Tenho tido... não sei como definir... alguns interesses estéticos por raparigas que se cruzam comigo no autocarro. Pelo menos quando andava de manhã no autocarro. A primeira que me despertou o interesse devia ser uma estudante universitária que estava cá em Lisboa a estudar, mas ao fim-de-semana voltava à terra. Como sei isto? Todas as sexta-feiras ela vinha com uma mochila de viagem, que não usava nos outros dias. Tive pena quando deixei de vê-la no autocarro. Acabei por usar alguns aspectos dela numa personagem que criei para um história minha.
Existiram outras, mas aquela foi a paixoneta platónica mais forte. Cheguei a imaginar-me a ter um livro pronto e publicado e dar-lho, mesmo antes de sair na minha paragem, com uma dedicatória apaixonada.
Actualmente algo parecido está a passar-se, mas sem a componente autocarro. Tenho encontrado uma rapariga no meu trajecto a pé para o trabalho mais ou menos no mesmo sítio. Já consegui perceber para que lado ela vai e também de onde vem. Esta tarefa de tentar descobrir informações de pequenos indícios é apaixonante.
Uma das coisas que me está a causar problemas é como devo encará-la. Ela caminha de uma forma segura, olhando em frente, sinto que olha para mim. E o que tenho feito? Desvio o olhar. O pior é que essa desculpa de que há algo de interessante para ver é fraca, já que a zona onde nos cruzamos não tem nada para prender o olhar.
Quando desvio o olhar sinto-me mal. Cobarde, estúpido, sujo. Vejam lá, sujo! O meu estado depressivo não precisava destas coisas.
Continua
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