quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Era uma vez...

… um reino algures no tempo e no espaço governado historicamente por duas famílias. A nação confiava nelas e lá iam tendo pão e diversão.

Por altura dos acontecimentos narrados nesta história as famílias eram chefiadas por líderes de bonito aspecto e de agradável prosa. Tinham sido feitos um para o outro. O povo desconfiava que dali viria boda. Mesmo se nem todos fossem convidados, haveria festa na certa. Já tinha havido uniões no passado, por isso não seria de esperar.

O tempo foi passando e a aproximação entre o casal foi acontecendo. Houve encontros a sós, no maior respeito. Houve desentendimentos. Houve pazes. Houve namoro na presença de alguém mais velho.

Finalmente por razões de conveniência e prudência iniciaram-se preparativos para a boda. Como condição para a efectiva união das duas famílias pelos laços da durabilidade e fiabilidade, o casal teria que gerar um rebento antes da conclusão do processo.

A nação ficou expectante. Perante o olhar atento de todos iniciaram-se os encontros. Um dos elementos do casal deslocava-se aos aposentos do outro para providenciarem o tão desejado fruto da sua união. Muitos populares e coscuvilheiros rondavam o palácio e conseguiam, alguns, penetrar nos corredores até perto dos aposentos. Aí viam o visitante entrar. Aí viam o visitante sair. Nada mais conseguiam apurar.

Os dias foram passando. Os encontros sucediam-se. Chegou o tempo de começar-se a saber se ia haver procriação ou não. A nação fervilhava de boatos e adivinhações. Algumas vozes clamavam por moralidade, onde já se viu os nubentes usufruírem das delícias sem a correspondente efectivação?

Certo dia um dos elementos do casal deixou o outro a esperar. Por razões que só lhe dizem respeito esperou algum tempo, mas teve que ir embora. Ficara subentendido que voltariam à habitual fruição no dia seguinte, mas isso não aconteceu. Desentenderam-se e a nação ficou horrorizada com o desenlace. Não ia haver rebento, as duas famílias não iriam unir-se em boda.

Membros de destaque de cada família ficaram com as gargantas seca de tanto esgrimirem acusações à outra parte. Vossas Excelências nunca desejaram este fruto. Não, Vossas Excelências é que estiveram de má fé. Vossas Excelências não cederam nada. Qual quê, Vossas Excelências impuseram posições não conformes.

O debate durou tempo demais sem necessidade. Havia quem desejasse fazer o rebento no lugar de um deles, até estava disposto a secretamente aceitar posições fora do comum, para o bem da nação, mas por uma ou outra razão ficaram fora da corrida. Ou eram conhecidos por não tomarem banho ou tinham assumido pouco tempo antes publicamente que não queriam intimidades com o elemento fecundador.

O rei doente que pouco tinha conseguido fazer para ajudar à geração deste rebento, nas vésperas de uma corrida às termas para rejuvenescer-se (era esse o seu secreto ensejo) deu um murro na mesa. Agravando a sua debilitada saúde exigiu uma solução. O rebento tinha que ser gerado.

E por isso, dias depois surgiu a notícia que o casal tinha usado inseminação artificial. Iria haver rebento. E a nação, como ficou?

Bem, isso é outra história...

Moral da história: O PS e o PSD não se entenderam para gerar o orçamento, mas este nascerá de qualquer forma, nem que seja em tubo de ensaio. Houve excitação sensual entre eles, mas não houve conclusão eréctil e libidinal, porque chegou-se à conclusão que tinham os mesmo órgãos reprodutores. A reprodução terá que ser feita através de barriga de aluguer ou um deles descobre-se hermafrodita. De qualquer das formas o rebento, o orçamento, será um pequeno grande ditador e a nação algures no tempo e no espaço sofrerá, talvez com menos pão e diversão mais cara.