Nesta semana e na próxima estarei a gozar um período de descanso no emprego à conta das horas extra que trabalhei e não me foram pagas. Não tenho grandes planos para estes dias, excepto caminhar antes do almoço e escrever de tarde ou noite.
Hoje fui fazer a tal caminhada. Foi uma hora bem andada, devo ter andado mais de cinco quilómetros. Gostei. O dia estava agradável para caminhadas.
Já perto de casa, talvez a um quilómetro, encontrei espalhados no passeio uns sete ou oito livros. Alguns já tinham as capas descoladas do corpo e estavam alguns molhados. Para meu espanto estava à vista um livro que me fez parar, era o Livro de Cesário Verde. Como é possível alguém deitar fora este livro?
É claro que o trouxe comigo. Tenho um livro com alguns poemas dele, mas não o compêndio de todos, ou quase todos. Trouxe outro, também. É um Compêndio de Filosofia. Este livro foi um livro escolar. No interior vem a dizer que era para o 6º e 7º anos. A data de impressão é de 1970.
No chão ficaram dois ou três livros de Inglês, não percebi bem, um sobre transacções bancário e outro sobre sexualidade. Todos livros escolares, ao que me pareceu. Não me lembro se havia mais algum.
Agora estou arrependido de não ter fixado o nome da dona de um deles. Esse tinha o nome da proprietária. O Compêndio tem uma rubrica, mas não consigo identificar o que significa. Ele foi um livro de estudo pois está sublinhado e há uma ou outra anotação, sobretudo no início do livro, correspondendo ao 6º ano. O Livro de Cesário Verde tem uma nota à edição de 1977. Não faço ideia se no final da década de setenta ainda havia 6º e 7º anos, correspondendo aos actuais 10º e 11º anos. Se ainda era a denominação antiga, então poderão ter pertencido ao mesmo estudante.
Desde que trouxe os livros tenho estado a imaginar a história deles. Um foi manuseado há mais de trinta anos, o Compêndio, cheira a biblioteca. Terá ficado numa prateleira este tempo todo. O Livro de Cesário Verde tem um cheiro agradável, quase perfume, talvez tenha estado também numa biblioteca, mas como veio parar à rua? Outra curiosidade deste livro de poemas é que parece que não foi lido, as folhas não estão muito separadas junto à lombada.
O que terá acontecido? O dono morreu e estes livros estavam fora da biblioteca e acabaram no lixo? Quem estudou neles deve estar entre os quarenta e os cinquenta anos. Terá deixado estes livros na casa dos pais e agora que eles morreram ou foram para um lar, a casa foi desocupada indo estes livros parar à rua? Um divórcio?
Se estes livros vieram para a rua, foi porque algo mudou na vida do dono. Mudança de casa. Morte do próprio ou dos depositários. Separação de casal e alguns restos ficaram para trás. Livros que passaram de pais para filhos e estes agora desfizeram-se deles...
O mais grave dos abandonos é o de pessoas, crianças no topo, depois vem os animais e de seguida os livros. Como é possível alguém deitar fora livros? Mesmo escolares. Há bibliotecas capazes de os receber. Este acto de abandono também reflecte um pouco a mentalidade de quem o fez.
Hoje fui fazer a tal caminhada. Foi uma hora bem andada, devo ter andado mais de cinco quilómetros. Gostei. O dia estava agradável para caminhadas.
Já perto de casa, talvez a um quilómetro, encontrei espalhados no passeio uns sete ou oito livros. Alguns já tinham as capas descoladas do corpo e estavam alguns molhados. Para meu espanto estava à vista um livro que me fez parar, era o Livro de Cesário Verde. Como é possível alguém deitar fora este livro?
É claro que o trouxe comigo. Tenho um livro com alguns poemas dele, mas não o compêndio de todos, ou quase todos. Trouxe outro, também. É um Compêndio de Filosofia. Este livro foi um livro escolar. No interior vem a dizer que era para o 6º e 7º anos. A data de impressão é de 1970.
No chão ficaram dois ou três livros de Inglês, não percebi bem, um sobre transacções bancário e outro sobre sexualidade. Todos livros escolares, ao que me pareceu. Não me lembro se havia mais algum.
Agora estou arrependido de não ter fixado o nome da dona de um deles. Esse tinha o nome da proprietária. O Compêndio tem uma rubrica, mas não consigo identificar o que significa. Ele foi um livro de estudo pois está sublinhado e há uma ou outra anotação, sobretudo no início do livro, correspondendo ao 6º ano. O Livro de Cesário Verde tem uma nota à edição de 1977. Não faço ideia se no final da década de setenta ainda havia 6º e 7º anos, correspondendo aos actuais 10º e 11º anos. Se ainda era a denominação antiga, então poderão ter pertencido ao mesmo estudante.
Desde que trouxe os livros tenho estado a imaginar a história deles. Um foi manuseado há mais de trinta anos, o Compêndio, cheira a biblioteca. Terá ficado numa prateleira este tempo todo. O Livro de Cesário Verde tem um cheiro agradável, quase perfume, talvez tenha estado também numa biblioteca, mas como veio parar à rua? Outra curiosidade deste livro de poemas é que parece que não foi lido, as folhas não estão muito separadas junto à lombada.
O que terá acontecido? O dono morreu e estes livros estavam fora da biblioteca e acabaram no lixo? Quem estudou neles deve estar entre os quarenta e os cinquenta anos. Terá deixado estes livros na casa dos pais e agora que eles morreram ou foram para um lar, a casa foi desocupada indo estes livros parar à rua? Um divórcio?
Se estes livros vieram para a rua, foi porque algo mudou na vida do dono. Mudança de casa. Morte do próprio ou dos depositários. Separação de casal e alguns restos ficaram para trás. Livros que passaram de pais para filhos e estes agora desfizeram-se deles...
O mais grave dos abandonos é o de pessoas, crianças no topo, depois vem os animais e de seguida os livros. Como é possível alguém deitar fora livros? Mesmo escolares. Há bibliotecas capazes de os receber. Este acto de abandono também reflecte um pouco a mentalidade de quem o fez.
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