabelo. Da primeira vez que reparei nela trazia o cabelo cor-de-laranja. Sim, quase tão laranja como a casca do próprio fruto. A filha é loura, tem um longo cabelo ondulado louro. Com a passagem do tempo o cabelo da mãe foi ficando amarelo até atingir um louro muito claro. Ontem voltei a reparar que mudara outra vez de cor. Agora é castanho, nem muito escuro nem muito claro.
Ninguém está contente com aquilo que tem ou é. Digo isto porque tenho reparado na ironia que é ver as mulheres portuguesas, não todas, mas muitas, que são morenas a quererem ser louras e por outro lado outras que são louras a quererem ser morenas. Acho muita pisada quando vejo imagens do norte da Europa e aparece sempre por lá uma mulher de cabelos bem escuros.
Acho natural que no sul da Europa se encontrem mais louros e louras naturais do que morenos no norte. Nos séculos passados as classes baixas tinham como ideal de beleza a imagem dada pelos ricos. Ou seja, o povo que vivia da agricultura era normalmente moreno de cabelo e de pele queimada pelo sol. Já os ricos não eram assim, a pele era bem mais branca e graças aos casamentos de conveniência com nobre de outras nações, o cabelo também era louro. A maior parte da iconografia religiosa desde a idade média apresenta com ideal de beleza o protótipo do norte-europeu. Só desde o século XIX é que começou a haver uma maior circulação de genes capilares.
Em primeiro lugar acho que cada um pode fazer do seu cabelo o que quiser. Mas em segundo parece-me que muita gente anda equivocada com a sua identidade. Pintar o cabelo é uma forma de ser outra coisa do que aquilo que se é. Sei que é também uma forma de beleza, de a pessoa sentir-se bem, de se valorizar.
Lembro-me pouco dos professores que tive. Dos poucos que recordo há o de Filosofia do décimo primeiro ano que me marcou com várias coisas. Uma delas foi ter afirmado que o natural é bom. Realmente por definição se algo é natural, é algo corrente, habitual, transmite uma sensação de fluidez, de segurança, tudo aspectos positivos. Essa afirmação marcou muito os meus critérios de avaliação. Se algo é natural, então deverá ser bom, positivo, sem necessidade de mudar. (Lembro-me também a afirmação de um colega meu “ó stôr, uma vez caí numa pocilga de porcos e não achei nada bom”) Usando o critério da naturalidade, acho curioso que as pessoas insistam em pintar o cabelo, mais ainda no caso das nórdicas.
No caso das louras do norte da Europa que pintam o cabelo para serem morenas, mais me impressiona porque o meu ideal de beleza, o meu estereótipo, está na cor de cabelo loura, olhos azuis e corpos longilíneos. Cada pessoa é um mundo e o meu ideal de beleza deverá ser mesmo diferente do da maioria. É assim com todos. O ideal de beleza dos nórdicos parece ser o tipo mediterrâneo. Gostos...
Mais ridícula acho a mania que muitas mulheres têm, ao chegarem à meia-idade de se transformarem em louras. Percebo que é uma forma de não mostrar tanto os cabelos brancos, sempre dá para disfarçar a ausência de tinta nas raízes. Percebo, mas acho ridículo.
Por último, acho que a moda de fazer nuances ou madeixas é uma forma relativamente acessível de uma mulher transmitir a mensagem de que pertence a uma classe social elevada. Alguém com um cabelo longo, multitonal de castanhos-claros, com uma roupita da Zara já passa por advogada, por mulher de negócios, por mulher independente financeiramente e não só. Mesmo que ganhe pouco mais que o ordenado mínimo.
Hoje estou a exagerar na escrita e no azedume. Gabo a pachorra a quem tenha lido isto até ao fim.
Ninguém está contente com aquilo que tem ou é. Digo isto porque tenho reparado na ironia que é ver as mulheres portuguesas, não todas, mas muitas, que são morenas a quererem ser louras e por outro lado outras que são louras a quererem ser morenas. Acho muita pisada quando vejo imagens do norte da Europa e aparece sempre por lá uma mulher de cabelos bem escuros.
Acho natural que no sul da Europa se encontrem mais louros e louras naturais do que morenos no norte. Nos séculos passados as classes baixas tinham como ideal de beleza a imagem dada pelos ricos. Ou seja, o povo que vivia da agricultura era normalmente moreno de cabelo e de pele queimada pelo sol. Já os ricos não eram assim, a pele era bem mais branca e graças aos casamentos de conveniência com nobre de outras nações, o cabelo também era louro. A maior parte da iconografia religiosa desde a idade média apresenta com ideal de beleza o protótipo do norte-europeu. Só desde o século XIX é que começou a haver uma maior circulação de genes capilares.
Em primeiro lugar acho que cada um pode fazer do seu cabelo o que quiser. Mas em segundo parece-me que muita gente anda equivocada com a sua identidade. Pintar o cabelo é uma forma de ser outra coisa do que aquilo que se é. Sei que é também uma forma de beleza, de a pessoa sentir-se bem, de se valorizar.
Lembro-me pouco dos professores que tive. Dos poucos que recordo há o de Filosofia do décimo primeiro ano que me marcou com várias coisas. Uma delas foi ter afirmado que o natural é bom. Realmente por definição se algo é natural, é algo corrente, habitual, transmite uma sensação de fluidez, de segurança, tudo aspectos positivos. Essa afirmação marcou muito os meus critérios de avaliação. Se algo é natural, então deverá ser bom, positivo, sem necessidade de mudar. (Lembro-me também a afirmação de um colega meu “ó stôr, uma vez caí numa pocilga de porcos e não achei nada bom”) Usando o critério da naturalidade, acho curioso que as pessoas insistam em pintar o cabelo, mais ainda no caso das nórdicas.
