segunda-feira, 10 de maio de 2010

Em contra-ciclo

Eu sou benfiquista, mas estou afastado o futebol.

No final da adolescência passei por uma fase em que acompanhava os jogos do Benfica pela televisão com entusiasmo. Por azar nunca foi campeão nessa época. Cheguei a um ponto em que ficava de rastos com as derrotas. Desisti.

Outro motivo é a ética distorcida que existe no futebol. Não me agradava ver a minha equipa ganhar com falta simuladas, com jogadores violentos, com polémicas, com dúvidas sobre a honestidade dos intervenientes. Desisti.

Agora não vejo os jogos por medo que a obsessão regresse, prefiro manter-me tranquilo e saber o resultado no fim, e por superstição, pois ultimamente quando via um jogo o Benfica perdia. Não estou para sofrer, já tenho motivos aos quais não posso fugir que chegue.

Nesta linha, não me senti motivado para festejar a vitória de ontem. Vi a festa na televisão. Achei bem terem dado os troféus do campeonato no final do jogo. Achei mal os desacatos, o mau perder.

Mais uma vez notei uma característica minha, que me desgosta. Ando sempre em contra-ciclo com a humanidade que me rodeia. Andam a festejar e eu ando anestesiado. Por vezes quando chove e toda a gente desespera, ando alegre. Tenho medo de só ficar contente com as desgraças dos outros. Faz-me lembrar esta música:

http://www.youtube.com/watch?v=zdodc1Eu1nA

E não se pense que é só com o futebol, não consigo sentir-me entusiasmado com a visita do Papa. Tento imaginar que estou na cidade de Roma quando Pedro entrou lá pela primeira vez. Ou que estou numa das cidades evangelizadas por Paulo e ele chega para nos visitar. É essa a alegria que queria sentir. É esse o significado da visita desta semana.

E eu?

Anestesiado.

Entorpecido.

Apático.

Morto por dentro.

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