quarta-feira, 9 de junho de 2010

Raiva



No filme Se7en a personagem do Brat Pitt na opinião do psicopata representava o pecado capital da Ira. Hoje estou num estado psíquico que me faz sentir próximo dele. A raiva é algo que vive em mim. Quem convive comigo deve ficar admirado com esta afirmação. De aparência e estilo de vida sou um exemplo de calma, mas cá dentro vive um furação de raiva e frustrações.



Por a raiva ser um estado quase permanente, não acredito na eficácia da catarse. Não acredito nos cuidados paliativos que vêm das pausas de descompressão, das quebras na rotina, nos divertimentos, nos momentos bem passados. Tudo isto alivia, mas não cura. Eu não quero sentir raiva, irritar-me tão facilmente como às vezes acontece. Quero viver de uma forma simples, sem medos.



Uma grande parte da sociedade sobrevaloriza o orgasmo. O prazer não anula a raiva. O momento não compensa a eternidade.

Felizmente a raiva, como tudo em mim, é cíclica. Nem sempre tem os níveis de hoje. Uma parte dela, sei de onde vem. A doença do meu pai. Hoje estou assim porque tive que alterar um pouco da minha rotina para evitar encontrar o meu pai na cozinha. Agora se lhe dirijo a palavra é motivo para todo o tipo de insultos. Não posso dizer para fazer uma pequena coisa, que começa a chamar-me nome, já não há limites. Tantos travões que tenho que ter para não o agredir, fosse um estranho e o furação rugiria bem alto. Onde está a caridade?



Mas sou humano. Sou fraco e a música serve de anestesia. Hoje tem sido esta a minha banda sonora. A raiva dos outros alivia-me e o desabafo também.

Espero que não vos contagie.

2 comentários:

Canela disse...

Desculpe a intromissão... isso não é fraqueza, é desgaste psicológico!

Cuidado! Precisa urgentemente de procurar ajuda para si e para o seu pai, não é brincadeira!!!!

jota disse...

Não é preciso pedir desculpa. Obrigado pela intromissão.