No caso das louras do norte da Europa que pintam o cabelo para serem morenas, mais me impressiona porque o meu ideal de beleza, o meu estereótipo, está na cor de cabelo loura, olhos azuis e corpos longilíneos. Cada pessoa é um mundo e o meu ideal de beleza deverá ser mesmo diferente do da maioria. É assim com todos. O ideal de beleza dos nórdicos parece ser o tipo mediterrâneo. Gostos...
Mais ridícula acho a mania que muitas mulheres têm, ao chegarem à meia-idade de se transformarem em louras. Percebo que é uma forma de não mostrar tanto os cabelos brancos, sempre dá para disfarçar a ausência de tinta nas raízes. Percebo, mas acho ridículo.
Por último, acho que a moda de fazer nuances ou madeixas é uma forma relativamente acessível de uma mulher transmitir a mensagem de que pertence a uma classe social elevada. Alguém com um cabelo longo, multitonal de castanhos-claros, com uma roupita da Zara já passa por advogada, por mulher de negócios, por mulher independente financeiramente e não só. Mesmo que ganhe pouco mais que o ordenado mínimo.
Hoje estou a exagerar na escrita e no azedume. Gabo a pachorra a quem tenha lido isto até ao fim.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Se se deslocar, não use telemóvel
Eu tenho um telemóvel, mas não o uso. Só em situações especiais é que o ligo. Comprei-o na véspera da operação do meu pai às cataratas, no ano passado. Foi útil, pois passei a noite com o meu pais na clínica e fui mantendo o contacto com a minha mãe. Portanto, só em situações especiais é que o uso. Por vezes até tenho pena de ter cedido à pressão criada por mim próprio para ter um. Agora tenho pena de não pertencer ao restrito grupo dos não possuidores deste tipo de aparelhos. Enfim uso-o muito pouco.
Mas o motivo para escrever não é a minha relação com o aparelho. Se é proibido falar ao telemóvel enquanto se conduz um veículo, acho que se devia estender essa proibição para todo o tipo de deslocação.
Uma vez ia para o trabalho e vinha na minha direcção um rapaz certamente escrevendo um sms (será “um sms” ou “uma sms”?). Caminhava e escrevia. Não via para onde ia e esbarrou numa coluna que suporta aquela sinalização rodoviária que atravessa as faixas de rodagem de um lado ao outro. Foi cómico.
Várias vezes pessoas olhando para o aparelho ima esbarrando comigo. E aquelas pessoas que entram nos autocarros a falar ao telemóvel? Alguns entram, viajam e saem sem desligar a chamada. E no caso das mulheres que fazem números de equilibrismo e de comédia ao mesmo tempo para segurarem no telemóvel, procurarem o passe e segurarem nos outros sacos?
Parece-me que comunicar por telefone deverá ser uma actividade sedentária.
Mas o motivo para escrever não é a minha relação com o aparelho. Se é proibido falar ao telemóvel enquanto se conduz um veículo, acho que se devia estender essa proibição para todo o tipo de deslocação.
Uma vez ia para o trabalho e vinha na minha direcção um rapaz certamente escrevendo um sms (será “um sms” ou “uma sms”?). Caminhava e escrevia. Não via para onde ia e esbarrou numa coluna que suporta aquela sinalização rodoviária que atravessa as faixas de rodagem de um lado ao outro. Foi cómico.
Várias vezes pessoas olhando para o aparelho ima esbarrando comigo. E aquelas pessoas que entram nos autocarros a falar ao telemóvel? Alguns entram, viajam e saem sem desligar a chamada. E no caso das mulheres que fazem números de equilibrismo e de comédia ao mesmo tempo para segurarem no telemóvel, procurarem o passe e segurarem nos outros sacos?
Parece-me que comunicar por telefone deverá ser uma actividade sedentária.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
sigur rós XI
Quando ainda andava saborear o dvd heima e o cd duplo hravf/heim, ou seja no início de 2008. A banda entretinha-se a gravar um novo disco. Pela primeira vez algumas gravações foram fora da ilha e tiveram com produtor um músico de renome internacional, o Flood. A gravação foi rápida e no início do Verão foi editado o cd com o nome de med sud i eyrum vid spilum endalaust.
A primeira coisa que estranhei foi a capa. Até agora o grafismo tinha sido bem diferente. Depois estranhei a ousadia.
A primeira coisa que estranhei foi a capa. Até agora o grafismo tinha sido bem diferente. Depois estranhei a ousadia.
A banda disponibilizou gratuitamente o primeiro single. Mais um choque. Gobbledigook pouco tinha a ver com toda a discografia anterior da banda. É um tema alegre, bastante ritmado e sem a guitarra etérea tão característica.
Saiu o cd e após a primeira audição senti uma grande desilusão. Os sigur rós tinham cortado com o passado. Este cd estava indelevelmente influenciado pela experiência da digressão na ilha que deu origem ao heima.
Os primeiros temas eram alegres, mas a partir do festival o silêncio, o sussurro e a guitarra acústica tomaram conta do disco. Reagi mal. Compreendia que os músicos sentem necessidade de experimentar coisas novas, que não querem repetir a mesma fórmula, mas este caminho não me dizia nada.
Até ao concerto que tiveram em Lisboa, dei pouca atenção ao disco e à banda em geral. Depois li esta reportagem e decidi dar uma segunda hipótese ao cd. Ouvi várias vezes no meu mp4, vi algumas actuações no youtube e vi o vídeo possível do primeiro single.
Actualmente vejo este disco como um acto de libertação. O nudismo da capa e do vídeo representam essa libertação. Eles estão bem com o mundo e em paz. Depois da alegria do takk e do regresso às origens com heima, a vida continua com um zumbido nos ouvidos... sempre tocando...
