Isto de ter um doente de Alzheimer em casa é muito fatigante. Ainda por cima porque o meu pai não me deixa fazer nada a ele para ajudar a minha mãe. Ele está em constante conflito comigo.
Não me deixa medir os diabetes, pôr-lhe os pingos na vista, dar-lhe xarope ou qualquer coisa que seja para comer ou beber. E para aceitar tem que ser à custa de muita persuasão e paciência.
Não me deixa ajudá-lo a vestir-se, pois tem alguma dificuldade por vezes. Não aceita nada do que digo, por mais inocente e simples que seja. Tudo o que digo é mentira.
Vive no passado. Muitas vezes sou o irmão e como este não foi à escola, eu sou um burro. Quando me vê faz uma de duas coisas: chama-me nomes usando palavras estranhas (alfaquete é a mais usada), por vezes com adjectivos inesperados (extraordinário, por exemplo).
Como a cabeça dele não funciona bem, tem acontecido molhar-se com urina cada vez que vai à casa de banho. Comprei-lhe umas fraldas cuecas. Pois não descansou enquanto não as despiu.
Hoje cuspiu-me água quando eu estava a arrumar a mesa de jantar. Ah, a água é outro problema e luta. Ele tem os rins bastante doentes, devia beber muita água, já que a diálise seria um pesadelo ainda maior, pois diz que não tem sede.
Peço desculpa pela lamuria, mas precisava falar. E nem disse metade.
1 comentário:
Como te compreendo!
Vivi um pesadelo um pouco parecido.
Há uma brochura que se chama: 'Alzheimer na família' dos laboratórios Pfizer que talvez te ajude, talvez algum profissional da saúde ta faculte.
Muita força!
Bjs
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