terça-feira, 6 de outubro de 2009

Do Amor II

Só reparei verdadeiramente numa rapariga como alvo do meu desejo no meu primeiro emprego. Ela foi atenciosa para mim e num certo dia trazia uma blusa que no decote tinha uns cordéis que não estavam a apertar muito. Nessa altura percebi que tinha uma falha no meu crescimento. Não passara pelo tempo dos namoricos, da aprendizagem da abordagem, das humilhações e dos sucessos, dos beijos e enlevos. Antes de ter tempo para descobrir uma forma de avançar, descobri que tinha namorado e poucos tempo depois saiu da empresa. Nesse mesmo emprego ainda gostei de outra rapariga, mas acabei por desistir por o encanto ter passado.

Parece-me que só poderei ter um relacionamento amoroso com quem eu tenha uma convivência prolongada. O que vai contra uma formatação que tenho. O meu ideal romântico foi formatado pelo livro Os Maias. Para o mal e a para o bem, este é o livro da minha vida. Estou sempre à espera de encontrar a minha deusa descendo do céu caminhando pelas nuvens. Aquelas inúmeras páginas que separam o primeiro encontro entre o Carlos e a Maria Eduarda à entrada do Hotel e a declaração de amor entre eles, moldou-me a visão do amor romântico de tal maneira que tal tenha me fechado o coração e a visão para outras possibilidades.

Pode ser por isso ou porque simplesmente sou uma pessoa extremamente introvertida, com uma educação fechada, sem amizades profundas, sem convívio com pessoas da minha idade. Pode-se ter ganho um escritor, mas perdeu-se uma pessoa popular, aberta, quem sabe até o fundador de uma grande família.


Continua

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