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
sigur rós X
Intitulo este texto como sigur rós, mas não vou falar deles. Pelo menos directamente.
No cd takk nota-se uma colaboração entre a banda e um quarteto de cordas feminino. Ao que parece essa colaboração já vem desde o ágætis byrjun, mais intensa no ().
Este quarteto chama Amiina e para além de tocarem em quarteto de cordas clássico, elas aventuram-se por outros instrumentos (alguns bem estranhos, como por exemplo um serrote).
No cd takk nota-se uma colaboração entre a banda e um quarteto de cordas feminino. Ao que parece essa colaboração já vem desde o ágætis byrjun, mais intensa no ().
Este quarteto chama Amiina e para além de tocarem em quarteto de cordas clássico, elas aventuram-se por outros instrumentos (alguns bem estranhos, como por exemplo um serrote).
Nos vários vídeos que já mostrei elas aparecem em alguns, sobretudo naqueles do dvd e das músicas do takk.
Aqui ficam alguns exemplos da sua música.
Tenho o cd delas em lista para comprar... provavelmente será através do CDGO.
Para terminar fica aqui uma curiosidade fútil. Ouvi dizer que houve um casamento entre elementos das duas bandas. Não consegui confirmar esta história.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
O meu gato
Aqui fica a apresentação do meu gato Bonifácio, de sobrenome Xaninho.
Ele veio para a nossa casa muito pequeno, ainda viviamos na Baixa, no Verão de 1996. Um vizinha nossa, que era uma grande defensora dos gatos, até dava comida aos vádios, veio ter connosco com ele no colo a perguntar se não queriamos ficar com ele. Ela encontrara-o na rua às voltas com os sapatos de um vendedor.
Foi a minha mãe que o recebeu e assim que o teve no colo apaixonou-se por ele. O bicho começou logo a ronronar e a "amassar pão" no peito dela. E pronto, ficou connosco.
O nome de Bonifácio fui eu que o impus. Bonifácio é o nome do gato do Afonso da Maia no livro de Eça de Queirós, Os Maias. Se um dia tiver um cão, será Tobias, pela mesma razão.
No entanto a minha mãe costuma chama-lo de Xaninho. Por isso é o Bonifácio Xaninho.
Ele veio para a nossa casa muito pequeno, ainda viviamos na Baixa, no Verão de 1996. Um vizinha nossa, que era uma grande defensora dos gatos, até dava comida aos vádios, veio ter connosco com ele no colo a perguntar se não queriamos ficar com ele. Ela encontrara-o na rua às voltas com os sapatos de um vendedor.
Foi a minha mãe que o recebeu e assim que o teve no colo apaixonou-se por ele. O bicho começou logo a ronronar e a "amassar pão" no peito dela. E pronto, ficou connosco.
O nome de Bonifácio fui eu que o impus. Bonifácio é o nome do gato do Afonso da Maia no livro de Eça de Queirós, Os Maias. Se um dia tiver um cão, será Tobias, pela mesma razão.
No entanto a minha mãe costuma chama-lo de Xaninho. Por isso é o Bonifácio Xaninho.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Sexto domingo do tempo comum – Ano B
As leituras deste domingo são atravessadas pela palavra “lepra” e pela reacção a esta doença terrível.
Na primeira leitura, do livro Levítico, vemos o quão duro era para o doente viver com a doença. Literalmente era posto fora da comunidade. Naquele tempo, e durante séculos, não havia cura ou tratamento, o que significava que a cura a existir teria que ser natural ou por intervenção divina.
No Evangelho é relatado o encontro de Jesus com um leproso e a cura que resulta desse encontro. Como fora profetizado o Messias viria curar as enfermidades que afligiam o povo.
Esta cura que Jesus faz para além de física também é espiritual. Ele manda o leproso apresentar-se ao sacerdote para o reintegrar na comunidade, que na sua essência era espiritual.
Aos nossos olhos, de pecadores, mesmo que bem intencionados, a ordem de Jesus para que o leproso não divulgasse a cura, pode parecer estranha. Então se havia uma cura para a doença porquê não espalhar a “boa nova”? Imagine-se a quantidade de leprosos e outros doentes sociais que poderiam ser curados. Este secretismo até nem é cristão!? Não se deve ser agradecido a quem nos faz bem?
Em primeiro lugar Jesus pede secretismo para que o leproso seja mesmo readmitido na comunidade. Depois, a sociedade israelita não estava preparada para receber aquele tipo de Messias. Viu-se o resultado mais tarde na cruz. A maioria esperava um rei, guerreiro e sacerdote ao estilo (e desculpem-me a comparação) do Aragon do Senhor dos Anéis. [Nos livros vem a dizer que o Aragon tinha o poder de curar com as mãos.] Jesus era rei, guerreiro e sacerdote ao estilo do Servo Sofredor do profeta Isaías. A principal cura que vinha fazer era espiritual, era reconduzir a humanidade ao Amor de Deus. Nesta perspectiva a lepra é sinónimo de pecado.
Por outro lado podemos ver estas leituras de outro prisma. Como cristãos temos a obrigação de continuar a acção de Jesus, somos o Seu corpo. E o que vemos Ele fazer? Acolher o leproso. Tocar o leproso. Amá-lo para além do seu aspecto.
Se encararmos o leproso com um símbolo, o que descobrimos? O leproso é o leproso. O leproso é os doente de sida. O leproso é o toxicodependente. O leproso é o condenado na prisão. O leproso é o idoso. O leproso é o imigrante indesejado. O leproso é o marginal. O leproso é o homossexual. O leproso é a prostituta. O leproso simboliza todos aqueles que julgamos a pessoa pelos seus actos. Por vezes o leproso sou eu próprio porque não aceito as minhas imperfeições, as minhas limitações ou as limitações dos outros.
