quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Do Amor III

Tenho tido... não sei como definir... alguns interesses estéticos por raparigas que se cruzam comigo no autocarro. Pelo menos quando andava de manhã no autocarro. A primeira que me despertou o interesse devia ser uma estudante universitária que estava cá em Lisboa a estudar, mas ao fim-de-semana voltava à terra. Como sei isto? Todas as sexta-feiras ela vinha com uma mochila de viagem, que não usava nos outros dias. Tive pena quando deixei de vê-la no autocarro. Acabei por usar alguns aspectos dela numa personagem que criei para um história minha.

Existiram outras, mas aquela foi a paixoneta platónica mais forte. Cheguei a imaginar-me a ter um livro pronto e publicado e dar-lho, mesmo antes de sair na minha paragem, com uma dedicatória apaixonada.

Actualmente algo parecido está a passar-se, mas sem a componente autocarro. Tenho encontrado uma rapariga no meu trajecto a pé para o trabalho mais ou menos no mesmo sítio. Já consegui perceber para que lado ela vai e também de onde vem. Esta tarefa de tentar descobrir informações de pequenos indícios é apaixonante.

Uma das coisas que me está a causar problemas é como devo encará-la. Ela caminha de uma forma segura, olhando em frente, sinto que olha para mim. E o que tenho feito? Desvio o olhar. O pior é que essa desculpa de que há algo de interessante para ver é fraca, já que a zona onde nos cruzamos não tem nada para prender o olhar.

Quando desvio o olhar sinto-me mal. Cobarde, estúpido, sujo. Vejam lá, sujo! O meu estado depressivo não precisava destas coisas.


Continua

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