sábado, 17 de abril de 2010

Análise, provavelmente errada, de algumas figuras políticas nacionais III

José Sócrates


Tem a seu favor o cuidado com a imagem. É um bom orador, provavelmente um dos melhores do últimos anos. É determinado, não cede facilmente. Tem vontade e ambição.

O discurso é bonito, mas falta-lhe substrato. O que a sua governação tem feito tem si à custa de muito esforço da sua vontade. O mesmo se aplica à história de vida. A imagem actual é de alguém que não gostava das condições em que nasceu, não gostava de ser como era e lutou, lutou e continua a lutar para mudar, mas luta para mostrar que mudou, não mudando.

Ele tentou repetir o tempo do cavaquismo e conseguiu somente igualar (talvez superar) o lado negativo. No fundo, por baixo do fato Armani, continua ser aquele José de fato com ténis, que tem circulado na net (mesmo que aquela fotografia seja falsa, neste caso diz a verdade, ou parte dela pelo menos).

Vejo como mais negativo o autoritarismo, a teimosia, o primado da imagem sobre o conteúdo.

No entanto acabo por ter pena dele. Tenha feito por merecer ou não, parece que existe uma entidade qualquer que o quer derrubar a todo o custo. Começou por ter uma boa imprensa. Nos primeiros tempos de governo houve episódios de trapalhadas, que no tempo do Santana Lopes levaram-no à queda do Governo, mas não saiu beliscado deles. Foi depois. Não me lembro porquê, talvez por a imprensa ter necessitado de um novo alvo, a boa imprensa acabou e tem sido desde então um massacre.

O povo português tem um gosto especial pelo trágico, pelo desgraçadinho, mas não me parece que ele vá ter outro mandato como Primeiro Ministro. Está demasiado desgastado.

3 comentários:

Alma peregrina disse...

Caro J:

Porquê o "provavelmente errada"? Num mundo em que toda a gente se acha no direito de opinar, muitas vezes baseando-se em preconceitos ignorantes, não vejo a sua análise como particularmente "errada". Pelo contrário, vejo uma apego objectivo aos factos que deveriam envergonhar a maioria dos opinion-makers que há por aí...

Há partes da sua análise com as quais não concordo, mas isso são matérias de opinião... no sentido em que você valoriza coisas que eu desvalorizo e em que eu desvalorizo coisas que você valoriza. Mas isso tem pouco a ver com a análise em si, que se encontra correcta.

Em suma, acho que você tem de deixar de se desvalorizar e ter mais confiança no que escreve e faz.

Pax Christi

jota disse...

Obrigado, Alma Peregrina, pela opinião. Realmente parece um pouco exagerado este título, mas ele reflecte algo bem profundo que tenho meditado nos últimos meses.

Quando escolhi a frase para definir este blog não tinha pensado muito no assunto, saiu-me simplesmente. Os adeptos da psicologia dirão que foi o subconsciente a falar. Talvez. O que acho é que reflecte uma atitude perante a vida que me é inata e que foi cultivada no meu crescimento.

Eu vejo esta atitude de desvalorização um mecanismo que tenho para não me levar muito a sério, já que tenha a tendência para dramatizar. Baixo as expectativas, que costumavam ser muito altas antes de escrever no blog.

Talvez esta seja a minha maneira, meio atabalhuada, de viver segundo o mandamento de Jesus: "quem se humilha, será exaltado" ou "os primeiros serão últimos e os últimos os primeiros". Não tenho a certeza, mas acho que São Paulo liz algures que devemos considerar os outros superiores a nós. É esta a minha forma. Talvez erre ao tornar isso tão evidente, tão claro.

Muito obrogado pela visita e opinião, tanto aqui como no seu blog tenho encontrado motivos de meditação e novos conhecimentos.

j

jota disse...

Oops, queria dizer "obrigado" e não "obrogado".