São Paulo, na segunda leitura, exorta-nos a sermos indiferentes a nós próprios e totalmente dedicados aos outros. Não ser ocasião de desânimo ou descrença para os outros. Exorta-nos a sermos imitadores de dele, que é por sua vez imitador de Cristo.
Na primeira leitura, do livro Levítico, vemos o quão duro era para o doente viver com a doença. Literalmente era posto fora da comunidade. Naquele tempo, e durante séculos, não havia cura ou tratamento, o que significava que a cura a existir teria que ser natural ou por intervenção divina.
No Evangelho é relatado o encontro de Jesus com um leproso e a cura que resulta desse encontro. Como fora profetizado o Messias viria curar as enfermidades que afligiam o povo.
Esta cura que Jesus faz para além de física também é espiritual. Ele manda o leproso apresentar-se ao sacerdote para o reintegrar na comunidade, que na sua essência era espiritual.
Aos nossos olhos, de pecadores, mesmo que bem intencionados, a ordem de Jesus para que o leproso não divulgasse a cura, pode parecer estranha. Então se havia uma cura para a doença porquê não espalhar a “boa nova”? Imagine-se a quantidade de leprosos e outros doentes sociais que poderiam ser curados. Este secretismo até nem é cristão!? Não se deve ser agradecido a quem nos faz bem?
Em primeiro lugar Jesus pede secretismo para que o leproso seja mesmo readmitido na comunidade. Depois, a sociedade israelita não estava preparada para receber aquele tipo de Messias. Viu-se o resultado mais tarde na cruz. A maioria esperava um rei, guerreiro e sacerdote ao estilo (e desculpem-me a comparação) do Aragon do Senhor dos Anéis. [Nos livros vem a dizer que o Aragon tinha o poder de curar com as mãos.] Jesus era rei, guerreiro e sacerdote ao estilo do Servo Sofredor do profeta Isaías. A principal cura que vinha fazer era espiritual, era reconduzir a humanidade ao Amor de Deus. Nesta perspectiva a lepra é sinónimo de pecado.
Por outro lado podemos ver estas leituras de outro prisma. Como cristãos temos a obrigação de continuar a acção de Jesus, somos o Seu corpo. E o que vemos Ele fazer? Acolher o leproso. Tocar o leproso. Amá-lo para além do seu aspecto.
Se encararmos o leproso com um símbolo, o que descobrimos? O leproso é o leproso. O leproso é os doente de sida. O leproso é o toxicodependente. O leproso é o condenado na prisão. O leproso é o idoso. O leproso é o imigrante indesejado. O leproso é o marginal. O leproso é o homossexual. O leproso é a prostituta. O leproso simboliza todos aqueles que julgamos a pessoa pelos seus actos. Por vezes o leproso sou eu próprio porque não aceito as minhas imperfeições, as minhas limitações ou as limitações dos outros.
São Paulo, na segunda leitura, exorta-nos a sermos indiferentes a nós próprios e totalmente dedicados aos outros. Não ser ocasião de desânimo ou descrença para os outros. Exorta-nos a sermos imitadores de dele, que é por sua vez imitador de Cristo.
sábado, 14 de fevereiro de 2009
sigur rós IX
Não tenho muito a dizer sobre o dvd heima. Serviu para me interessar pelo país e pela cultura daquele povo. Como um bom europeu do sul sou apreciador dos cabelos louros, olhos azuis. Para exemplificar aqui fica uma foto paradigmática.
(Esta e outras fotos estão aqui)
Como já disse a edição que possuo é especial, tem um livro com cento e tal fotos e um dvd extra. No primeiro disco está o filme heima, tal como foi apresentado no cinema. No segundo navegamos pelo mapa da ilha e assistimos em cada cidade aos temas incluídos no filme. Penso que algumas músicas foram cortadas no filme.
Aqui fica um trailer:
E outro
Há um facto muito curioso nas canções tocadas ao ar livre. Sempre que havia público era frequente ver famílias com crianças, até de colo. É muito interessante ver esta música ser tocada numa atmosfera familiar. Apesar de nunca ter saído do meu país e de a Islândia ser tão diferente da minha realidade, aquelas imagens transmitem-me a sensação de lar, como se o meu lar não fosse aqui, mas lá.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Nova música
Hoje, antes de sair de casa, ouvi na RADAR estas duas músicas.
Aqui ficam os vídeos.
White Lies - To Lose My Life
Grace Jones • William´s Blood
Aqui ficam os vídeos.
White Lies - To Lose My Life
Grace Jones • William´s Blood
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
sigur rós VIII
A aquisição do dvd heima representou para mim um marco histórico. Na altura decidi comprar a edição especial com um livro e um segundo disco. Ora rapidamente descobri que não conseguiria comprar nas lojas habituais. Optei por comprar pela net. Descobri o site CDGO e após alguma ponderação lá me decidi.
Um factor que me convenceu a avançar foi outra descoberta que fizera: o Cartão de multibanco virtual (MBNet). Tive algumas dificuldades acertar nos códigos, mas a transacção fez e fiquei bem impressionado. Não voltei a comprar nada, mais por preguiça do que por qualquer outra razão. Ok, também porque não precisei.
Em relação a transacções na net eu sou muito cauteloso, mas acho que esta loja é séria e tem muita variedade. Não descarto a possibilidade de voltar a fazer lá compras.
Um factor que me convenceu a avançar foi outra descoberta que fizera: o Cartão de multibanco virtual (MBNet). Tive algumas dificuldades acertar nos códigos, mas a transacção fez e fiquei bem impressionado. Não voltei a comprar nada, mais por preguiça do que por qualquer outra razão. Ok, também porque não precisei.
