sábado, 16 de outubro de 2010

Saltimbanco – Cirque du Soliel

Pronto, já regressei do espectáculo. Gostei. É um dos mais antigos da companhia em digressão. Os artistas são competentes e os números também. Tem bastante humor, ainda eficaz ao fim de dezoito anos de estrada.

Das quatro vezes que o circo veio a Portugal, só à primeira vez é que não fui. Já conhecia pela televisão e felizmente os espectáculos que vieram têm sido pouco transmitidos.

Os números com trapézio e elásticos foram espectaculares. Aqui ficam alguns vídeos. O primeiro é do duo de trapézio, um dos mais bem conseguidos do ponto de vista da imaginação e ousadia. Durante a apresentação só perto do fim é que percebi que elas tinha cabos de segurança. Realmente tinha achado estranho quando começam a balançar os colegas no chão terem retirado o colchão. No vídeo é lá para o minuto cinco.



A forma como este número acaba foi espectacular. Infelizmente não encontrei um vídeo de melhor qualidade.



Como é habitual, as duas partes principais de palhaços contam com a participação de espectadores. Neste número há mímica, humor, está claro, e beatbox. Aqui ficam os vídeos.











Para além do espectáculo fui vendo, antes e no intervalo, as pessoas e os técnicos do circo. Quanto aos técnicos senti alguma inveja. Eles não sobem ao palco, mas fazem parte do espectáculo. Já é a segunda vez que sinto este desejo que participar numa organização daquelas, a um grupo assim. Todos têm um papel a desempenhar. Acho graça aos operadores de holofotes que antes do começo sobem lá para cima e só saem no fim.

Desde criança que sempre gostei de circo, sobretudo a parte dos malabarismos e acrobacias. Os números com animais nunca me cativaram. É por isso que gosto tanto do Cirque du Soleil. A minha mãe diz que em pequeno eu dizia que queira ser palhaço. Não me lembro desse desejo. Lembro-me sim e querer ser trapezista, mas gordinho como era, e ainda sou, com pouco gosto pelo exercício físico não passei do sonho.

Por fim quero falar do reverso da medalha. Ao olhar para as pessoas, senti-me sozinho. Fui sozinho, não tenho com quem ir a estas coisas. Vi poucas pessoas sem companhia enquanto o espaço ia enchendo. Vi casais, famílias com crianças. Na fila à minha frente estava uma família com pais, filho adolescente e, acho eu, avós. Dei por mim a sentir tristeza por não ter o meu pai ao meu lado, tal como aquele miúdo tinha. Não consegui lembrar-me da última vez em que estivemos assim, se calhar nunca aconteceu. Chegámos a ir ao circo no Coliseu dos Recreios, quando era criança. Um dos males da doença dele é eu já tr dificuldade em lembrar-me como ele era antes. Tenho medo de vir a esquecer definitivamente.

Quando cheguei a casa, a minha mãe estava pouco disponível para ouvir-me falar do que vira e rira. Tem um peso tal em cima, que por vezes não consegue ver para lá disso.

Enfim, dei por bem gasto o dinheiro do bilhete, mas a minha vida não mudou por causa do espectáculo...

1 comentário:

Cristina Torrão disse...

Amigo Jota, você dedica-se tanto à sua família, que se esquece de si próprio. E os seus pais já se habituaram a isso(nomeadamente a sua mãe, pois o seu pai, segundo já entendi e infelizmente, não está mais em condições de pensar racionalmente).
Sei que a sua mãe tem um "grande peso em cima", mas, que tal dizer-lhe algo como:"Mãe, eu sinto-me sozinho e tenho grande necessidade de partilhar contigo aquilo que hoje vivi. Se não o fizer, sinto-me triste e ainda mais sozinho. Além disso, tenho a certeza que vais gostar. Precisamos os dois de uma mudança no nosso quotidiano e talvez esta conversa nos ajude a sentirmo-nos mais felizes."
Não será fácil, mas vá tentando.