Há vários anos que me debato com a dúvida: devia seguir a vida de sacerdócio ou religiosa, ou não? Como já disse, ou penso ter dito anteriormente, acho que já passou a altura para ir por aí. É claro que há histórias de vocações tardias, mas se neste momento alguém me propusesse: vem para o seminário; e teria que recusar.
Começando pela razão mais fácil de dar, digo que os meus pais precisam de mim. O meu pai com Alzheimer, a minha mãe cuidando dele 24 horas sobre 24 e não indo para nova. Ambos estão dependentes de mim, não tanto para lhes ajudar no dia a dia (embora se o meu pai deixasse, eu poderia ajudar muito mais) mas como um apoio para os momentos difíceis. Nunca senti esta responsabilidade como um peso (talvez só nos momentos de depressão, mas esses não contam), cada vez mais encaro-a como um acto de amor. O que seria deles sem mim? Sou eu trato das relações com o banco, com as finanças, com a farmácia. Cada dia que passa vejo a minha mãe a entender cada vez menos as notícias que ouve e vê na comunicação social. Se eu não estivesse perto para explicar-lhe o que seria dela? Mesmo assim fica alarmada...
(Há uma sensação que tenho e que me preocupa. Vivermos num mundo repleto de informação. Já repararam na quantidade de mal-entendidos que acontecem? Com minha mãe isso acontece de vez em quando. Até que ponto a comunicação social está a ser clara na exposição do que comunica?)
Outra razão para ficar como estou é a minha convicção de ser incapaz de ser um bom orador. Admito ter facilidade em escrever, mas a facilidade fica por aí. Dizer o mesmo oralmente afigura-se-me impossível. Na escola sempre foi um tormento para mim ler em voz alta. E expor opiniões? Pavoroso. Fico logo desconfortável, corado (mesmo se não for visível, fico com calor na cara). Só de pensar nisso já estou a ficar com as maçãs do rosto quentes. Enfim, esta minha timidez, acanhamento, mazela psicológica, torna-me num péssimo candidato ao sacerdócio? Talvez por isso a ideia de ficar fechado num mosteiro seja mais atraente.
Pode-se dizer que para ser sacerdote não são as nossas qualidades ou defeitos que contam, mas sim o nosso amor a Jesus. Aí está outra razão. Sinto que o meu amor a Deus não é o suficiente para tal. Tenho feito uma caminhada de crescimento. A minha abordagem à fé teve que ser pelo lado intelectual. O meu caminhar é lento e cheio de dificuldades. Não sou uma pessoa de paixões, apaixonada ou apaixonante. Isto parece entrar em contradição com a minha reflexão da Quaresma passada. Uma das minhas tentações é querer ser perfeito, ser reconhecido, ser amado. É o oposto daquilo que se espera de um sacerdote, que deverá ser alguém disposto a amar se reconhecimento, que se entregue ao serviço.
Todas a três razões podem ser facilmente combatidas. As três juntas e mais alguma preguiça, arrogância, muito egoísmo, falta de fé e a ilusão de que através da escrita compense este meu não, eu justifico perante mim próprio o persistir neste caminho.
Normalmente quando chego a este ponto no raciocínio paro e entrego nas mãos de Deus o meu passado, presente e futuro. A Ele nada é impossível e quem sou eu para deslindar o mistério que o projecto Dele para todos nós. Vai na volta Ele quer que eu seja exactamente isto que sou. O que tenho que fazer é mudar a perspectiva de análise da questão. Na minha vida actual, sou ou não fiel a Deus? Até que ponto nesta existência monótona e apagada Ele é o centro?
Começando pela razão mais fácil de dar, digo que os meus pais precisam de mim. O meu pai com Alzheimer, a minha mãe cuidando dele 24 horas sobre 24 e não indo para nova. Ambos estão dependentes de mim, não tanto para lhes ajudar no dia a dia (embora se o meu pai deixasse, eu poderia ajudar muito mais) mas como um apoio para os momentos difíceis. Nunca senti esta responsabilidade como um peso (talvez só nos momentos de depressão, mas esses não contam), cada vez mais encaro-a como um acto de amor. O que seria deles sem mim? Sou eu trato das relações com o banco, com as finanças, com a farmácia. Cada dia que passa vejo a minha mãe a entender cada vez menos as notícias que ouve e vê na comunicação social. Se eu não estivesse perto para explicar-lhe o que seria dela? Mesmo assim fica alarmada...
(Há uma sensação que tenho e que me preocupa. Vivermos num mundo repleto de informação. Já repararam na quantidade de mal-entendidos que acontecem? Com minha mãe isso acontece de vez em quando. Até que ponto a comunicação social está a ser clara na exposição do que comunica?)
Outra razão para ficar como estou é a minha convicção de ser incapaz de ser um bom orador. Admito ter facilidade em escrever, mas a facilidade fica por aí. Dizer o mesmo oralmente afigura-se-me impossível. Na escola sempre foi um tormento para mim ler em voz alta. E expor opiniões? Pavoroso. Fico logo desconfortável, corado (mesmo se não for visível, fico com calor na cara). Só de pensar nisso já estou a ficar com as maçãs do rosto quentes. Enfim, esta minha timidez, acanhamento, mazela psicológica, torna-me num péssimo candidato ao sacerdócio? Talvez por isso a ideia de ficar fechado num mosteiro seja mais atraente.
Pode-se dizer que para ser sacerdote não são as nossas qualidades ou defeitos que contam, mas sim o nosso amor a Jesus. Aí está outra razão. Sinto que o meu amor a Deus não é o suficiente para tal. Tenho feito uma caminhada de crescimento. A minha abordagem à fé teve que ser pelo lado intelectual. O meu caminhar é lento e cheio de dificuldades. Não sou uma pessoa de paixões, apaixonada ou apaixonante. Isto parece entrar em contradição com a minha reflexão da Quaresma passada. Uma das minhas tentações é querer ser perfeito, ser reconhecido, ser amado. É o oposto daquilo que se espera de um sacerdote, que deverá ser alguém disposto a amar se reconhecimento, que se entregue ao serviço.
Todas a três razões podem ser facilmente combatidas. As três juntas e mais alguma preguiça, arrogância, muito egoísmo, falta de fé e a ilusão de que através da escrita compense este meu não, eu justifico perante mim próprio o persistir neste caminho.
Normalmente quando chego a este ponto no raciocínio paro e entrego nas mãos de Deus o meu passado, presente e futuro. A Ele nada é impossível e quem sou eu para deslindar o mistério que o projecto Dele para todos nós. Vai na volta Ele quer que eu seja exactamente isto que sou. O que tenho que fazer é mudar a perspectiva de análise da questão. Na minha vida actual, sou ou não fiel a Deus? Até que ponto nesta existência monótona e apagada Ele é o centro?
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