Em relação a transacções na net eu sou muito cauteloso, mas acho que esta loja é séria e tem muita variedade. Não descarto a possibilidade de voltar a fazer lá compras.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
sigur rós VII
No Verão de 2006 o grupo faz uma série de espectáculos na Islândia, muitos deles acústicos e a maioria ao ar livre. Dessa aventura nasceu um filme, Heima (lar) que retrata essa viagem e que dá conhecer a Islândia de um forma muito sedutora. Esse filme foi exibido nos cinemas de muitos países, por cá não.
No Outono de 2007, na altura em que o filme corria o mundo saiu o dvd. Também saiu um cd duplo com raridades e versões alternativas de algumas músicas conhecidas. Este cd chama-se Hvarf/Heim.
No Outono de 2007, na altura em que o filme corria o mundo saiu o dvd. Também saiu um cd duplo com raridades e versões alternativas de algumas músicas conhecidas. Este cd chama-se Hvarf/Heim.
O cd Hvarf inclui duas músicas que não couberam nos discos anteriores. As restantes três são versões alternativas e raras de temas já editados (Salka, Von e Hafsól). Este cd é mais eléctrico.
O cd Heim inclui versões ao vivo de várias músicas e que algumas delas aparecem do filme Heima. Este cd é muito mais acústico.
Aqui ficam alguns temas que encontrei no youtube:
hljómalind do cd Hvarf(esta é a minha preferida)
Í Gær do cd Hvarf
Deixo os vídeos do cd Heim para o post sobre do dvd.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
A Pomba (de novo)
No início desta minha aventura na internet escrevi sobre uma pomba que nós "adoptámos".
Mais ou menos por essa altura resolvi increver-me como assinante da revista Proteste porque ofereciam uma câmara de vídeo. Fiz algumas filmagens e este é primeiro vídeo que fiz sobre a pomba.
Mais ou menos por essa altura resolvi increver-me como assinante da revista Proteste porque ofereciam uma câmara de vídeo. Fiz algumas filmagens e este é primeiro vídeo que fiz sobre a pomba.
Peço desculpa pela fraca qualidade.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
sigur rós VI
Para um leitor atento destes textos, que tenho escrito sobre os sigur rós, (será que alguma vez ele/a aparecerá?) notará duas coisas: escrevo o nome da banda e das músicas sem maiúsculas iniciais e que não traduzi grande parte das palavras em islandês, tendo traduzido algumas.
Habituei-me a ver no site da banda a escrita sem maiúsculas e gostei. Quero exprimir nesta forma de escrever o quanto gosto deles e são especiais para mim.
A razão porque só traduzi algumas partes deve-se, por um lado a preguiça de ir procurar, por outro para criar a sensação de mistério.
Para um projecto literário que tenho em banho-maria decidi pôr algumas letras deles em português e para isso tive que traduzir do inglês. E confesso, senti-me um pouco desiludido com o resultado tanto da minha tradução como da mensagem das letras. O mistério quebrou-se. A magia foi violada. Desde sempre que nunca precisei de entender o que era dito nas cantigas e isso afastou-me de muita música portuguesa.
Felizmente o facto de ter traduzido algumas das letras das minhas músicas preferidas não abalou o prazer que tenho a ouvi-las, principalmente porque já esqueci grande parte dos pormenores.
Por isso não me importo de deixar aqui algumas traduções dos títulos (quem quiser ler basta seleccionar as próximas linhas com o rato)
hún jörð – terra mãe (uma versão pagã do Pai Nosso, substituindo o pai pela mãe)
myrkur – escuridão
ágætis byrjun – um bom começo
svefn-g-englar – sonâmbulos
flugufrelsarinn – o salvador das moscas
takk – obrigado
hoppípolla – chapinhando nas poças de água ou numa só palavra patinhando
glósóli – sol resplandescente
med sud i eyrum vid spilum endalaust – com um zumbido nos ouvidos tocamos sem fim
Habituei-me a ver no site da banda a escrita sem maiúsculas e gostei. Quero exprimir nesta forma de escrever o quanto gosto deles e são especiais para mim.
A razão porque só traduzi algumas partes deve-se, por um lado a preguiça de ir procurar, por outro para criar a sensação de mistério.
Para um projecto literário que tenho em banho-maria decidi pôr algumas letras deles em português e para isso tive que traduzir do inglês. E confesso, senti-me um pouco desiludido com o resultado tanto da minha tradução como da mensagem das letras. O mistério quebrou-se. A magia foi violada. Desde sempre que nunca precisei de entender o que era dito nas cantigas e isso afastou-me de muita música portuguesa.
Felizmente o facto de ter traduzido algumas das letras das minhas músicas preferidas não abalou o prazer que tenho a ouvi-las, principalmente porque já esqueci grande parte dos pormenores.
Por isso não me importo de deixar aqui algumas traduções dos títulos (quem quiser ler basta seleccionar as próximas linhas com o rato)
hún jörð – terra mãe (uma versão pagã do Pai Nosso, substituindo o pai pela mãe)
myrkur – escuridão
ágætis byrjun – um bom começo
svefn-g-englar – sonâmbulos
flugufrelsarinn – o salvador das moscas
takk – obrigado
hoppípolla – chapinhando nas poças de água ou numa só palavra patinhando
glósóli – sol resplandescente
med sud i eyrum vid spilum endalaust – com um zumbido nos ouvidos tocamos sem fim
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Quinto domingo do tempo comum – Ano B
Neste domingo o tema das leituras passa por um lado pelo sofrimento e pela doença e por outro pela nossa atitude perante essas realidades nas outras pessoas.
