quarta-feira, 29 de abril de 2009

A minha caminhada pelos vales da desolação

Quando acabei o décimo segundo ano não consegui entrar na universidade. Foi o início de uma crise profunda que só consegui superar uns cinco anos depois. Entrei para um curso que me permitiu aprender informática (vital para a minha actual situação). Mas depois estive quatro anos em que só trabalhei uns oito meses. A procura do primeiro emprego foi muito difícil e do segundo ainda mais.

Andei muito perdido. Nessa altura se fosse um jovem da minha idade normal teria entrado num mundo perigoso. Felizmente não saía à noite, não tinha amigos que me pudessem levar a experiências com álcool ou drogas. Desejei alienar-me. Nos meus mergulhos a imaginação vivi vidas dessas. Observava o lado alienante dos marginais. Desejava ter uma vida diferente, de sucesso, de felicidade. Mergulhava nas novelas. Cheguei a pensar que a televisão era a minha melhor amiga. Ficava arrasado quando acabava uma telenovela. A minha vida não tinha mais nada de interesse excepto quando via a três diárias (ao meio-dia, no final da tarde e à noite).

Costumo dizer que a minha adolescência aconteceu mais tarde do que o normal. Enquanto os da minha idade andavam na universidade eu quase que enlouquecia em casa e rebentava-me o acne na cara. Esse sentimento de loucura aconteceu-me numa semana em que saí de casa para ir à missa e só voltei a sair na semana seguinte para voltar à missa. Ganhei medo de andar na rua, de procurar emprego. Foi difícil.

Numa tentativa de arranjar emprego na CP como revisor tive uma conversa interessante com uma psicóloga. No processo de recrutamento tínhamos que passar por uma entrevista com uma psicóloga. Falámos um pouco e eu disse-lhe que não encontrava nada de especial em mim, que queria ter algo de especial como tantos outros. Ela disse-me algo do género que nem todos temos coisas especiais, que a maioria não tem nada de especial onde se destaque. Devo confessar que não fiquei convencido. E ainda não estou convencido. Todos temos algo de especial, podemos é não desenvolver isso.

1 comentário:

Canela disse...

Olá;

Na minha opinião...

Todos nós temos algo de especil, todos sem nenhuma excepção.

Á capacidade de o ver, é que muda. O sol brilha de igual forma para todos, no entanto cada um de nós pinta-o de forma diferente.

A Paz de Cristo