quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Burrice



Hoje de manhã sentia-me burro ou dumb como a cantiga dos Nirvana.

Nesta semana, no trabalho, tem sido altura de trabalhar a revisão do orçamento deste ano e preparar o do próximo ano. Tem sido trabalho de sapa. Ver se os directores preencheram os ficheiros na integra e com valores aceitáveis; preparar ficheiros de resumo para serem analizados pelos directores, para posteriormente (ou seja amanhã) ser mostrado aos patrões franceses as linhas gerais do budget (como se diz lá na empresa, é isso e LE de latest estimate).

Na terça feira saí as oito da noite e ontem também. Onde está a minha burrice? Na terça avisei a minha mãe que chegava mais tarde, ontem não. Ela começou a ver que eu não chegava nem dava sinais de vida começou a ficar preocupada. Telefonava-me que dava sempre sinal de impedido. Quando telefonei às oito foi o meu pai que atendeu, pensando que eu era o irmão e dizendo que a minha mãe tinha ido à minha procura (isso ela não iria fazer sozinha, levaria sempre o meu pai com ela). Liguei para uma vizinha e nesse momento a minha mãe estava a falar com alguém lá de casa. A minha mãe tinha ido pedir ajuda ao um outro vizinho em quem mais confiança.

Ela apanhou uma carga de nervos, ficou doente para a noite e para hoje e eu senti-me muito mal por não ter telefonado mais cedo a avisar que ficava até mais tarde (apesar de não receber horas extraordinárias).

Porquê que ela não conseguiu fazer a ligação? Estou convencido que estava a marcar os números mal, faltando um. Só pode ser essa a explicação. Tenho que comprar um telefone com memória e mostrador.

A minha mãe tem pânico de ficar sozinha no mundo com o meu pai. Ela tem uma dependência tal de mim que me chocou e começa a pesar. Estamos isolados da restante família, quer física quer familiarmente (não vou explicar isso aqui, no lado materno não temos relação nenhuma de amizade com ninguém e do lado paterno há alguma amizade, mas distante). As circunstâncias da fizeram com que ficássemos isolados.

As minha colegas da sala, ao verem-me em baixo, ouviram-me, consolaram somente com a sua atenção e disseram que a minha mãe está a sobrecarregar-me com responsabilidades que não devia ter, que devíamos analizar a nossa vida para perceber como é que ficámos assim tão isolados.

Para desanuviar deixo-vos mais uma música dos Nirvana.


3 comentários:

Canela disse...

Nunca é tarde, para uma reaproximação com a familia!

Já pensou na possibilidade de um Centro de dia para os seus pais?

Durante o dia, estão com pessoas da mesma idade, há quem vá dando atenção, cuidados. A sua mãe deixava de ter o peso de ter que fazer as refeições, ao mesmo tempo que convivia com outras senhoras.

Terá de avaliar a situação, mas peça ajuda (talvez no centro de saude, com o médico de familia).

Ao fim do dia, estariam os 3 reunidos novamente. Os seus pais deixavam de se sentirem tão isolados (é apenas a minha opinião).

Coragem!

(não é burrice, foi apenas um esquecimento. Todos temos.)

jota disse...

Obrigado, Canela, pelo apoio e pelos conselhos.

Nunca pensei na hipótese do centro de dia para os dois, porque a minha mãe sempre foi e é "dona de casa". Não a vejo ir passar o dia para um centro de dia e deixar a casa. E o principal motivo de preocupações e canseiras continuaria por perto, o meu pai.

Já pensei e até pesquisei na net pedir ajuda a um empresa especializada. Talvez falte-me a coragem para dar o primeiro passo. Mas vai ter que ser um dia...

Canela disse...

Penso que o melhor é começar por falar com o médico de familia/ assistente que habitualmente segue o seu pai.

Apenas começar por falar, expor-lhe as suas dificuldades, medos e angustias (todo o seu peso), pedir que lhe dê algumas sugestões (se as houver).

Força.