No Evangelho Jesus depois de sair da sinagoga vai para a casa de Pedro, onde provavelmente se alojava, e cura a sogra deste que imediatamente começa a servi-los. Perante este pequeno episódio somos chamados a vê-lo de duas perspectivas diferentes:
1 – Deus aproxima-Se sempre de nós, mais ainda quando sofremos. Assim como cristãos devemos ter sempre essa atitude presente no nosso contacto com os outros, com os que sofrem. Não esqueçamos que somos corpo de Cristo, por isso mesmo Ele aproxima-Se de quem sofre também através de nós.
2 – Nós como beneficiadores da cura/amor/aproximação de Deus, somos chamados a seguir o exemplo da sogra de Pedro, que mal ficou boa pôs-se logo a servi-los. A nossa existência só tem sentido na perspectiva do serviço.
Não se pense que a cura de Jesus ficou por ali. Assim que a notícia se espalhou reuniu-se uma grande multidão à porta de Pedro. E Jesus curou-os a todos. O que isto me diz? Não devemos pôr limites e barreiras à acção de Deus. Não devemos só fazer bem, dar amor, aos que estão mais próximos (família, amigos). Jesus diz aos discípulos que veio para todos e não só para os habitantes daquela localidade.
Na segunda leitura fica reforçada a ideia de que devemos servir todos, de todas as formas para, à semelhança de São Paulo, salvar alguns. Ou seja, não devemos preocupar-nos com os resultados. Fazemos tudo o que podemos, é essa a nossa missão, os resultados não estão nas nossas mãos.
sábado, 7 de fevereiro de 2009
sigur rós V
Em Junho de 2006 encontrei na Fnac do Chiado o primeiro cd editado pelos sigur rós. Chama-se von, que julgo querer dizer esperança. Comprei-o porque queria completar a colecção dos originais do grupo.
Eu sabia que o primeiro trabalho do grupo era diferente do que eles fizeram depois. A diferença é bem grande. Antes de comprar pensava que seria uma colecção de cantigas pop, mas saiu-me algo inenarrável. As faixas, na sua maioria, são temas ambientais electrónicos. Sonoridades bastante bizarras.
Lá pelo meio aparecem hún jörð e myrkur., respectivamente a faixa 3 e 5.
Eu sabia que o primeiro trabalho do grupo era diferente do que eles fizeram depois. A diferença é bem grande. Antes de comprar pensava que seria uma colecção de cantigas pop, mas saiu-me algo inenarrável. As faixas, na sua maioria, são temas ambientais electrónicos. Sonoridades bastante bizarras.
Lá pelo meio aparecem hún jörð e myrkur., respectivamente a faixa 3 e 5.
Aqui ficam hún jörð
e myrkur
A faixa 6 dá o nome ao site oficial do grupo e são 18 segundos de silêncio que na minha opinião representam o nascimento do sol. Na faixa 7 aparece hafssol e na 9 von que dá o nome ao disco.
A primeira faixa do cd tem o nome do grupo, sigur rós, que é o nome que os pais do vocalista deram à sua irmã, que nasceu no dia em que o grupo foi formado. Giro, não é?
Sigur rós quer dizer algo como Rosa da Vitória.
Vejo este disco como uma homenagem à vida personificada na irmã do vocalista. O grafismo do disco traz a cara de uma bebé. Se bem me lembro da sequência dos temas notei uma certa referência ao nascimento, ao início e daí a esperança necessária para o começo.
A primeira faixa do cd tem o nome do grupo, sigur rós, que é o nome que os pais do vocalista deram à sua irmã, que nasceu no dia em que o grupo foi formado. Giro, não é?
Sigur rós quer dizer algo como Rosa da Vitória.
Vejo este disco como uma homenagem à vida personificada na irmã do vocalista. O grafismo do disco traz a cara de uma bebé. Se bem me lembro da sequência dos temas notei uma certa referência ao nascimento, ao início e daí a esperança necessária para o começo.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
sigur rós IV
O terceiro disco que comprei do grupo foi o takk, o quarto de originais, em Setembro de 2005. Na minha opinião é o mais alegre de todos. Não navega pelas paisagens mágicas entre o céu e o mar do ágætis byrjun nem vagueia pela floresta outonal e enigmática do (). Há quem diga que é o mais pop de todos, talvez. Bastante influenciado pelo tema e vídeo de hoppípolla vejo o disco como uma evocação da infância e de um passado perdido.
Usando a ordem do disco aqui ficam os vídeos de glósóli
E agora o hoppípolla no vídeo original
Neste ao vivo é o hoppípolla com o með blóðnasir, que na prática é continuação do hoppípolla (como curiosidade hoppípolla quer dizer chapinhando nas poças de água e o með blóðnasir parece-me que quer dizer sangrando do nariz)
Para terminar aqui fica o tema gong que comecei a apreciar mais recentemente (com este cd aconteceu o mesmo com o primeiro que comprei, ouvi intensamente os primeiros temas e os outros ficaram para mais tarde.
Usando a ordem do disco aqui ficam os vídeos de glósóli
E agora o hoppípolla no vídeo original
Neste ao vivo é o hoppípolla com o með blóðnasir, que na prática é continuação do hoppípolla (como curiosidade hoppípolla quer dizer chapinhando nas poças de água e o með blóðnasir parece-me que quer dizer sangrando do nariz)
Para terminar aqui fica o tema gong que comecei a apreciar mais recentemente (com este cd aconteceu o mesmo com o primeiro que comprei, ouvi intensamente os primeiros temas e os outros ficaram para mais tarde.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Sentimento de culpa
Tenho saudades do meu pai.
Tenho um sentimento de culpa por ter dificuldade em lembrar-me de como ele era antes da doença. O Alzheimer tanto afecta a memória do doente como da família mais próxima. Estou tão submerso com a personalidade distorcida actual, que a anterior, a verdadeira parece um mito, um sonho vago quase esquecido.
Tenho saudades de ser o filho, de ter o apoio e a protecção do pai. Tenho saudades de receber carinho e ele era bem carinhoso e brincalhão. Era alguém com quem podia conversar, com quem podia aprender qualquer coisa. Agora só recebo agressões. Ele está em constante conflito e competição, demasiado infantil.
Queria refugiar-me nas boas recordações, mas... não me lembro e do que me lembro são reflexos, cintilações do presente. Sinto culpa por não me lembrar. Sinto culpa por no futuro só conseguir guardar recordações de sofrimento... pode ser que então já esteja fora deste mar que me sufoca.
sigur rós III
O segundo cd que comprei dos sigur rós foi o (). Este disco é muito especial.
Não tem título.
Não tem créditos no interior.
A língua usada é inventada.
O livrinho no interior está em branco para o dono do disco escrever, se quiser, as letras que a música lhe inspira.
Há um som que se ouve no início e que se repete no fim.
Entre a faixa 4 e a 5 há um silêncio de 30 segundos que serve para dividir o cd em duas partes, a primeira mais intimista e a segunda mais expansiva.
Talvez por causa do caracter algo translúcido do livrinho, aliado a sugestão de ramos de árvores, imagino este disco como o disco do Outono.
Desde o primeiro cd do grupo, que ainda não falei dela, que existem temas cantados numa língua criada e baptizada por eles chamada vonlenska (hopelandic em inglês, algo como esperancês na nossa língua). Neste cd todos os temas cantados, a língua usada é esta. O esperancês é um conjunto de silabas baseadas no islandês, sem um sentido nem gramática definida. Não tenho a certeza, mas parece-me que ouvi dizer que os Beatles tinham uma técnica de composição em que usavam palavras à toa para encaixar na música, antes de escreverem as letras definitivas. A técnica do esperancês é idêntica.
Outra particularidade do som dos sigur rós é o uso do arco de violoncelo para tocar a guitarra. O vídeo ao vivo do svefn-g-englar é um bom exemplo. Esta forma de tocar a guitarra gera uma sonoridade mágica bem patente no ágætis byrjun e neste ().
Aqui fica a minha faixa preferida. É a última do disco, a nº 8, infelizmente este tema ao vivo dura mais de 10 minutos, mas fica a "parte final".
Mais tarde escreverei sobre Heima de onde este vídeo foi tirado.
Não tem título.
Não tem créditos no interior.
A língua usada é inventada.
O livrinho no interior está em branco para o dono do disco escrever, se quiser, as letras que a música lhe inspira.
Há um som que se ouve no início e que se repete no fim.
Entre a faixa 4 e a 5 há um silêncio de 30 segundos que serve para dividir o cd em duas partes, a primeira mais intimista e a segunda mais expansiva.
Talvez por causa do caracter algo translúcido do livrinho, aliado a sugestão de ramos de árvores, imagino este disco como o disco do Outono.
Desde o primeiro cd do grupo, que ainda não falei dela, que existem temas cantados numa língua criada e baptizada por eles chamada vonlenska (hopelandic em inglês, algo como esperancês na nossa língua). Neste cd todos os temas cantados, a língua usada é esta. O esperancês é um conjunto de silabas baseadas no islandês, sem um sentido nem gramática definida. Não tenho a certeza, mas parece-me que ouvi dizer que os Beatles tinham uma técnica de composição em que usavam palavras à toa para encaixar na música, antes de escreverem as letras definitivas. A técnica do esperancês é idêntica.
Outra particularidade do som dos sigur rós é o uso do arco de violoncelo para tocar a guitarra. O vídeo ao vivo do svefn-g-englar é um bom exemplo. Esta forma de tocar a guitarra gera uma sonoridade mágica bem patente no ágætis byrjun e neste ().
Aqui fica a minha faixa preferida. É a última do disco, a nº 8, infelizmente este tema ao vivo dura mais de 10 minutos, mas fica a "parte final".
Mais tarde escreverei sobre Heima de onde este vídeo foi tirado.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
sigur rós II
O meu cd preferido até agora é o ágætis byrjun. Talvez por ter sido o primeiro contacto que tive com a banda, diz-se que não amor como o primeiro, pode ser por isso. O que sei é que nos discos seguintes não voltei a sentir o que senti naquele. Houve quem tenha falado de “banda sonora do paraíso”, eu sinto de outra forma. Sinto como um retrato da Islândia, de alguns aspectos daquela ilha mágica.
Há momentos naquele disco que me invocam praias de água fria, gaivotas sob um céu crepuscular, paisagens quase lunares, vento deslizando por entre rochas e cascalho, ecos da voz dos pescadores lá longe, pairar ao sabor do vento polar entre o mar e a terra, maresia, sal, frio.
Há momentos naquele disco que me invocam praias de água fria, gaivotas sob um céu crepuscular, paisagens quase lunares, vento deslizando por entre rochas e cascalho, ecos da voz dos pescadores lá longe, pairar ao sabor do vento polar entre o mar e a terra, maresia, sal, frio.
Aqui fica mais um vídeo, agora de svefn-g-englar ao vivo:
Por mais que gostasse de viver num sítio quente, tropical, só tenho um pleno prazer ao escutar estas músicas se me imaginar numa praia fria batida por ondas nas rochas. Normalmente pelo Outono tenho uma fase de audição mais frequente dos sigur rós. Se calhar a minha fraca aderência ao med sud i eyrum vid spilum endalaust esteja ligada à compra do cd no final de Junho do ano passado.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Flugufrelsarinn
Como uma criança com um novo briquedo, aqui fica mais um vídeo, que na realidade só mostra a capa do cd, mas o que interessa é a música.
sigur rós I
Sendo eu visceralmente intolerante com o frio de onde me vem o interesse pela Islândia? Provavelmente como muitos dos leitores que eu gostaria de ter por aqui, a responsabilidade é dos sigur rós.
Tomei conhecimento com eles através de um programa de rádio na antena3, à hora de jantar, conduzido pelo Álvaro Costa e Nuno Galopin. Lembro-me de ouvir o primeiro single starálfur e também svefn-g-englar, tendo este último contribuído definitivamente para a minha total adesão a esta música e a esta banda. Uns tempos depois lá comprei o cd ágætis byrjun.
Tomei conhecimento com eles através de um programa de rádio na antena3, à hora de jantar, conduzido pelo Álvaro Costa e Nuno Galopin. Lembro-me de ouvir o primeiro single starálfur e também svefn-g-englar, tendo este último contribuído definitivamente para a minha total adesão a esta música e a esta banda. Uns tempos depois lá comprei o cd ágætis byrjun.
Aqui ficam os vídeos starálfur
e svefn-g-englar
Durante bastante tempo ouvi intensamente as quatro primeiras faixas: intro, svefn-g-englar, starálfur e flugufrelsarinn (sendo este o meu segundo preferido do disco). Só mais tarde, bem mais tarde é que me apaixonei pelo viðrar vel til loftárása, e seu impressionante vídeo,
e pelo tema título do cd ágætis byrjun.
Os discos desta banda são de digestão lenta para mim. Muitas vezes só começo a gostar verdadeiramente do cd depois de ouvir o seguinte. Aconteceu-me isso com o takk e espero que acontece o mesmo com este último. Mas isto é assunto para os próximos textos.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Pulmões
Todas as Estações do Ano proporcionam-nos momentos de beleza e prazer que só encontramos exclusivamente em cada uma. E provavelmente cada pessoa tem a sua preferência.
Há uns anos descobri a minha. Ia no autocarro num dia frio, mas de céu azul, para o trabalho quando reparei numas árvores despidas de folhas. São árvores altas de farta ramagem. O clic fez-se quando associei aquela visão a um pulmão. Se alguma vez você, caro leitor que espero um dia vir a ter, viu alguma gravura ou desenho das ramificações do pulmão humano, compreenderá esta associação.
Desde esse dia passei a estar mais atento às árvores. Umas são mais perfeitas, outras menos. A visão de um desses pulmões é para mim um momento de prazer pacífico. Dá para pensar como é que é possível surgirem coisas tão belas assim “por acaso”. Acho que este tipo de coisas são afagos de Deus, são evidências de que Deus é poeta, artista.
O último momento desses que tive no domingo passado. Ia para a missa, devia ser nove da manhã, e o sol ainda estava visível. Chovera muito de noite e por volta das oito caíra um peso de água considerável. Passando por um passeio onde normalmente ando deparo-me com a visão de uma pequena árvore, daquelas cujo nome desconheço, mas que sei que na Primavera antes de nascerem as folhas fica coberta de flores lilases/roxas ou brancas. Essa árvore para além dos ramos nus tinha em cada um deles uma gota de água. Foi uma bonita visão. Pareceu-me que aquelas gotas congelaram sem perderem a consistência aquosa.
Há uns anos descobri a minha. Ia no autocarro num dia frio, mas de céu azul, para o trabalho quando reparei numas árvores despidas de folhas. São árvores altas de farta ramagem. O clic fez-se quando associei aquela visão a um pulmão. Se alguma vez você, caro leitor que espero um dia vir a ter, viu alguma gravura ou desenho das ramificações do pulmão humano, compreenderá esta associação.
Desde esse dia passei a estar mais atento às árvores. Umas são mais perfeitas, outras menos. A visão de um desses pulmões é para mim um momento de prazer pacífico. Dá para pensar como é que é possível surgirem coisas tão belas assim “por acaso”. Acho que este tipo de coisas são afagos de Deus, são evidências de que Deus é poeta, artista.
O último momento desses que tive no domingo passado. Ia para a missa, devia ser nove da manhã, e o sol ainda estava visível. Chovera muito de noite e por volta das oito caíra um peso de água considerável. Passando por um passeio onde normalmente ando deparo-me com a visão de uma pequena árvore, daquelas cujo nome desconheço, mas que sei que na Primavera antes de nascerem as folhas fica coberta de flores lilases/roxas ou brancas. Essa árvore para além dos ramos nus tinha em cada um deles uma gota de água. Foi uma bonita visão. Pareceu-me que aquelas gotas congelaram sem perderem a consistência aquosa.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Quarto domingo do tempo comum – Ano B
Neste domingo o tema principal das leituras é o profetismo e os profetas. Na primeira leitura, do livro do Deuteronómio, é traçado o perfil de como deve ser o profeta, deve falar em vez de Deus sendo sempre fiel à Sua palavra e vontade. A Igreja vê nesta descrição a figura do Messias. Jesus é sem dúvida o Profeta perfeito e definitivo.
No Evangelho, do livro de São Marcos, vemos Jesus exercendo precisamente essa função de Profeta, como que inaugurando os novos tempos do Profetismo definitivo.
Jesus fala com autoridade e todos os que O ouve ficam maravilhados. O Profeta deve ser a presença de Deus entre o Seu povo, Jesus é exactamente isso. O Profeta deve guiar o povo, Jesus faz exactamente isso.
São Paulo como Apóstolo e Profeta de Jesus usa a sua função para esclarecer as comunidades a seu cargo. Na segunda leitura ele esclarece que há duas dimensões da vida cristão, que não são incompatíveis nem que uma é melhor que a outra, ele não faz juízos. Naquela época quem não casava era desconsiderado socialmente, São Paulo na primeira carta aos Coríntios, esclarece que quem não casa tem mais disponibilidade para Deus, ficando subentendido que é tão útil como constituir família.
Eu vejo nesta passagem de São Paulo um forte argumento a favor do celibato dos religiosos (homens e mulheres).
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